O Sevilha é um papa-títulos mas o Inter quer quebrar jejum de 10 anos
Se a tradição tivesse algum peso no futebol, o Sevilha podia ser declarado antecipadamente o vencedor da edição 2019-20 da Liga Europa, cuja final se realiza nesta sexta-feira em Colónia (Alemanha) e colocará frente a frente o emblema espanhol e os italianos do Inter Milão (20.00, na SIC). Um jogo decisivo que, devido ao contexto de pandemia, será realizado sem público nas bancadas.
A Taça UEFA/Liga Europa já foi conquistada por 28 equipas diferentes - e 13 venceram o troféu duas ou mais vezes. Mas o Sevilha é precisamente o clube com mais taças no museu, com um total de cinco títulos. E com a particularidade de ter ganho todas as finais que disputou, três delas em anos consecutivos, entre 2013 e 2016, e todas já neste milénio.
O Inter Milão está também no pódio dos clubes com mais troféus conquistados nesta prova, um total de três (os mesmas que Juventus, Liverpool e At. Madrid), em 1990-91, 1993-94 e 1997-98. Foi ainda finalista vencido na edição de 1996-97 e está em jejum na Europa há precisamente dez anos.
O último título europeu dos italianos, neste caso a Liga dos Campeões, foi assegurado em maio de 2010, quando a equipa então orientada por José Mourinho venceu na final da competição milionária o Bayern Munique, por 2-0, com dois golos de Milito. Ou seja, os nerazzurri vão tentar nesta sexta-feira colocar um ponto final num jejum europeu que dura há dez anos.
O Sevilha está há 20 jogos sem perder em todas as competições, tendo vencido oito dos últimos nove desafios e chega em boa forma a esta final. Os espanhóis impressionaram no triunfo sobre a AS Roma de Paulo Fonseca, tendo depois mostrado paciência e determinação para eliminar o Wolverhampton e o Manchester United. A experiência que têm nesta competição é um trunfo suplementar.
O Inter Milão é um adversário de respeito, uma equipa mais habituada a estar presente na Champions, que assenta a sua principal força numa defesa muito sólida (um golo sofrido nos últimos sete jogos), e que conta no ataque com o internacional belga Romelu Lukaku, que marca há dez jogos consecutivos na Liga Europa, e ainda com Lautaro Martínez, o carrasco do Shakhtar Donetsk nas meias-finais. Juntos, Lukaku e Lautaro somam 54 golos. Caso marque um golo na final desta sexta-feira, o belga iguala o registo de Ronaldo Fenómeno na sua primeira temporada no Inter, com um total de 34 golos numa só época.
No banco vão estar dois treinadores com estilos diferentes e que procuram ambos o primeiro troféu numa competição de clubes da UEFA. Curiosamente, em 2014, o caminho de Antonio Conte numa final com o Sevilha esteve prestes a concretizar-se. Mas, na altura, a Juventus, o clube que treinava à data, foi eliminado pelo Benfica nas meias-finais, que por sua vez viria a perder a final para o Sevilha.
Conte, um dos responsáveis pelo renascimento da Juventus no início da última década, com três títulos de campeão consecutivos, e também campeão inglês como técnico do Chelsea, tem no seu palmarés uma Taça UEFA (1992) e uma Liga dos Campeões (1995). Mas ambas conquistadas como jogador. Nesta sexta-feira, terá a oportunidade de orientar do banco a sua primeira final europeia, tal como Julen Lopetegui, ex-treinador do FC Porto que está desde o início da época no Sevilha.
Lopetegui dispõe a equipa num 4X3X3, que rapidamente se pode transformar num 4X5X1 quando não tem a posse de bola. O treinador gosta que todos joguem com grande intensidade, a pressionar alto no campo logo quando o adversário começa a construir lances na defesa. Nas saídas para o ataque o destaque vai para os laterais Jesús Navas e Reguilón. Éver Banega é o maestro no meio-campo.
No Inter Milão, Antonio Conte não gosta muito de mexer na equipa e apresentou o mesmo onze nos últimos três jogos. O técnico italiano utiliza o esquema tático 3X5X2, com dois homens no ataque e com dois médios dinâmicos, que jogam à frente de um médio mais defensivo (Brozovic) e dois laterais ofensivos. As jogadas de ataque constroem-se a partir da defesa, atraindo a pressão dos adversários e depois procurando os dois avançados - especialmente Lukaku - com passes longos para o ataque.
"Como jogador disputei muitas finais, ganhei e perdi. As pessoas só se lembram de ti se ganhas. Ganhei uma Champions, mas perdi três finais, o que fica para a história são as que ganhas", disse Antonio Conte na conferência de imprensa de lançamento do jogo.
"Temos de ter entusiasmo e aproveitar a experiência que nos deu esta caminhada europeia. Estamos orgulhosos por voltar a alcançar uma final europeia passados dez anos, mas tem de se saber que a história é escrita pelo vencedor. Temos de mostrar que merecemos ganhar, contra uma equipa difícil e com muita experiência na competição", acrescentou o técnico italiano.
"O Inter é uma equipa completa, como todas as equipas treinadas por Conte. Vamos ter de ser perfeitos em todos os aspetos. Vamos ter de mostrar a nossa melhor versão e dar um pouco mais porque o rival é o Inter Milão", referiu por sua vez Julen Lopetegui na conferência de antevisão da partida.
"Temos de mostrar sempre a mesma humildade e respeito, independentemente do nome do adversário. Temos de estar concentrados defensivamente e no ataque, e sobretudo estar preparados para as dificuldades que o Inter nos vai causar. Eles têm jogadores de nível mundial. O nosso objetivo é chegar bem física e mentalmente e vencer o jogo", concluiu.
Eis as equipas prováveis:
Sevilha: Bounou; Navas, Koundé, Diego Carlos, Reguilón; Banega, Fernando, Jordán; Suso, En-Nesyri e Ocampos.
Inter Milão: Handanovic; Godín, De Vrij, Bastoni; D'Ambrosio, Barella, Brozovic, Gagliardini, Young; Martínez e Lukaku.