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17 SET 2019
17 setembro 2019 às 00h02

Champions rendeu 565 milhões de euros às equipas portuguesas numa década

Competição mais importante entre clubes europeus arranca nesta terça-feira com o Benfica como único representante português. Prémios da UEFA são cada vez mais importantes para a saúde financeira dos clubes menos ricos.

Carlos Nogueira

As emoções da Liga dos Campeões estão de volta a partir desta terça-feira com a primeira jornada da fase de grupos de uma competição cada vez mais milionária. Desta vez, apenas com a presença de uma equipa portuguesa, o Benfica, algo que não acontecia desde a época 2009-2010 quando o FC Porto foi o único representante nacional.

Os encarnados partem para esta edição da Champions com o objetivo de chegarem pelo menos aos oitavos-de-final da prova, algo que não conseguem desde 2017-2018. Em causa não estão apenas a vertente desportiva e o prestígio internacional, mas sobretudo a questão financeira. Ainda recentemente, Domingos Soares de Oliveira, administrador da SAD encarnada, afirmou que "as receitas das competições europeias são extremamente importantes para clubes como o Benfica, que não pertencem às cinco melhores ligas da Europa", definindo ainda que no caso dos encarnados as receitas das provas da UEFA representam 25% do total da sociedade.

Ainda antes de a bola começar a rolar, os benfiquistas já sabem que têm garantidos 42,95 milhões de euros como prémio de participação na fase de grupos, verba à qual serão somados os prémios por desempenho desportivo nos seis jogos que irão realizar-se até ao final de 2019: 2,7 milhões de euros por cada vitória e 900 mil euros por cada empate. A passagem aos oitavos-de-final dá direito a mais 9,5 milhões de euros.

Durante esta década, incluindo já esta época, os quatro clubes portugueses que participaram na Champions amealharam um total de 565,15 milhões de euros, sendo que deste bolo a maior fatia foi arrecadada por Benfica e FC Porto. Os encarnados, que vão para a décima participação consecutiva, encaixaram um total de 252,44 milhões de euros; os dragões receberam 234,38 em oito presenças na prova.

As outras duas equipas nacionais a marcarem presença na Champions foram o Sporting, que entrou três vezes na fase de grupos nos últimos dez anos, com um ganho de 54,49 milhões de euros, e o Sp. Braga, que apenas com duas aparições recebeu 23,84 milhões de euros.

O encaixe recorde do FC Porto

Na época passada foram batidos todos os recordes de prémios da principal prova da UEFA, uma vez que entrou em vigor a nova tabela de distribuição de prémios que é válida até ao final de 2020-2021. Assim se explica a forma como dispararam os ganhos dos dois clubes portugueses em prova.

O Benfica, que não passou a fase de grupos, encaixou 49,25 milhões de euros, um valor que nunca antes tinha alcançado mesmo nos anos em que a equipa chegou aos quartos-de-final da prova. E o que dizer dos 78,44 milhões de euros encaixados pelo FC Porto pelo facto de os dragões terem chegado aos quartos-de-final? Trata-se de um valor estratosférico para a realidade nacional, que representa claramente a mais importante fonte de receitas para as SAD de clubes portugueses, apenas suplantada pelas vendas de jogadores.

A presença na Liga dos Campeões é importantíssima para a saúde financeira dos clubes e, esta época, o Benfica poderá marcar uma diferença importante para os rivais, que vão disputar a Liga Europa, onde os prémios de participação e desempenho são incomparavelmente menores. Para se ter uma ideia das diferenças, basta dizer que um clube que consiga vencer a Liga Europa com um percurso perfeito, ou seja, seis vitórias na fase de grupos, arrecada um valor próximo dos 25 milhões de euros, substancialmente menos do que os encarnados têm já garantido neste ano... só por entrarem na fase de grupos da Champions.

Outra diferença abissal é, por exemplo, o prémio por vitória na fase de grupos, que na Liga Europa é de apenas de 570 mil euros, enquanto na Liga dos Campeões atinge os 2,7 milhões de euros.

Benfica contra a tendência e o duelo João Félix-Ronaldo

As atenções dos portugueses estarão obviamente mais centradas na estreia do Benfica diante do RB Leipzig, às 20.00 desta terça-feira no Estádio da Luz. A equipa de Bruno Lage vai tentar inverter a tendência das últimas três épocas, nas quais o clube da Luz não conseguiu vencer em casa na primeira jornada: empate (1-1) com Besiktas em 2016-2017, derrota (1-2) com o CSKA Moscovo em 2017-2018 e derrota (0-2) com o Bayern Munique em 2018-2019. A última vez que o Benfica venceu em casa na primeira jornada foi em 2015-20/16 - 2-0 ao Astana, com golos de Gaitán e Mitroglou.

A ronda inaugural da Champions tem ainda grandes jogos marcados. Desde logo o embate entre Atlético de Madrid e Juventus, na quarta-feira, no Estádio Wanda Metropolitano, naquele que será o primeiro embate oficial entre João Félix e Cristiano Ronaldo, dois internacionais portugueses que estiveram lado a lado no último jogo da seleção nacional, na Lituânia, de apuramento para o Euro 2020.

Os dois jogadores já se defrontaram uma vez - na pré-temporada, em Estocolmo, para a International Champions Cup, quando os espanhóis venceram por 2-1, com dois golos de João Félix. Agora, os dois únicos jogadores portugueses da história do futebol que protagonizaram transferências acima de 100 milhões de euros voltam a medir forças na Champions. A quarta-feira fica ainda marcada pelo escaldante embate entre Paris Saint-Germain e Real Madrid no Parque dos Príncipes.

Nesta terça-feira, destaque ainda para o Nápoles, onde alinha Mário Rui, que vai receber o campeão europeu Liverpool, um duelo entre os principais candidatos ao apuramento para os oitavos-de-final no grupo E. Imperdível é também a receção do Borussia Dortmund ao Barcelona, igualmente com dois portugueses em ação: Raphaël Guerreiro pelos alemães e Nélson Semedo pelos catalães. Será o primeiro grande embate do grupo F, onde está também o Inter Milão.