A corrida n.º 1000 da história do Mundial de Fórmula 1 ficou assinalada como um marco também na carreira do grande nome atual da competição, o pentacampeão Lewis Hamilton, que conquistou no circuito de Xangai, na China, a 75.ª vitória em Grandes Prémios. O segundo triunfo consecutivo da temporada permite ao britânico chegar ao topo da classificação de pilotos pela primeira vez nesta época, ao fim de três corridas, e continuar a perseguição histórica ao único nome que lhe resiste, ainda, na F1: o alemão Michael Schumacher, que ganhou 91 corridas e sete títulos mundiais..Com a terceira dobradinha consecutiva a abrir a temporada de 2019, também a Mercedes reforçou neste Grande Prémio da China o seu legado na Fórmula 1. A construtora alemã igualou a McLaren no segundo lugar desse ranking histórico, com a 47.ª vez em que os seus pilotos acabaram uma corrida nos dois primeiros lugares (1-2), mas longe ainda das 83 da Ferrari. Ora, uma abertura de época assim tão dominante por parte de uma equipa já não era vista desde 1992, quando Nigel Mansell e Ricardo Patrese dominavam o ritmo do pelotão com os seus Williams-Renault..Em 69 anos de corridas desde que o circuito de Silverstone, em Inglaterra, acolheu o primeiro Grande Prémio do Mundial de Fórmula 1 no dia 13 de maio de 1950 - houve algumas outras corridas de F1 antes, mas ainda não sob o chapéu organizativo de um campeonato do mundo -, muita história foi já feita. Mas há espaço ainda para muita mais, como Lewis Hamilton (e não só) se tem esforçado por demonstrar..Ao virar da página do primeiro "milénio" da competição, foram percorridos cerca de 328 mil quilómetros, o equivalente a oito voltas completas ao mundo. Uma boa oportunidade para passar em resenha os factos e as curiosidades que marcaram as pistas do Grande Circo até aqui..Michael Schumacher, o recordista de títulos.Grande nome da geração atual, Lewis Hamilton já tem uma vasta coleção de recordes na história da Fórmula 1, como o de maior número de pontos conquistados (3086), o de pole positions (84), o de pole e vitória na mesma corrida (47), o de mais Grandes Prémios diferentes ganhos (23), o de vitórias num maior número de circuitos diferentes (26), o de corridas consecutivas nos pontos (33), entre vários outros..Mas o recorde que garante o trono no olimpo dos melhores pilotos de sempre, esse ainda está na posse de Michael Schumacher, com os sete títulos conquistados pelo piloto alemão - dois na Benetton (1994 e 1995) e cinco consecutivos na Ferrari, entre 2000 e 2004, o que é também um feito único. Além disso, Schumacher, cujo estado de saúde é atualmente um mistério depois do acidente de esqui no final de 2013, está ainda também no trono no que diz respeito ao número de corridas ganhas, como se referiu no início deste texto, com 91..Tudo começou, no entanto, com o título do italiano Giuseppe Farina, em 1950, ao volante de um Alfa Romeo. Outro italiano, Alberto Ascari, foi o primeiro a conseguir títulos consecutivos, em 1952 e 1953, no que foram também os primeiros títulos para a Ferrrari, a mítica equipa que se tornou o principal símbolo da competição. Mas a primeira grande dinastia foi a do argentino Juan Manuel Fangio, pentacampeão mundial ainda nessa década inicial de 1950 - uma marca que só Schumacher, quase meio século depois, conseguiria bater (e Hamilton, entretanto, igualar)..A mulher que pontuou e o campeão póstumo.Apesar de ser um universo muito masculinizado, também houve duas mulheres entre os 764 pilotos que alguma vez começaram um Grande Prémio de Fórmula 1. E ambas italianas: Maria Teresa de Filippis e Lella Lombardi. Esta última conseguiu mesmo pontuar, garantindo 0,5 pontos pelo sexto lugar no GP de Espanha, em 1975, numa corrida interrompida por um acidente fatal que vitimou cinco pessoas no circuito urbano de Montjuic, na Catalunha..E por falar em acidentes fatais, 32 pilotos morreram durante fins de semana de Grandes Prémios do Mundial de F1, entre os quais dois campeões do mundo: o brasileiro Ayrton Senna, no GP de San Marino em 1994, e o austríaco Jochen Rindt, que morreu durante os treinos do GP de Itália, em Moza, em 1970. Rindt tem a particularidade de ter sido o único piloto campeão a título póstumo, no final dessa temporada, com a viúva Nina a receber o troféu..Entre os pilotos atuais, há mais nomes com direito a aparecer já nos registos históricos da competição, além de Lewis Hamilton. Por exemplo o holandês Max Verstappen, da Red Bull, que se tornou o mais jovem piloto de sempre na Fórmula 1, quando chegou ao campeonato, em 2015, com 17 anos e 166 dias (com 55 anos, o monegasco Louis Chiron foi o mais velho a entrar numa corrida, no GP do Mónaco em 1955). E no ano seguinte passou a ser também o mais jovem de sempre a ganhar uma corrida, no GP de Espanha de 2016, com 18 anos e 228 dias (o mais velho, com 53 anos, foi o italiano Luigi Fagioli, em 1951)..Mas há mais: o alemão Sebastian Vettel, que neste domingo levou o seu Ferrari até ao último lugar do pódio na China, foi o mais novo campeão do mundo de sempre, quando conquistou o título em 2010, com apenas 23 anos e 134 dias, então ao volante de um Red Bull (o mais velho foi Juan Manuel Fangio, com 46 anos, em 1957). Vettel foi também o mais jovem de sempre a conseguir pole e vitória numa mesma corrida, no GP de Itália de 2008, aos 21 anos e 73 dias, quando pilotava então um Toro Rosso. E tem ainda o recorde de poles numa época (15, em 2011)..Trinta e três campeões de 21 países.No total, foram 33 os campeões do mundo até hoje. Num ranking geográfico, foram 21 os países que celebraram um campeão de Fórmula 1. E o Reino Unido domina a lista, com 18 títulos e 10 pilotos. Além de Lewis Hamilton, ganharam o título os britânicos Mike Hawthorn, Graham Hill, Jim Clark, John Surtees, Jackie Stewart, James Hunt, Nigel Mansell, Damon Hill e Jenson Button..Alemanha, com 12 títulos repartidos entre três pilotos (Michael Schumacher, Sebastian Vettel e Nico Rosberg), e Brasil, com oito títulos também distribuídos por três campeões (Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna), completam o pódio de países com mais títulos de F1..O brasileiro Rubens Barrichello é também o piloto que mais corridas fez na competição, com 322, entre 1993 e 2011. Fernando Alonso, Michael Schumacher e Jenson Button são os únicos outros pilotos a ter corrido mais de 300 Grandes Prémios..Monza lidera lista de 72 circuitos.Em 69 anos de Fórmula 1, foram 32 os países que acolheram a prova, em 72 circuitos diferentes. Luxemburgo e San Marino não se incluem porque deram nomes a corridas realizadas na Alemanha e em Itália, respetivamente..Apesar de a estreia ter sido em Silverstone, o circuito britânico não é o mais utilizado. O autódromo italiano de Monza, com 60 corridas realizadas, é o principal palco da Fórmula 1, com o glamour do Mónaco por perto (58). Spa-Francorchamps, na Bélgica, fecha o pódio (46), com mais um Grande Prémio do que Silverstone,.Ferrari, o símbolo da F1.Fórmula 1 sem Ferrari é uma ideia impensável para quase todos os amantes das corridas de automóveis. A marca do cavallino rampante confunde-se com a história da competição e é a mais bem-sucedida de sempre. Tem o recorde de títulos (15), de vitórias (235), de pódios (753), de corridas (975)e é a única construtora que esteve presente em todas as edições do Mundial de F1 até hoje..De resto, apesar de já 61 construtoras terem participado no campeonato, o domínio das Big 4 é esmagador. Em conjunto, Ferrari, McLaren, Williams e Mercedes ganharam 621 das 1000 corridas já disputadas. A primeira equipa a ganhar o Mundial de construtores, no entanto, foi a antiga Vanwall, em 1958, o primeiro ano em que a classificação coletiva foi instaurada..Ao todo, 15 construtores diferentes foram campeões até hoje. A Brawn GP, que em 2009 ficou com a herança da Honda, pode ser considerada a mais bem-sucedida equipa de sempre, pois competiu apenas nesse ano e dominou o campeonato, com título de construtores e de pilotos - 100% de eficácia, portanto..Atual campeã, a Mercedes começou a sua contabilidade de vitórias na atual sequência de títulos, que vai já em cinco consecutivos, a um de igualar o recorde de seis seguidos da Ferrari, entre 1999 e 2004..Cinco pilotos portugueses e 16 Grandes Prémios.Por último, o ADN português na Fórmula 1. Ao longo destas quase sete décadas, a competição passou por três circuitos nacionais. Primeiro pelo da Boavista, no Porto, em 1958 e 1960, depois pelo circuito de Monsanto, em Lisboa, em 1959, e por fim pelo Autódromo Fernanda Pires da Silva, no Estoril, de 1984 a 1996. No total, foram 16 os Grandes Prémios de Portugal a contar para o Mundial..Quanto a pilotos portugueses inscritos, foram cinco até hoje, mas apenas três conseguiram, de facto, disputar corridas. O pioneiro foi Nicha Cabral, que se estreou no GP de Portugal de 1959, disputado em Monsanto. Um ano antes, Casimiro de Oliveira participou no GP de Portugal disputado na Boavista, mas não conseguiu a qualificação..Mais recentemente, na temporada de 1991, Pedro Matos Chaves não conseguiu a qualificação para nenhuma corrida. E o primeiro português a pontuar foi Pedro Lamy, que participou no Mundial entre 1993 e 1996..O ponto alto da participação portuguesa chegou com Tiago Monteiro, o último piloto luso a conseguir chegar à F1, nos anos de 2005 e 2006. O portuense foi o único português a subir a um pódio, com o terceiro lugar no GP dos Estados Unidos de 2005, com um Jordan, como o melhor resultado de sempre para Portugal.