Desde que se soube, em julho passado, que tinha sido desencadeada uma investigação criminal a certas adjudicações da Proteção Civil, adjudicações esses envolvendo empresas com ligação a um adjunto de Artur Neves, que se esperava este desenvolvimento..Era só uma questão de tempo até a investigação criminal se decidir por uma visita ao gabinete do governante - não foi aliás a primeira. O tal adjunto com ligações às empresas beneficiadas com os contratos já há muito que se tinha demitido e agora teria de ser a vez do secretário de Estado..Por ora, não está oficialmente confirmado se Artur Neves é arguido ou não. Mas politicamente já estava ferido de morte, daí a sua remoção do cargo. A pasta da Administração Interna é, neste governo - como de resto em vários anteriores - uma das mais tumultuosas do executivo. A multiplicidade de matérias e organismos tutelados multiplica também as fontes de desgaste..A 18 dias das eleições legislativas, e com todas as campanhas já a todo o vapor na estrada, António Costa decidiu-se por uma solução de mínimo eco possível ao caso: Artur Neves não será substituído, ficando o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, com a tutela da Proteção Civil..Dito de outra forma, a demissão não gerou a notícia seguinte habitual: remodelação governamental..Entretanto, não é para já claro se o tema das relações perigosas nos ajustes diretos da Proteção Civil tomará ou não conta da campanha..Ontem, as reações partidárias foram, no mínimo, pouco intensas. Até às 19.30, só o Bloco de Esquerda e o CDS tinham falado..Catarina Martins, sempre procurando todos os argumentos para estabelecer contraste com o governo do PS, foi a primeira a comentar o caso, à margem de uma visita eleitoral à Cova da Moura (Amadora)..A líder bloquista não hesitou em atacar o governo - mas também não deixou de fora a Procuradoria-Geral da República.."Caso grave, gravíssimo"."Mais do que a demissão, interessa-nos explicações. Quando este caso surgiu, o MAI disse que promoveria uma investigação sobre a qual não há ainda nenhum relatório. Como é que o MAI ainda não teve tempo para explicar ao país o que é que aconteceu?", questionou, pondo Eduardo Cabrita em xeque..Quanto à PGR, diria: "O primeiro-ministro pediu sobre este caso e outros um parecer à Procuradoria-Geral que deveria ter sido público no final de agosto. Ainda não o conhecemos. Não achamos razoável e não achamos normal que nem o MAI tenha conseguido explicar e nem a PGR tenha conseguido emitir o parecer. São precisos todos os esclarecimentos, é isso que toda a gente neste país espera.".Já o CDS carregou nos adjetivos. É um "caso grave, gravíssimo", disse à Lusa o deputado centrista Telmo Correia, salientando que, "curiosamente, mais um [caso] na área da administração interna".."Este é um caso gravíssimo, é um caso da maior gravidade porque qualquer caso - e são os indícios que nós temos - em que possa ter havido um aproveitamento do negócio ou até indícios de corrupção é sempre grave", disse..Já o "dado positivo" é que, segundo o CDS, "a justiça está a funcionar"..Demissões forçadas pela Justiça.Este não é o primeiro caso de demissões governamentais a reboque de investigações criminais..Em julho de 2017, os secretários de Estado dos Assuntos Fiscais (Rocha Andrade), da Internacionalização (Jorge Oliveira) e da Indústria (João Vasconcelos) demitiram-se quando se soube que estavam a ser investigados por terem aceitado viagens pagas pela Galp ao Euro 2016, em França..Na pasta da Administração Interna, a ministra Constança Urbano de Sousa deu lugar a Eduardo Cabrita no final do verão de 2017, na sequência dos incêndios que provocaram mais de 120 mortos. Tratou-se de uma remodelação imposta pelo Presidente da República - tendo sido esse o ponto mais baixo na coabitação Belém-São Bento..Foi nessa altura - outubro de 2017 - que Artur Neves assumiu o cargo de secretário de Estado da Proteção Civil, substituindo Jorge Gomes.
Desde que se soube, em julho passado, que tinha sido desencadeada uma investigação criminal a certas adjudicações da Proteção Civil, adjudicações esses envolvendo empresas com ligação a um adjunto de Artur Neves, que se esperava este desenvolvimento..Era só uma questão de tempo até a investigação criminal se decidir por uma visita ao gabinete do governante - não foi aliás a primeira. O tal adjunto com ligações às empresas beneficiadas com os contratos já há muito que se tinha demitido e agora teria de ser a vez do secretário de Estado..Por ora, não está oficialmente confirmado se Artur Neves é arguido ou não. Mas politicamente já estava ferido de morte, daí a sua remoção do cargo. A pasta da Administração Interna é, neste governo - como de resto em vários anteriores - uma das mais tumultuosas do executivo. A multiplicidade de matérias e organismos tutelados multiplica também as fontes de desgaste..A 18 dias das eleições legislativas, e com todas as campanhas já a todo o vapor na estrada, António Costa decidiu-se por uma solução de mínimo eco possível ao caso: Artur Neves não será substituído, ficando o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, com a tutela da Proteção Civil..Dito de outra forma, a demissão não gerou a notícia seguinte habitual: remodelação governamental..Entretanto, não é para já claro se o tema das relações perigosas nos ajustes diretos da Proteção Civil tomará ou não conta da campanha..Ontem, as reações partidárias foram, no mínimo, pouco intensas. Até às 19.30, só o Bloco de Esquerda e o CDS tinham falado..Catarina Martins, sempre procurando todos os argumentos para estabelecer contraste com o governo do PS, foi a primeira a comentar o caso, à margem de uma visita eleitoral à Cova da Moura (Amadora)..A líder bloquista não hesitou em atacar o governo - mas também não deixou de fora a Procuradoria-Geral da República.."Caso grave, gravíssimo"."Mais do que a demissão, interessa-nos explicações. Quando este caso surgiu, o MAI disse que promoveria uma investigação sobre a qual não há ainda nenhum relatório. Como é que o MAI ainda não teve tempo para explicar ao país o que é que aconteceu?", questionou, pondo Eduardo Cabrita em xeque..Quanto à PGR, diria: "O primeiro-ministro pediu sobre este caso e outros um parecer à Procuradoria-Geral que deveria ter sido público no final de agosto. Ainda não o conhecemos. Não achamos razoável e não achamos normal que nem o MAI tenha conseguido explicar e nem a PGR tenha conseguido emitir o parecer. São precisos todos os esclarecimentos, é isso que toda a gente neste país espera.".Já o CDS carregou nos adjetivos. É um "caso grave, gravíssimo", disse à Lusa o deputado centrista Telmo Correia, salientando que, "curiosamente, mais um [caso] na área da administração interna".."Este é um caso gravíssimo, é um caso da maior gravidade porque qualquer caso - e são os indícios que nós temos - em que possa ter havido um aproveitamento do negócio ou até indícios de corrupção é sempre grave", disse..Já o "dado positivo" é que, segundo o CDS, "a justiça está a funcionar"..Demissões forçadas pela Justiça.Este não é o primeiro caso de demissões governamentais a reboque de investigações criminais..Em julho de 2017, os secretários de Estado dos Assuntos Fiscais (Rocha Andrade), da Internacionalização (Jorge Oliveira) e da Indústria (João Vasconcelos) demitiram-se quando se soube que estavam a ser investigados por terem aceitado viagens pagas pela Galp ao Euro 2016, em França..Na pasta da Administração Interna, a ministra Constança Urbano de Sousa deu lugar a Eduardo Cabrita no final do verão de 2017, na sequência dos incêndios que provocaram mais de 120 mortos. Tratou-se de uma remodelação imposta pelo Presidente da República - tendo sido esse o ponto mais baixo na coabitação Belém-São Bento..Foi nessa altura - outubro de 2017 - que Artur Neves assumiu o cargo de secretário de Estado da Proteção Civil, substituindo Jorge Gomes.