O dilema instala-se nas famílias portuguesas: vacinar ou não vacinar as crianças contra a covid-19? À beira do Natal e com a preocupação de proteger os mais velhos e os mais vulneráveis, a sociedade precisa de informação cada vez mais clara, fidedigna e com evidência científica no que a este assunto diz respeito. Estão inflamadas as opiniões que têm vindo a público nos últimos dias, acerca deste tema, por parte de professores, diretores de escolas, médicos, epidemiologistas, etc. Mas o que conta, quero acreditar, é mesmo a demonstração de evidência científica..Este não é um caso para "achismos", mas para ouvir quem sabe e estuda, profundamente, os impactos da vacinação contra a covid-19 nos miúdos. Com base nessa evidência - a acrescentar ao facto de os mais novos serem hoje novas fontes de contágios das turmas e das famílias -, poderá valer a pena a inoculação para os proteger a eles e aos outros..Ontem à tarde a Direção-Geral da Saúde (DGS) recomendou a vacinação das crianças entre os cinco e os 11 anos, com prioridade para as que têm doenças consideradas de risco grave para covid-19. O arranque ficou marcado para o dia 18 de dezembro. A diretora-geral da Saúde garantiu que a decisão sobre a vacinação das crianças dos 5 aos 11 foi tomada devido às "vantagens para as próprias crianças" e não para salvaguardar os adultos. Esse "é um bónus", disse..Graça Freitas recordou o estudo feito pela Comissão Técnica de Vacinação: com 85% de cobertura vacinal entre os cinco e os 11 anos, evitar-se-iam 13 mil infeções, 51 infeções e cinco casos em cuidados intensivos até à Primavera de 2022..Hoje sabemos pelos médicos que até mesmo as crianças saudáveis têm vindo a ser internadas em hospitais por causa da covid-19. Há registo de mais de 600 hospitalizações de crianças, e 20 com internamentos em Unidades de Cuidados Intensivos, ou seja, há uma dimensão mais grave da doença nas crianças do que sabíamos até aqui, inclusive ao nível das sequelas que ficam nas crianças, mesmo nas assintomáticas. Se puderem ser poupadas à experiência marcante de um internamento e a eventuais complicações, porquê adiar ou decidir pela não vacinação das crianças se a evidência científica a aconselha? A busca de mais evidência científica não pára por aqui. A investigação continua. Mas já foi um passo importante tornar público o parecer técnico da Comissão Técnica da Vacinação. Se "não há nenhum elemento secreto", como afiança Graça Freitas, que não se prive a sociedade de toda a informação, de todos os dados que possam ajudar a decidir em consciência e a reduzir a incerteza e o receio do futuro..Diretora do Diário de Notícias