O Partido Trabalhista apresentou uma emenda com o objetivo de impedir a possibilidade de deixar a União Europeia sem um acordo e ao mesmo tempo dar ao Parlamento um voto sobre as opções para desbloquear o caminho a seguir. Entre essas opções deve figurar uma união aduaneira permanente com a UE e um segundo referendo sobre o Brexit.."A primeira-ministra recusa mudar as suas linhas vermelhas ou retirar a ameaça de uma saída sem acordo. Os deputados devem agora agir para acabar com o impasse. A nossa emenda permitirá que os parlamentares votem em opções para terminar este impasse do Brexit e prevenir o caos de um não acordo", disse o líder trabalhista, Jeremy Corbyn, numa declaração..Os deputados vão debater e votar os próximos passos a dar no dia 29 de janeiro e, antes disso, podem apresentar emendas ao plano do governo. As emendas podem alterar por completo o caminho planeado pelo governo. Cabe ao presidente do Parlamento, John Bercow, escolher as emendas apresentadas..Quem esperava uma renovada Theresa May pode ter sido levado ao engano durante o início do discurso proferido na Câmara dos Comuns, na segunda-feira. Na sequência do voto que rejeitou, na semana passada, o seu acordo com Bruxelas, afirmou que era claro que "a abordagem do governo tinha de mudar". E disse que o fez, ao estabelecer conversas com os líderes dos outros partidos, sem pré-condições, e que estas iriam continuar nos próximos dias..No entanto, a mesma primeira-ministra que mostrou abertura para com a oposição - ao fim de dois anos e meio, como a mesma oposição lembrou - acabou por fechar as opções a duas: ou a saída desordenada do Reino Unido ou ao seu plano derrotado com novas garantias relativas ao mecanismo de salvaguarda.."Os deputados desta câmara, predominantemente, mas não só, nas bancadas do governo e do DUP [unionistas], continuam a manifestar a sua preocupação com a questão do backstop da Irlanda do Norte. Apesar das alterações que acordámos anteriormente, subsistem duas questões fundamentais: o receio de que possamos ficar presos nele permanentemente; e preocupações quanto ao seu potencial impacto na nossa União se a Irlanda do Norte for tratada de forma diferente do resto do Reino Unido", disse.."Esta semana irei falar de forma mais aprofundada com os meus colegas - incluindo os do DUP - sobre a forma como poderemos cumprir as nossas obrigações para com os cidadãos da Irlanda do Norte e da Irlanda de uma forma que possa granjear o maior apoio possível neste Parlamento. E depois levarei de volta à UE as conclusões dessa discussão", anunciou..Além desta questão - que levou, por exemplo, na véspera da votação, os presidentes do Conselho e da Comissão a escreverem uma carta conjunta a clarificarem que "a UE não quer ver o mecanismo de salvaguarda a entrar em vigor", terminou o discurso com a identificação de três mudanças pela sua parte.."Em primeiro lugar, seremos mais flexíveis, abertos e inclusivos no futuro, na forma como envolvermos o Parlamento na nossa abordagem à negociação da nossa futura parceria com a União Europeia. Em segundo lugar, integraremos a maior proteção possível dos direitos dos trabalhadores e do ambiente. E, em terceiro lugar, trabalharemos para identificar a forma de assegurar que o nosso compromisso de não criar uma fronteira física na Irlanda do Norte e na Irlanda possa ser cumprido de forma que mereça o apoio desta câmara e da União Europeia."."Ao fazê-lo - concluiu - honraremos o mandato do povo britânico e deixaremos a União Europeia de uma forma que beneficie todas as partes do nosso Reino Unido e todos os cidadãos do nosso país.".Antes, Theresa May repetiu mais uma vez que não quer pedir a extensão do prazo de saída nem quer trair o voto dos eleitores ao convocar um segundo plebiscito..Dublin rejeita limitar backstop.A ideia de que a UE esteja aberta a mudanças no sensível tema do backstop parece morta à partida. À proposta do ministro dos Negócios Estrangeiros polaco, Jacek Czaputowicz, em limitar até cinco anos a ativação do mecanismo de salvaguarda, o homólogo Simon Coveney respondeu com uma clara rejeição.."Deixei bem claro que estabelecer um limite de tempo para um mecanismo de garantia, é isso que é o backstop, significa efetivamente que não é de todo um backstop. Não creio que isso reflita o pensamento da UE em relação ao acordo de saída", disse o ministro irlandês em Bruxelas..De Bruxelas pouco mais se ouviu. Um porta-voz disse aos jornalistas: "Não procurem respostas em Bruxelas. Agora é o momento para Londres falar, não nós." Na mesma linha comentou o negociador-chefe da UE para o Brexit, Michel Barnier. "Cabe agora aos políticos britânicos construir uma maioria estável e positiva para um acordo, pelo que esperamos pelas próximas etapas por parte do governo britânico", disse o francês.