O restaurante estava cheio mas lá nos conseguiram arranjar uma mesa num canto. No centro da sala e no outro extremo havia duas mesas corridas com jantares de Natal - barretes vermelhos e brancos, trocas de presentes e os sorrisos fingidos próprios da informalidade empresarial..Ao nosso lado, uma mesa de sete pessoas (e depois mais) celebrava um aniversário com sotaque e alegria do Minho - brindes a esmo, muitos abraços e gargalhadas à solta..Já depois do bolo e do espumante, com os ânimos cada vez mais levantados, veio a empregada pedir alguma contenção... "Os outros clientes, desculpem, se pudessem falar um pouco mais baixo...".Um dos convivas (na ponta da mesa, mesmo ao nosso lado) deixou-a terminar e respondeu com bonomia: "Desculpe lá, mas o aniversariante deles ainda não nasceu e já está morto, a nossa está aqui fresca e para durar..."