Quando o INE divulgar, em março, o valor final do saldo das administrações públicas para 2018, o ministro das Finanças poderá fazer uma nova surpresa, pela positiva. O Conselho das Finanças Públicas (CFP) acredita que o défice do ano passado vai ficar duas décimas, ou mesmo três, abaixo da previsão do governo. No Orçamento do Estado para 2019, Mário Centeno inscreveu uma previsão de saldo de -0,7% do produto interno bruto (PIB), mas o CFP insiste que vai ser de -0,5% ou mesmo -0,4%.. infoDN.Já em setembro, a instituição liderada por Teodora Cardoso apontava para um valor do défice de 0,5% do PIB em 2018. Agora, não só insiste nessa previsão como aponta argumentos reforçados para manter um cenário central mais otimista do que o do governo. "Pressupondo a inexistência de alterações significativas nos mecanismos de gestão financeira pública e tendo em conta os desenvolvimentos orçamentais até final do 3.º trimestre, bem como a informação já disponível (outubro e novembro) na ótica de caixa, é expectável que o saldo orçamental fique em linha com a estimativa avançada pelo CFP em setembro (-0,5%).".A grande diferença é que, desta vez, a instituição vai mais longe. "Afigura-se, no entanto, possível que a estimativa para o saldo possa situar-se acima deste valor, caso se verifique, no último trimestre, a recuperação integral da garantia concedida pelo Estado ao BPP, uma vez que a arrecadação do remanescente implicaria um impacto favorável adicional de 0,1% do PIB.".No relatório sobre a evolução orçamental das administrações públicas até setembro de 2018, o organismo de controlo das contas públicas lembra que no terceiro trimestre do ano passado se registou uma recuperação de 166 milhões de euros, sendo o "valor previsto pelo Ministério das Finanças na nova estimativa apresentada na Proposta de Orçamento do Estado 2019 de 363 milhões de euros"..O que pode correr bem compensa os impactos negativos.O Conselho das Finanças Públicas aponta vários fatores para uma expectativa favorável do saldo das administrações públicas. Entre elas, a instituição liderada por Teodora Cardoso aponta o "crescimento da receita fiscal, acima do previsto na estimativa das Finanças", "um nível mais baixo de despesa com prestações sociais em dinheiro" (quando as Finanças esperavam um aumento) e outros relacionados com a banca e contratos swap da Carris e STCP em 2017 que não se repetirão em 2018..De acordo com a avaliação do CFP, estes fatores compensam, ainda que de forma parcial, outros impactos negativos. Entre eles contam-se os pagamentos integrais dos subsídios de Natal em dezembro, o descongelamento salarial das carreiras da administração pública (com a segunda fase iniciada em setembro de 2018), a integração dos precários e, por fim, o que o CFP classifica de "pressões orçamentais" na saúde e na educação.