Alertei para os riscos do armamento da população numa carta aberta ao STF porque o presidente da República tinha feito a passagem do tema, sempre muito candente no Brasil, para o terreno da ideologia. Ele disse que seria para a população defender a sua liberdade. Ora, se não existe nenhuma ameaça à democracia e tampouco uma ameaça externa, qual a justificação para se armar a população? Isso é muito grave, em primeiro lugar, porque significa a quebra do monopólio da violência legal do estado nacional e a certidão de nascimento de um estado nacional é exatamente ele deter esse monopólio. Em segundo, essa quebra de monopólio representa uma ameaça às nossas forças armadas. Em terceiro, a questão da guerra civil: embora não esteja no horizonte, o armamento da população sempre resultou em massacres, golpes, genocídios.