Os depósitos bancários continuam a ser das aplicações financeiras preferidas pelos portugueses e atingiram máximos, mesmo com os baixos juros oferecidos. Os bancos nacionais propõem taxas bem abaixo da inflação e são menos generosos do que os concorrentes europeus na hora de remunerar..O juro médio na zona euro é o dobro do oferecido pelas instituições financeiras nacionais, um fator que reflete também o facto de em Portugal os juros do crédito serem mais baixos do que na maior parte dos outros países do euro. Fazer um depósito em Portugal rendeu, em média, 0,15% em novembro, a última data dos dados divulgados pelo Banco de Portugal..Na zona euro, essas aplicações tiveram um juro médio de 0,29% em depósitos com prazo até um ano. A taxa oferecida pelos bancos nacionais bateu novos mínimos. É metade do que se verificava há cerca de ano e meio e está bem longe dos mais de 4,5% que os bancos ofereciam em 2011..As remunerações dos depósitos acompanharam a tendência de descida dos juros cobrados pelas instituições financeiras no crédito à habitação. Entre meados de 2017 e novembro de 2018, esse custo baixou de 1,70% para 1,36%, refletindo os valores negativos das Euribor e, principalmente, a descida dos spreads praticados pelos bancos..Além de cobrarem menos, os bancos também abriram a torneira dos empréstimos. Destinaram 8,9 mil milhões em financiamentos à habitação entre janeiro e novembro do ano passado, o valor mais elevado desde 2010..Os bancos têm mostrado mais disponibilidade para dar crédito e menos pressão para garantir depósitos depois de terem ajustado os seus balanços durante a crise. Um dos indicadores a melhorar foi o rácio de transformação, que compara o valor que os bancos têm em crédito com o montante que conseguiram em depósitos.. Infografia DN.No pico da crise, o rácio era superior a 135% (os bancos davam 135 euros de crédito por cada cem euros de depósitos). Em 2007 tinha superado os 160%. Atualmente, esse indicador baixou para 98%, o que indicia um menor risco no balanço dos bancos e retira a urgência em garantir novos depósitos. Na zona euro o rácio é de 104%..Depósitos batem recordes.Mas mesmo com os juros em mínimos e abaixo da inflação (prevista em 1,5% para 2019) os bancos não têm sentido mossa nos depósitos. Pelo contrário. Em novembro do ano passado, foi atingido um novo máximo histórico no dinheiro investido nestas aplicações financeiras..O valor guardado em depósitos atingiu 143,75 mil milhões de euros, contra 140 mil milhões no mesmo mês de 2017. O Banco de Portugal explicou, no último Relatório de Estabilidade Financeira, divulgado em dezembro, que o reforço das aplicações financeiras em depósitos "terá refletido uma preferência por ativos de maior liquidez e habitualmente percecionados como de menor risco"..Além da procura por segurança num ano negativo nos mercados financeiros, em 2018 houve menos alternativas de poupança do que em anos anteriores. O Tesouro realizou apenas uma emissão de obrigações direcionadas para o retalho, em junho. Em 2016 e 2017 tinha feito três operações desse tipo, incluindo emissões em novembro para aproveitar o pagamento dos subsídios de Natal.