Goleada na Lituânia, com póquer de Ronaldo com vista para mais recordes
A seleção nacional cumpriu a obrigação, goleou a frágil Lituânia, em Vilnius, por 5-1, e segue firme na caminhada para a fase final do Euro 2020, que alcançará se vencer as duas partidas com o Luxemburgo e na receção aos lituanos.
Mas mais do que falar deste triunfo anunciado, importa falar de mais um feito histórico de Cristiano Ronaldo, que pela segunda vez marcou quatro golos num só jogo ao serviço da equipa das quinas, superando assim Nuno Gomes, Pauleta e Eusébio, que alcançou esse feito no Mundial de 1966 naquele histórico jogo com a Coreia do Norte. CR7 repetiu o feito que tinha alcançado com Andorra, a 7 de novembro de 2016 em Aveiro, na fase de qualificação para o Mundial 2018.
Só que há mais. Na sua internacionalização número 160, Cristiano Ronaldo chegou 93 golos ao serviço de Portugal e está cada vez mais perto de alcançar o impensável recorde mundial do iraniano Ali Daei, que é o melhor marcador de sempre de seleções com 109 remates certeiros. A CR7 faltam apenas 16 para igualar esse feito, sendo por isso cada vez mais possível atingir essa marca, o que há alguns anos parecia impensável.
Os portugueses já se habituaram a esta máquina que é Ronaldo e o tempo tem mostrado que com ele não há impossíveis. O jogo desta terça-feira não era missão impossível para a seleção nacional, longe disso, mas foi preciso um goleador de pontaria afinada para acabar com um sofrimento desnecessário que foi crescendo após o inesperado golo do empate da Lituânia aos 28 minutos.
Num jogo como este marcar cedo era importantíssimo para evitar problemas, até porque os lituanos estariam mais confortáveis com o relvado sintético e seria previsível que erguessem um muro defensivo à frente do guarda-redes. Por isso, quando aos sete minutos Ronaldo transformou em golo o penálti originado pelo cruzamento de João Félix que foi desviado pelo braço de Palionis, tudo parecia encaminhar-se para uma noite tranquila.
O avançar dos minutos mostrou uma equipa nacional dominadora, é verdade, mas com um jogo pouco dinâmico e sem grande velocidade, o que facilitava as marcações do adversário que, no entanto, foi revelando muitas limitações técnicas e organizativas. Por essa razão, apesar da pouca inspiração dos jogadores portugueses iam surgindo situações de finalização, que iam sendo desperdiçadas, uma vezes devido algum excesso de confiança, outras por causa do guarda-redes Setkus.
A Lituânia revelava dificuldades até em sair para contra-ataque, mas numa das vezes que chegou lá à frente conquistou um canto, onde acabaram por fazer o empate através de uma cabeçada de Andriuskevicius saltou mais alto que João Félix. Era a festa dos adeptos lituanos e a surpresa para quem assistia ao jogo. Esperava-se uma reação imediata de Portugal, mas apesar continuar a criar situações para finalizar, a ineficácia continuava e começaram a surgir algumas dúvidas quanto à capacidade de desfazer o empate com que se chegou ao intervalo.
O início da segunda parte não registou grandes melhorias na dinâmica da equipa, até que Fernando Santos decidiu por tirar Bruno Fernandes, lançando Rafa Silva para o lado esquerdo para que pudesse acelerar o jogo da equipa, passando a seleção a jogar num 4x4x2, com Ronaldo e João Félix no eixo do ataque. Ainda os efeitos do extremo do Benfica não se tinham começado a fazer sentir quando Cr7 rematou uma bola com efeito, de fora da área, que parecia controlada pelo guarda-redes Setkus, que no entanto se atrapalhou de tal forma que deixou a bola escapar para dentro da baliza. Estava resolvido o imbróglio em que Portugal parecia metido.
A partir desse momento não restavam dúvidas que os três pontos estavam garantidos, até porque se tratou de um duro golpe no ânimo dos lituanos, ainda mais quando três minutos depois do frango de Setkus, Bernardo Silva serviu Ronaldo para o 3-1. A mesma dupla voltaria a entrar em ação aos 76 minutos com o médio do Manchester City a servir CR7 para o histórico póquer.
O resultado ficou fechado no último lance da partida na sequência de um canto, com Rúben Dias a tentar dominar a bola de costas para a baliza quando apareceu William Carvalho a rematar para o fundo da baliza. Estava consumada a goleada, mas mais importante do que isso são os três pontos que colocam a equipa das quinas com oito pontos no segundo lugar do grupo B.
Não podia ser de outra maneira. Quatro golos num jogo é sempre um feito importante, independentemente do adversário que esteja pela frente. Mas neste jogo valeram a conquista de três pontos e lançaram Ronaldo para um dos recordes mais apetecíveis do futebol mundial: ultrapassar os 109 golos de Ali Daei, o atual melhor marcador de sempre de seleções. E já só faltam 16 para igualar. Quanto ao resto da exibição do jogador da Juventus, não se pode dizer que tenha feito uma partida de encher o olho, mas quando ele está em campo tudo pode acontecer. Além de Ronaldo, merece destaque ainda Bernardo Silva, com duas assistências que premeiam o jogador mais lúcido da seleção nacional durante todo o jogo.
VEJA OS GOLOS
0-1, Cristiano Ronaldo
1-1, Andriuskevicius
1-2, Cristiano Ronaldo
1-3, Cristiano Ronaldo
1-4, Cristiano Ronaldo
1-5, William Carvalho
FICHA DO JOGO
Estádio LFF, em Vilnius
Árbitro: Bas Nijhuis (Holanda)
Lituânia - Setkus; Mikoliunas, Palionis, Girdvainis, Andriuskevicius; Simkus; Slivka, Vorobjovas, Kuklys (Zulpa, 69'), Verbickas (Kazlauskas, 77'); Laukzemis (Petravicius, 66')
Treinador: Valdas Urbonas
Portugal - Rui Patrício; João Cancelo, José Fonte, Rúben Dias, Raphaël Guerreiro; Rúben Neves, William Carvalho, Bruno Fernandes (Rafa Silva, 56'); Bernardo Silva (Pizzi, 88'), Cristiano Ronaldo (Gonçalo Guedes, 79'), João Félix
Treinador: Fernando Santos
Golos: 0-1, Cristiano Ronaldo (7'); 1-1, Andriuskevicius (28'); 1-2, Cristiano Ronaldo (62'); 1-3, Cristiano Ronaldo (65'); 1-4, Cristiano Ronaldo (76'); 1-5, William Carvalho (90'+3)