Há 46 anos, o Parque Eduardo VII foi o ponto de encontro para a histórica manifestação do Movimento de Libertação das Mulheres. Os jornais noticiaram que iria existir uma queima de sutiãs, mas tal não aconteceu. O objetivo era, sim, queimar símbolos associados aos estereótipos colados ao género feminino, como esfregonas, panos de pó e até um véu de noiva..Nada acabaria por ser queimado naquela que viria a ser a primeira manifestação feminina em Portugal. A iniciativa suscitou a curiosidade de muitos homens e de algumas mulheres numa contramanifestação. Ouviram-se vaias, insultos e as manifestantes desmobilizaram.."Redundou num fracasso a manifestação, ontem projetada para o topo do Parque Eduardo VII, pelo Movimento da Libertação das Mulheres, o qual projetou destruir pelo fogo alguns "símbolos da opressão feminina"", lia-se na edição do DN do dia seguinte..A sociedade portuguesa revelava que ainda não estava desperta para as questões do feminismo, aqui levantadas pelo Movimento de Libertação das Mulheres, que nasceu um mês depois da Revolução de Abril, a 7 de maio de 1974. Precisamente no dia em que Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa foram absolvidas do processo que ficou conhecido como As Três Marias, na sequência da publicação do livro Novas Cartas Portuguesas.