Caminhamos apressadamente no calendário rumo a dia 23 de fevereiro, a data marcada para a tomada de posse do novo governo. A agenda política tem sido rica em acontecimentos, as notícias acerca dos futuros nomes de ministeriáveis também - ainda que nunca confirmadas pela voz do primeiro-ministro, António Costa - e, perguntam-se muitas mulheres: será desta que iremos ver igual número de cadeiras ocupadas por homens e mulheres nos ministérios e nas secretarias de Estado?.Esta não é uma pergunta para se fazer apenas a 8 de março, o Dia Internacional da Mulher, porque fica bem na agenda e é politicamente correto. É, antes, um tema para se abordar todos os dias, até que a sociedade zele pela igualdade de oportunidades. E quando falo e escrevo "oportunidades" estou a referir-me não só às de género, mas de etnia, classe social e até de idade, outra discriminação tão em voga (e incompreensível) no mercado de trabalho..Voltemos ao género. As mulheres socialistas, que apoiam esta maioria absoluta, sentiram necessidade de, a 3 de fevereiro (20 dias antes da tomada de posse do novo Executivo), enviar uma carta ao primeiro-ministro a pedir um "governo paritário". Escreveram a António Costa reivindicando igualdade de mulheres e homens nos cargos políticos do governo e do Parlamento..O secretariado nacional das Mulheres Socialistas apelou a que seja aprofundada "a paridade nos cargos de decisão política" e que seja conferida "centralidade à temática da igualdade na orgânica" do futuro Executivo. Pediu ainda à "futura liderança da bancada parlamentar" - que deverá ser entregue, como o DN noticiou, mais uma vez a Ana Catarina Mendes - "que proponha presidências paritárias para as comissões atribuídas ao PS"..Até agora, António Costa não deu qualquer sinal. Apenas tem reiterado a intenção de ter um governo "mais curto e mais enxuto", uma "task force para a recuperação". Em dezembro último admitiu ser necessário um novo modelo de governo, mais adequado aos tempos desafiantes que vivemos e vamos viver e "com competências mais transversais, sendo mais compacto"..A equipa ainda em funções conta com 19 ministros e 50 secretários de Estado. E foi, de todos os governos constitucionais, o que mais mulheres elegeu para o cargo de ministra. Mas "mais" não é sinónimo de "igual". Por isso no manifesto divulgado as Mulheres Socialistas reivindicaram "lideranças 50/50 a todos os níveis da decisão política, social e económica"..A competência deve estar sempre, acima de tudo, no setor público ou no privado, seja na escolha de homens seja de mulheres. Mas, com tanto talento feminino formado e bem formado em Portugal e no estrangeiro, não será certamente difícil convidar mais mulheres para fazerem parte da tal task force de recuperação e chegar aos tais 50/50, seja atendendo ao apelo das mulheres socialistas, seja de todas as outras correntes partidárias. Que a busca infinita da competência se faça sempre, mas que não sirva nunca como desculpa para dificultar a ascensão da mulher. O país precisa, as nossas filhas também.