Depois da TV Bandeirantes, no dia 11, da TV Gazeta, no dia 14, e da Rede TV, no dia 15, hoje é a vez de o SBT ficar com um vácuo na sua grelha televisiva por conta do cancelamento do debate entre os candidatos à presidência Jair Bolsonaro e Fernando Haddad. O motivo é o mesmo do dos três cancelamentos anteriores: o presidenciável do PSL não comparecerá a conselho dos seus médicos, ainda na sequência da facada que levou a 6 de setembro num evento de campanha em Juiz de Fora, Minas Gerais. Os debates, ou a falta deles, tornaram-se por isso um tema de campanha..Uma nova avaliação médica está prevista para amanhã, segundo Bolsonaro. A partir daí ficará definido se o líder das sondagens, com 59 pontos, de acordo com a pesquisa do Instituto Ibope divulgada na segunda-feira, poderá participar nos dois debates que faltam no calendário, no domingo na TV Record e no dia 26, antevéspera das eleições, no da TV Globo.."Ele usa atestados médicos fake", acusou Paulo Pimenta, líder parlamentar do PT. "Imagine se isto fosse nos Estados Unidos, ou na França, ou na Inglaterra? O atestado dele é seletivo, pode participar em atos de campanha, pode fazer lives no Facebook, só não pode debater com o Haddad, eu fui deputado com ele 16 anos e nunca o vi participando de debate, só o vi gritando nos corredores, geralmente com mulheres porque é cobarde, ele só é corajoso em bando ou com mulheres.".Luciano Bivar, deputado do PSL, justifica a ausência por Bolsonaro "não ser um super-homem". "O cara recebe uma facada na barriga, perde dois litros de sangue, ele não é super-homem, além de que ele já falou tudo o que tinha para falar, chegar num debate para estar a ouvir aquele mimimi [reclamação] de que é misógino, fisicamente ele não tem condições para isso e o Lula também faltou a debates na última eleição a que concorreu.".Hamilton Mourão, candidato a vice-presidente na lista de Bolsonaro, não considera, entretanto, "um debate como um problema". "Até porque o Haddad não tem telhados de vidro, tem telhados de porcelana, um debate seria aquilo a que nós dizemos na linguagem militar de confronto direto", concluiu o general..Bolsonaro já admitiu, entretanto, por razões estratégicas não ir a nenhum dos frente-a-frente. "Admito sim, ouvi o Haddad dizendo 'quero que ele me diga o que fez em 28 anos no parlamento', eu responderia para ele 'não roubei ninguém, Haddad'." O candidato de extrema-direita disse ainda que "Haddad é um fantoche, um pau mandado do Lula". "O que eu vou lá debater com esse cara?", perguntou. Em paralelo, o capitão do exército reformado aconselhou os seus eleitores a não falarem com os media. "Eles são todos de esquerda, perguntam uma coisa, só à espera de vocês darem uma escorregada para me atacarem.".Haddad respondeu que Bolsonaro "é, de facto, impróprio para o debate democrático". "Em 28 anos de parlamento eu só o vi destilar ódio o tempo inteiro contra nordestino, contra mulher, contra petista", continuou. "Eu não acredito que ele vá a debates porque ele não tem um plano sequer para o país, além da proposta de armar a população.".Haddad e Bolsonaro ainda não participaram juntos em nenhum debate ao longo da campanha eleitoral. O candidato do PT esteve ausente dos primeiros frente-a-frente realizados por ainda não ter sido formalizado em vez de Lula, impedido pelo tribunal superior eleitoral ao abrigo da Lei da Ficha Limpa. Depois de ser ratificado como o nomeado oficial do PT, no entanto, foi a vez de o presidenciável do PSL começar a falhar debates em virtude do atentado sofrido.