Os apontamentos tricolores não enganam. Por detrás do cinzento do renovado Bingo há um estádio de futebol. Não é um estádio qualquer, é o velhinho José Gomes, onde as cadeiras verdes, brancas e vermelhas dão cor a um campo que já teve melhores dias. A placa a dizer "Vende-se" é um adorno incómodo, um resumo da vida passada do renovado Estrela da Amadora, um clube a viver a terceira vida..O Football Club Estrela da Amadora herdou os estatutos e os ideais do clube fundado em 1932 e refundado em 2011 e renasceu em julho. Cinco meses depois já deslumbra no Campeonato de Portugal - 9 jogos sem perder - e na Taça de Portugal. Apurada para os oitavos-de-final da prova, a equipa da Reboleira vai jogar com o Benfica de Jorge Jesus. Será o regresso do Ruço, como chamam ao técnico nas ruas da Amadora, ao clube onde começou a jogar (1970) e treinou entre 1998 e 2000 e 2001 e 2003. Todos, incluindo Jesus, admitem que o jogo será "especial" e o marketing do clube já está a preparar algumas surpresas para esse jogo de janeiro..O Estrela revitalizou-se e está outra vez no palco mediático nacional. Tem faltado a moldura humana - culpa da pandemia -, mas o projeto já galvanizou as gentes da Amadora e a realidade tem superado o projetado. "Se no início alguém me dissesse que passado cinco meses iria estar em primeiro lugar no Campeonato de Portugal [série G] e nos oitavos-de-final da Taça de Portugal e a receber um dos melhores clubes de Portugal, a primeira reação seria de desconfiança, mas a verdade é que o trabalho do plantel, da equipa técnica e da estrutura o justificam plenamente", segundo André Geraldes, o presidente da SAD, nascido e criado na Amadora..Para chegar aqui foi preciso "muito trabalho", "alguma paciência", "vontade dos investidores" e "muito amor ao Estrela". Mas vamos por partes. "Quando chegámos vimos um estádio ao abandono, com instalações degradadas, muito saturadas dos anos e da falta de utilização, mas com um ativo valioso: as pessoas que impediram que o Estrela perdesse a identidade e que o refundaram, permitindo que a fusão desse uma terceira vida ao clube", disse o dirigente. O relvado teve de ser mudado, os balneários foram alvo de obras para ganhar dignidade. Tudo isto obrigou a avultado investimento, mas isso fica para já apenas no relatório e contas da sociedade anónima desportiva. André Geraldes prefere não falar de dinheiro porque muito desse investimento não é sequer calculável ou tributável: "A participação ativa de empresários, patrocinadores, sócios e adeptos têm sido fundamentais.".A mobilização dos sócios na pintura do estádio e nos pequenos arranjos permitiu "fazer o impossível em tempo recorde". Ou seja, "ter um estádio em condições para receber qualquer clube, seja o Benfica ou o Real Madrid". Agora é preciso mobilizar os 170 mil habitante da Amadora: "Para tudo isto fazer sentido, faltam adeptos no José Gomes. Se não fosse a pandemia, o Estrela tinha sempre casa cheia. O saudosismo e a campanha que estamos a fazer tornariam praticamente impossível ganharem-nos aqui em casa.".Recuperar o emblema original com a ajuda do clube foi uma vitória estrondosa. "O emblema é a base da nossa história, é por ele que os jogadores lutam em campo todos os jogos e nos dá identidade. A recuperação do símbolo e a aproximação ao nome tem sido determinante para o Estrela da Amadora ser o Estrela da Amadora", explicou Geraldes, garantindo que clube e SAD querem "caminhar juntos por muitos e bons anos"..A entrada do emblema tricolor nos escalões nacionais - na vaga do Sintra Football - permitiu andar "muitos anos no tempo" sem ficar condenada aos distritais. Agora é passo a passo ou jogo a jogo, como gostam de dizer, rumo à I Liga. Na Reboleira ninguém abdica desse objetivo, muito menos o homem forte do futebol tricolor, para quem o Estrela "é o terceiro grande de Lisboa"..Destaquedestaque"Como o clube faliu, a Taça de Portugal foi entregue a um advogado, que a tem em seu poder até eu a conseguir ir buscar e entregar à Câmara Municipal da Amadora".As dívidas do antigo Estrela ascendem a 36 milhões de euros, sendo o Estado o principal credor. Para abater parte das dívidas, o recinto foi levado a leilão em 2019, no site da leiloeira Onefix, com o valor-base de seis milhões de euros. Houve duas propostas, mas não atingiram o valor de licitação e por isso foram repassadas para um segundo leilão, no valor-base de 5,1 milhões de euros, segundo explicou ao DN Jorge Calvete, administrador do processo de insolvência..Trabalhar a longo prazo com o fantasma da venda do estádio é uma pedra no sapato, que incomoda mas não impede de andar. André Geraldes acredita que "se" a câmara municipal tiver um envolvimento claro em conjunto com o clube, com a SAD é possível encontrar uma solução junto dos credores: "É uma questão de bom senso. Espero que as pessoas do insolvente Estrela sejam ressarcidas de alguns dos valores em dívida e que o Estrela se mantenha numa casa que é sua. Não faz sentido jogar em outro lado que não na Reboleira, mas o Estrela já não volta para trás. Se não for na Reboleira, outras soluções se encontrarão.".Com taças e troféus espalhados por cada divisão do estádio, há um espaço em branco que salta à vista e causa desconforto. Falta o maior troféu da história do Estrela da Amadora: a Taça de Portugal. Onde está o troféu que Duílio levantou em 1990? A pergunta fica sem resposta direta por parte de André Geraldes, confessando, no entanto que "o bom senso" dos envolvidos prevaleça para que "a Taça possa deixar a casa onde está e volte à Reboleira"..O troféu foi penhorado por um advogado por dívidas a um jogador, mas, segundo a lei, os troféus não são penhoráveis e por isso foi ordenada a sua devolução. "Como o clube faliu, a Taça de Portugal foi entregue a um advogado, que a tem em seu poder até eu a conseguir ir buscar e entregar à Câmara Municipal da Amadora", explicou Jorge Calvete ao DN, lembrando que o troféu não pode ser devolvida ao Estrela, uma vez que clube faliu e por isso não existe. Ou seja, a Taça de Portugal de 1990 só voltará à Reboleira se o município assim o quiser..YouTubeyoutubehttps://www.youtube.com/watch?v=JUh9Y_ik5Po.O Estrela da Amadora faliu em 2009, foi considerado insolvente em 2010 e extinto em 2011, após descer de divisão por decisão administrativa devido aos problemas financeiros: dívidas a fornecedores, funcionários, jogadores, às Finanças e à Segurança Social. A última presença entre os grandes do futebol português foi em 2008-09. Para a história ficaram os míticos jogos na Reboleira nas 16 presenças no campeonato principal e os dois sétimos lugares como melhores registos (1993-94 e 1997-98). Lá jogaram Abel Xavier, Dimas, Paulo Bento, Miguel, Jorge Andrade, Calado, Chainho ou Rebelo (o eterno capitão, que tirou a sorte na Taça de Portugal)..Pelo banco de treinador passaram José Torres, Jesualdo Ferreira, Quinito, Fernando Santos, Jorge Jesus e Mourinho como adjunto de Manuel Fernandes. E agora Rui Santos. "Há um nível de exigência a manter [sorri]. É obviamente uma responsabilidade acrescida. É bom treinar o renascido Estrela, um clube com muita história, um gigante adormecido que está neste momento a acordar", confessou ao DN o técnico "honrado" pelo convite para liderar este projeto..Não esconde o orgulho pelo trajeto. "É um lugar-comum, mas a verdade é que é fruto de muito trabalho, dedicação, compromisso e profissionalismo de toda a gente. Temos um grupo de jogadores muito bom, fantástico, que interpreta bem os valores de um clube como o Estrela. Um staff exemplar e uma administração muito competente e profissional." Aliás, segundo o treinador, a forma como a administração da SAD profissionalizou o clube é um dos segredos do bom momento desportivo. Além disso, "o plantel foi bem construído"..Para Rui Santos, ninguém chega aos oitavos-de-final da Taça de Portugal e passa quatro eliminatórias "por acaso". No ano passado fez Taça com o Sintra Football - que se fundiu com o Estrela - ao vencer o Vitória de Guimarães. "Há até quem diga que sou o único treinador a orientar equipas do terceiro escalão e a eliminar equipas da I Liga dois anos seguidos, no ano passado o Vit. Guimarães e neste ano o Farense. É um feito que muito me honra", admite o técnico, que começou a treinar com 24 anos quando percebeu que não ia passar de um jogador mediano e uma lesão grave o afastou dos relvados..Há 30 anos não era fácil apostar num jovem treinador, mas ele tinha "gosto e algum jeito" e foi fazendo carreira. Passou por 15 clubes e conseguiu cinco subidas de divisão, uma delas histórica, no Sintra Football. Foi a primeira vez que um clube recém-criado e com apenas um ano de vida conseguiu uma subida de divisão. Habituado a ver Jorge Jesus (e Fernando Santos, de quem foi adjunto no Estoril) no mural do balneário, Rui Santos admite o especial que será enfrentá-lo em campo, num jogo de grau de dificuldade "máxima": "Será um duelo de dimensão gigantesca. Terei muita pena se os adeptos não puderem ver o jogo, mas já avisei que há três jogos antes desse que é preciso ganhar. Agora temos de pensar no Sporting B, no Fabril e na ida aos Açores. Tem de ser jogo a jogo, não faz sentido pensar num jogo para daqui a um mês.".Preferia ter um adversário mais acessível para poder chegar aos quartos-de-final ou enfrentar uma equipa como o Benfica? "Entre o pode e o haver é preferível uma equipa da dimensão do Benfica, proporcionar aos atletas um jogo inesquecível e uma visibilidade extraordinária para o Estrela", respondeu o técnico, admitindo que liderar o clube numa subida de divisão será histórico..YouTubeyoutubehttps://www.youtube.com/watch?v=Zj4TE8Jw8RQ.Um dos jogadores em destaque na equipa de Rui Santos é Sérgio Conceição. Depois de um ano atípico na Académica, o jogador não hesitou quando recebeu uma proposta do renascido clube da Reboleira. "O projeto que me mostraram foi ao encontro daquilo que eu queria", confessou o jogador que tem feito a diferença no lado direito da defesa. "Quando somos crianças queremos ser número 10, capitão e marcar golos, mas quando crescemos descobrimos onde somos mais úteis e onde podemos render mais. Eu fui extremo até aos 15 anos, mas depois na Académica o Vítor Alves colocou-me a lateral direito, e eu percebi que era aí que me podia superar como jogador", explicou ao DN..Sérgio é um dos cinco filhos de Sérgio Conceição. Joga futebol desde que nasceu e não esconde que é "muito chato" e "redutor" olharem para ele como o filho do Sérgio Conceição, mas tem clarividência para perceber que acontece com todos os filhos de ex-jogadores e há que saber lidar com isso. "Para mim é o meu pai e não o Sérgio Conceição que é para o resto do mundo", confessou o jogador, revelando que ambiciona "jogar na I Liga", e se for com o Estrela da Amadora, melhor.
Os apontamentos tricolores não enganam. Por detrás do cinzento do renovado Bingo há um estádio de futebol. Não é um estádio qualquer, é o velhinho José Gomes, onde as cadeiras verdes, brancas e vermelhas dão cor a um campo que já teve melhores dias. A placa a dizer "Vende-se" é um adorno incómodo, um resumo da vida passada do renovado Estrela da Amadora, um clube a viver a terceira vida..O Football Club Estrela da Amadora herdou os estatutos e os ideais do clube fundado em 1932 e refundado em 2011 e renasceu em julho. Cinco meses depois já deslumbra no Campeonato de Portugal - 9 jogos sem perder - e na Taça de Portugal. Apurada para os oitavos-de-final da prova, a equipa da Reboleira vai jogar com o Benfica de Jorge Jesus. Será o regresso do Ruço, como chamam ao técnico nas ruas da Amadora, ao clube onde começou a jogar (1970) e treinou entre 1998 e 2000 e 2001 e 2003. Todos, incluindo Jesus, admitem que o jogo será "especial" e o marketing do clube já está a preparar algumas surpresas para esse jogo de janeiro..O Estrela revitalizou-se e está outra vez no palco mediático nacional. Tem faltado a moldura humana - culpa da pandemia -, mas o projeto já galvanizou as gentes da Amadora e a realidade tem superado o projetado. "Se no início alguém me dissesse que passado cinco meses iria estar em primeiro lugar no Campeonato de Portugal [série G] e nos oitavos-de-final da Taça de Portugal e a receber um dos melhores clubes de Portugal, a primeira reação seria de desconfiança, mas a verdade é que o trabalho do plantel, da equipa técnica e da estrutura o justificam plenamente", segundo André Geraldes, o presidente da SAD, nascido e criado na Amadora..Para chegar aqui foi preciso "muito trabalho", "alguma paciência", "vontade dos investidores" e "muito amor ao Estrela". Mas vamos por partes. "Quando chegámos vimos um estádio ao abandono, com instalações degradadas, muito saturadas dos anos e da falta de utilização, mas com um ativo valioso: as pessoas que impediram que o Estrela perdesse a identidade e que o refundaram, permitindo que a fusão desse uma terceira vida ao clube", disse o dirigente. O relvado teve de ser mudado, os balneários foram alvo de obras para ganhar dignidade. Tudo isto obrigou a avultado investimento, mas isso fica para já apenas no relatório e contas da sociedade anónima desportiva. André Geraldes prefere não falar de dinheiro porque muito desse investimento não é sequer calculável ou tributável: "A participação ativa de empresários, patrocinadores, sócios e adeptos têm sido fundamentais.".A mobilização dos sócios na pintura do estádio e nos pequenos arranjos permitiu "fazer o impossível em tempo recorde". Ou seja, "ter um estádio em condições para receber qualquer clube, seja o Benfica ou o Real Madrid". Agora é preciso mobilizar os 170 mil habitante da Amadora: "Para tudo isto fazer sentido, faltam adeptos no José Gomes. Se não fosse a pandemia, o Estrela tinha sempre casa cheia. O saudosismo e a campanha que estamos a fazer tornariam praticamente impossível ganharem-nos aqui em casa.".Recuperar o emblema original com a ajuda do clube foi uma vitória estrondosa. "O emblema é a base da nossa história, é por ele que os jogadores lutam em campo todos os jogos e nos dá identidade. A recuperação do símbolo e a aproximação ao nome tem sido determinante para o Estrela da Amadora ser o Estrela da Amadora", explicou Geraldes, garantindo que clube e SAD querem "caminhar juntos por muitos e bons anos"..A entrada do emblema tricolor nos escalões nacionais - na vaga do Sintra Football - permitiu andar "muitos anos no tempo" sem ficar condenada aos distritais. Agora é passo a passo ou jogo a jogo, como gostam de dizer, rumo à I Liga. Na Reboleira ninguém abdica desse objetivo, muito menos o homem forte do futebol tricolor, para quem o Estrela "é o terceiro grande de Lisboa"..Destaquedestaque"Como o clube faliu, a Taça de Portugal foi entregue a um advogado, que a tem em seu poder até eu a conseguir ir buscar e entregar à Câmara Municipal da Amadora".As dívidas do antigo Estrela ascendem a 36 milhões de euros, sendo o Estado o principal credor. Para abater parte das dívidas, o recinto foi levado a leilão em 2019, no site da leiloeira Onefix, com o valor-base de seis milhões de euros. Houve duas propostas, mas não atingiram o valor de licitação e por isso foram repassadas para um segundo leilão, no valor-base de 5,1 milhões de euros, segundo explicou ao DN Jorge Calvete, administrador do processo de insolvência..Trabalhar a longo prazo com o fantasma da venda do estádio é uma pedra no sapato, que incomoda mas não impede de andar. André Geraldes acredita que "se" a câmara municipal tiver um envolvimento claro em conjunto com o clube, com a SAD é possível encontrar uma solução junto dos credores: "É uma questão de bom senso. Espero que as pessoas do insolvente Estrela sejam ressarcidas de alguns dos valores em dívida e que o Estrela se mantenha numa casa que é sua. Não faz sentido jogar em outro lado que não na Reboleira, mas o Estrela já não volta para trás. Se não for na Reboleira, outras soluções se encontrarão.".Com taças e troféus espalhados por cada divisão do estádio, há um espaço em branco que salta à vista e causa desconforto. Falta o maior troféu da história do Estrela da Amadora: a Taça de Portugal. Onde está o troféu que Duílio levantou em 1990? A pergunta fica sem resposta direta por parte de André Geraldes, confessando, no entanto que "o bom senso" dos envolvidos prevaleça para que "a Taça possa deixar a casa onde está e volte à Reboleira"..O troféu foi penhorado por um advogado por dívidas a um jogador, mas, segundo a lei, os troféus não são penhoráveis e por isso foi ordenada a sua devolução. "Como o clube faliu, a Taça de Portugal foi entregue a um advogado, que a tem em seu poder até eu a conseguir ir buscar e entregar à Câmara Municipal da Amadora", explicou Jorge Calvete ao DN, lembrando que o troféu não pode ser devolvida ao Estrela, uma vez que clube faliu e por isso não existe. Ou seja, a Taça de Portugal de 1990 só voltará à Reboleira se o município assim o quiser..YouTubeyoutubehttps://www.youtube.com/watch?v=JUh9Y_ik5Po.O Estrela da Amadora faliu em 2009, foi considerado insolvente em 2010 e extinto em 2011, após descer de divisão por decisão administrativa devido aos problemas financeiros: dívidas a fornecedores, funcionários, jogadores, às Finanças e à Segurança Social. A última presença entre os grandes do futebol português foi em 2008-09. Para a história ficaram os míticos jogos na Reboleira nas 16 presenças no campeonato principal e os dois sétimos lugares como melhores registos (1993-94 e 1997-98). Lá jogaram Abel Xavier, Dimas, Paulo Bento, Miguel, Jorge Andrade, Calado, Chainho ou Rebelo (o eterno capitão, que tirou a sorte na Taça de Portugal)..Pelo banco de treinador passaram José Torres, Jesualdo Ferreira, Quinito, Fernando Santos, Jorge Jesus e Mourinho como adjunto de Manuel Fernandes. E agora Rui Santos. "Há um nível de exigência a manter [sorri]. É obviamente uma responsabilidade acrescida. É bom treinar o renascido Estrela, um clube com muita história, um gigante adormecido que está neste momento a acordar", confessou ao DN o técnico "honrado" pelo convite para liderar este projeto..Não esconde o orgulho pelo trajeto. "É um lugar-comum, mas a verdade é que é fruto de muito trabalho, dedicação, compromisso e profissionalismo de toda a gente. Temos um grupo de jogadores muito bom, fantástico, que interpreta bem os valores de um clube como o Estrela. Um staff exemplar e uma administração muito competente e profissional." Aliás, segundo o treinador, a forma como a administração da SAD profissionalizou o clube é um dos segredos do bom momento desportivo. Além disso, "o plantel foi bem construído"..Para Rui Santos, ninguém chega aos oitavos-de-final da Taça de Portugal e passa quatro eliminatórias "por acaso". No ano passado fez Taça com o Sintra Football - que se fundiu com o Estrela - ao vencer o Vitória de Guimarães. "Há até quem diga que sou o único treinador a orientar equipas do terceiro escalão e a eliminar equipas da I Liga dois anos seguidos, no ano passado o Vit. Guimarães e neste ano o Farense. É um feito que muito me honra", admite o técnico, que começou a treinar com 24 anos quando percebeu que não ia passar de um jogador mediano e uma lesão grave o afastou dos relvados..Há 30 anos não era fácil apostar num jovem treinador, mas ele tinha "gosto e algum jeito" e foi fazendo carreira. Passou por 15 clubes e conseguiu cinco subidas de divisão, uma delas histórica, no Sintra Football. Foi a primeira vez que um clube recém-criado e com apenas um ano de vida conseguiu uma subida de divisão. Habituado a ver Jorge Jesus (e Fernando Santos, de quem foi adjunto no Estoril) no mural do balneário, Rui Santos admite o especial que será enfrentá-lo em campo, num jogo de grau de dificuldade "máxima": "Será um duelo de dimensão gigantesca. Terei muita pena se os adeptos não puderem ver o jogo, mas já avisei que há três jogos antes desse que é preciso ganhar. Agora temos de pensar no Sporting B, no Fabril e na ida aos Açores. Tem de ser jogo a jogo, não faz sentido pensar num jogo para daqui a um mês.".Preferia ter um adversário mais acessível para poder chegar aos quartos-de-final ou enfrentar uma equipa como o Benfica? "Entre o pode e o haver é preferível uma equipa da dimensão do Benfica, proporcionar aos atletas um jogo inesquecível e uma visibilidade extraordinária para o Estrela", respondeu o técnico, admitindo que liderar o clube numa subida de divisão será histórico..YouTubeyoutubehttps://www.youtube.com/watch?v=Zj4TE8Jw8RQ.Um dos jogadores em destaque na equipa de Rui Santos é Sérgio Conceição. Depois de um ano atípico na Académica, o jogador não hesitou quando recebeu uma proposta do renascido clube da Reboleira. "O projeto que me mostraram foi ao encontro daquilo que eu queria", confessou o jogador que tem feito a diferença no lado direito da defesa. "Quando somos crianças queremos ser número 10, capitão e marcar golos, mas quando crescemos descobrimos onde somos mais úteis e onde podemos render mais. Eu fui extremo até aos 15 anos, mas depois na Académica o Vítor Alves colocou-me a lateral direito, e eu percebi que era aí que me podia superar como jogador", explicou ao DN..Sérgio é um dos cinco filhos de Sérgio Conceição. Joga futebol desde que nasceu e não esconde que é "muito chato" e "redutor" olharem para ele como o filho do Sérgio Conceição, mas tem clarividência para perceber que acontece com todos os filhos de ex-jogadores e há que saber lidar com isso. "Para mim é o meu pai e não o Sérgio Conceição que é para o resto do mundo", confessou o jogador, revelando que ambiciona "jogar na I Liga", e se for com o Estrela da Amadora, melhor.