Covid-19. Turismo de Portugal já apoiou 960 microempresas com 7,5 milhões
O contágio da pandemia de covid-19 ao turismo é inequívoca e as empresas, muitas delas encerradas e com os trabalhadores em regime de lay-off, acumulam prejuízos diariamente. O Turismo de Portugal lançou, em março, uma linha de apoio à tesouraria das microempresas do setor com uma dotação de 60 milhões de euros. Um mês depois do lançamento, a autoridade de turismo já pagou 7,47 milhões de euros a mais de 900 microempresas.
"A Linha de Apoio à Tesouraria para Microempresas do Turismo, que conta com uma dotação de 60 milhões de euros, já recebeu 4339 candidaturas com um valor de incentivo de 35,65 milhões de euros. Já foram aprovados apoios a 2031 empresas, o que representa um apoio de 16,07 milhões de euros, tendo sido já efetivamente pagos 7,47 milhões a 968 microempresas", indica fonte oficial ao DN/Dinheiro Vivo.
O montante do apoio que cada empresa pode receber é calculado tendo em conta o número de trabalhadores que a firma tinha em fevereiro, multiplicado por 750 euros por cada trabalhador e pelo período de três meses, até ao montante máximo de 20 mil euros por empresa. Este financiamento não vence juros, contempla a possibilidade de um período de carência de 12 meses e pode ser reembolsado no prazo de três anos.
A maioria das empresas que, até ao momento, se candidatou a este apoio são do segmento de restauração e bebidas, seguido de empresas de alojamento local, animação turística, agências de viagens, empreendimentos turísticos e de organização de eventos.
Com o objetivo de apoiar as empresas do setor, a autoridade de turismo liderada por Luís Araújo criou um centro de atendimento especializado para empresários. Além disso, e através da rede de escolas do Turismo de Portugal, foi desenvolvido um programa de consultoria online para as companhias e arranca esta semana o Programa de Formação Executiva Certificada Online, para apoiar as empresas na identificação de medidas concretas em cada área de negócio, que respondam às questões criadas pela pandemia.
"É nesta ajuda à economia que estamos focados. Não sabendo ainda quando serão alteradas as medidas de contenção, isolamento e distanciamento social atualmente em vigor, e de que forma virão a ser revogadas, não é, ainda, seguro prever com exatidão um momento para o regresso da atividade económica. Contudo, a expectativa é que o turismo interno possa ajudar de modo efetivo nesta recuperação económica", salienta fonte oficial.
Nesse sentido, o Turismo de Portugal vai lançar - assim que as medidas de contenção o permitam - "uma campanha precisamente destinada a incentivar os portugueses a fazerem férias no seu País".
O governo admite que este terceiro estado de emergência seja o último. Mas António Costa não esconde que "este ainda não é momento para o País baixar a guarda em termos de medidas de confinamento e de distanciamento social. Até haver uma vacina, não vamos retomar a vida normal. Mesmo sem estado de emergência, não vamos poder viver como antes". O que abre a porta a que a "normalidade" só seja retomada a partir de meados do próximo ano.
Em entrevista ao semanário Expresso neste fim-de-semana, o primeiro-ministro, notando que o vírus não "hiberna no verão", indicou que o acesso às praias vai poder ser feito mas com restrições. O Executivo está a trabalhar com as autarquias e com as capitanias para assegurar que a aglomeração nas praias não se vai verificar.
Uns dias antes, em entrevista ao Observador , António Costa lançava, ainda assim, um repto aos portugueses: "não querendo correr o risco de ser otimista, diria: esperem mais umas semanas, mas não deixem de pensar nas férias de verão. Aliás, para a economia portuguesa seria um dano imenso se o próximo verão fosse um verão onde o turismo não tivesse condições de funcionamento mínimo. Quero crer que até ao verão a situação estará suficientemente controlada para podermos ter as férias e para as podermos gozar o melhor possível".
O primeiro-ministro enfatizou ainda que é importante tirar férias cá dentro: "tal como aconteceu quando foi o ataque às Torres Gémeas, em que durante bastante tempo houve um impacto na retoma da aviação, porque as pessoas tinham medo, seguramente não creio que a primeira coisa que as pessoas vão fazer é marcar férias para locais muito distantes" aconselhando os portugueses a planearem "as férias cá dentro porque estamos sempre mais seguros cá dentro nesta fase e menos sujeitos à incerteza".