Morreu o Papa Pio XI

O Santo Pontífice morreu a 10 de fevereiro de 1939 e a capa do DN no dia 11 diz que "o Mundo inteiro curva-se com respeito diante da figura histórica e venerável que deixa vago o trono de S. Pedro".
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O título do artigo sobre a morte de Pio XI é um lamento e uma homenagem ao Papa: "O catolicismo, ferido profundamente pela perda do Sumo Pontífice, manifesta a sua dor em todos os cantos da Terra." O artigo conta como foram os últimos momentos de Pio XI: "No derradeiro instante de vida, o Papa murmurou: "Jesus, Maria, José, confio-vos a minha alma" e traçou no ar a sua última bênção.

A notícia reproduz também o último boletim clínico do Papa, que dava conta do seguinte: "O estado de saúde de Sua Santidade, que há dias apresentava manifestações de catarro traqueobrônquico, com febre ligeira, agravou-se às primeiras horas da noite devido ao aumento de temperatura (40º) e aumento das perturbações respiratórias", lia-se na nota médica. Pelas quatro da manhã, o sobrinho de Pio XI - o conde Ratti - "compareceu imediatamente e ainda assistiu aos últimos momentos do Soberano Pontífice. Até à sua morte Sua Santidade conservou a lucidez de espírito".

Antes de morrer - às 5.30 - Pio XI murmurou: "Jesus, Maria, José, confio-vos a minha alma."

"Uma cena emocionante", descreve o DN, e conta como a irmã de Pio XI, D. Camila Ratti, se despediu do Papa - e todos os cardeais presentes no quarto "se inclinaram à sua passagem". Depois, "D. Camila caiu de joelhos em frente do leito fúnebre e ficou absorvida numa longa oração entrecortada de soluços".

Desde o meio-dia, dá nota ainda o jornal, que as 400 igrejas de Roma tocam os sinos a finados continuamente e na cidade "se veem bandeiras de luto quase todas com fitas pretas".

Os cardeais italianos e estrangeiros em Roma foram introduzidos um a um no quarto do Papa, a quem beijaram a mão ajoelhando. Antes de morrer, o Santo Padre proferiu algumas palavras dificilmente inteligíveis. Parece ter dito "Paz ou Jesus".

Na primeira página do Diário de Notícias de 11 de fevereiro de 1939 destacou-se: "Palavras do Chefe da Igreja portuguesa aos portugueses de todo o Mundo." O cardeal-patriarca de Lisboa proferiu no dia da morte do Papa um discurso que foi radiodifundido pela Emissora Nacional "em ondas médias e curtas para que pudessem ouvi-las os portugueses de todo o Mundo a quem eram dirigidas".

"Morreu Pio XI. Finou-se como a luz que morre na candeia depois de se esgotar, alumiando o Mundo. A Igreja Católica chora em toda a terra a Sua morte santa, e com lágrimas se lembra a glória da Sua vida. (...) Não é só a Igreja que nesta hora sente a imensidão da perda de Pio XI. Pode dizer-se que a própria humanidade (...)", são algumas das palavras presentes no discurso do cardeal.

E destaca-se ainda uma imagem da assinatura do Tratado de Latrão, em fevereiro de 1929, "um dos factos culminantes do pontificado".

É anunciado também o próximo conclave - a imprensa italiana adiantava o dia 20, mas dizia que "nada está, nesse sentido, resolvido". A corte italiana anunciou um luto de oito dias e chegaram condolências do mundo inteiro.

O DN lembrou a peregrinação de 1925 do Papa Pio XI a Portugal e de como, em 1934, "diretamente ao Diário de Notícias, (...) manifestou o seu carinho por Portugal".

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