Com o fim da União Soviética à vista, em 1990, o Partido Comunista Português dava sinais de mudança na liderança, com o histórico Álvaro Cunhal ainda a ser líder mas com o caminho do futuro a ser preparado. "Carvalhas 'delfim' de Cunhal e Vital demite-se do PCP" foi o título principal da primeira página do Diário de Notícias em 21 de maio de 1990..Carlos Carvalhas ascendia ao cargo de secretário-geral adjunto e era de facto o delfim de Cunhal, já que em 1992 tornar-se-ia líder do partido, cargo que ocupou até 2004..A nomeação ocorreu no XIII Congresso Extraordinário, que decorreu em Loures. Mas tal não significava ventos de mudança ideológica no PCP: Cunhal avisava os críticos que não poderiam "impor as suas opiniões quando o partido não as aceita"..Vital Moreira demitiu-se nesse mesmo dia, interpretando o discurso de Cunhal como a certeza de que era possível "alimentar qualquer esperança de renovação no interior do partido". Nos meses seguintes aconteceriam mais demissões do partido..Os tempos de mudança eram ainda explicados na reportagem do enviado a Bucareste, com a Roménia a viver eleições livres após a queda de Ceausescu. Os romenos aderiram em massa com uma participação a rondar os 90%.