Brexit tira cem mil turistas ingleses de Portugal

Atividade turística nacional ressente-se pouco com o divórcio inglês. Ao todo, o Brexit corta oito milhões de viagens em 2021. Só em Espanha haverá menos 1,3 milhões de britânicos em turismo.

A porta de saída está aberta e, mesmo antes do passo final, no turismo já se fazem as contas ao impacto da saída do Reino Unido da UE: sem acordo, as viagens dos britânicos caem 7% já em 2020 e 8% no ano seguinte. Haverá menos oito milhões de turistas ingleses a viajar; em Portugal o corte não irá além das cem mil pessoas, mostram projeções da European Travel Commission.

"Uma saída sem acordo vai afetar os fluxos turísticos através das variáveis macroeconómicas, impactos no sentimento dos consumidores e disrupção no setor das viagens", revela a equipa de Eduardo Santander, diretor executivo deste organismo. O efeito de uma saída sem acordo não será temporário, mas antes "irá afetar de forma permanente os volumes de viagens" destes turistas ao longo dos anos. Menor poder de compra e sentimento económico mais frágil são algumas das razões apontadas.

O impacto, no entanto, não será sentido de forma homogénea nos vários destinos europeus. Em Portugal, por exemplo, o turismo continuará animado e, apesar de um corte de 5,8% no número de turistas oriundos do Reino Unido - qualquer coisa como cem mil pessoas -, a atividade turística em Portugal vai manter-se em alta. Sem Brexit, a projeção da ETC aponta para algo como 2,4 milhões de chegadas de ingleses num total de 16,6 milhões de turistas; com Brexit seriam 2,3 milhões de ingleses num universo de 16,5 milhões de hóspedes.

O mesmo não acontecerá na vizinha Espanha onde o divórcio europeu será pesado. Espanha é o país do mundo mais visitado pelos ingleses - 15,6 milhões no ano passado - e será também o local onde o Brexit terá maior impacto. Em 2021, prevê-se menos 1,3 milhões de chegadas de turistas britânicos em Espanha, a que se junta "uma quebra de 300 mil turistas de outros mercados graças a um menor ritmo de crescimento da economia europeia". Em 2020, só ingleses serão menos 900 mil, "o que representa um corte de mais de dois milhões de viagens de britânicos a Espanha em dois anos", revela a ETC.

A maior queda percentual de turistas vai acontecer na Irlanda onde o setor encolhe 3,5% em 2020 e 5% em 2021, sendo que "cerca de dois terços desta redução é atribuída a menos ingleses a viajar". Eduardo Santander estima que só os ingleses vão reduzir em 8,3% o número de viagens à Irlanda em 2021.

Previsto inicialmente para 29 de março de 2019, o Brexit foi primeiro adiado para 31 de outubro, mas a data de saída do Reino Unido da UE voltou a ser empurrada, estando agora marcada para 31 de janeiro de 2020. Pelo meio, o Reino Unido vai a eleições antecipadas a 12 de dezembro.

O Brexit não é a única nuvem a pairar na Europa. Num cenário em que o turismo internacional europeu deverá crescer 3% a 4% neste ano, o travão económico na Alemanha começa a preocupar. Alguns países já sentem quebras significativas no número de turistas alemães, e Portugal é um deles, juntamente com Grécia e Chipre. E a falência da agência de viagens Thomas Cook só veio agravar o cenário.

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