Exclusivo Uma digressão pelo Rio da bossa-nova
Uma das casas mais representativas em que Tom Jobim viveu e trabalhou no Rio está condenada a ir ao chão. Em seu lugar deverá subir um prédio moderno, habitado por pessoas que talvez não saibam o que Tom representa para a música do século XX e dos séculos subsequentes. É a casa da Rua Barão da Torre, n.º 107, em Ipanema. Tom morou nela por cinco anos, de 1960 a 1965, com sua mulher Tereza e os filhos Paulinho e Elizabeth. Foi nela que nasceram Garota de Ipanema, Samba do Avião, Corcovado, Insensatez, Só Danço Samba, Inútil Paisagem, Água de Beber, O Morro não Tem Vez, Só Tinha de Ser com Você, Ela É Carioca, Vivo Sonhando e Surfboard, apenas entre as mais conhecidas. Foi dali que ele tomou um avião para Nova Iorque, para o concerto de bossa-nova no Carnegie Hall, onde começou sua carreira internacional e a da bossa-nova. E foi para ela que, seis meses depois, ele voltou, depois de conquistar o mundo pela primeira vez.
O consolo é saber que, mesmo que a casa da Barão da Torre seja derrubada, ainda será possível fazer uma digressão pelo Rio de Tom Jobim. Seu endereço mais famoso, por exemplo, foi o anterior, na Rua Nascimento Silva, também 107 e também em Ipanema, onde ele fez Chega de Saudade, Desafinado e dezenas de outras, que lançaram as bases da bossa-nova. Há uma placa na fachada do prédio. Da Rua Barão da Torre, Tom se mudaria para outra casa, na Rua Codajás, 108, no Leblon, onde faria Wave, Retrato em Branco e Preto, Sabiá e Águas de Março, e que está no mesmo lugar, embora muito descaracterizada.