Cimeira Social e a Europa em marcha
A importância do Estado social foi reafirmada no Porto, na cimeira que ainda decorre durante o dia de hoje e que junta vários líderes europeus. A pandemia mostrou, e bem, como o papel do Estado pode ser importante em momentos críticos da civilização. Durante o último ano, podia ter sido melhor e mais ágil? Podia, claramente. Mas desinvestir do Estado social só nos deixaria mais frágeis e impreparados para enfrentar as próximas grandes crises e pandemias que, segundo os especialistas na área da saúde e do ambiente, deverão tornar-se mais vulgares.
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A recuperação económica e social da Europa urge e far-se-á com menor dor se o Estado cumprir bem o seu papel. A recuperação não pode atender apenas à urgência do presente, uma estratégia terá de ser delineada para que saibamos para onde vamos e com quem vamos.
A emergência sanitária juntou-se à climática. Mas enquanto em relação ao clima muitos líderes fingiam que não viam ou tapavam o sol a peneira, na crise da saúde não foi possível disfarçar ou maquilhar o indisfarçável.
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Ao Porto acorreram 24 dos 27 chefes de Estado e de Governo da União Europeia. Pesos-pesados para tomar decisões firmes e com impacto no futuro. O plano de ação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais, apresentado pela Comissão Europeia em março e em foco ontem e hoje, prevê três grandes metas para 2030: ter pelo menos 78% da população empregada, 60% dos trabalhadores a receberem formação anualmente e retirar 15 milhões de pessoas, cinco milhões das quais crianças, do risco de pobreza e exclusão social.
A semana terminou com sinais de confiança, mas também tinha começado com uma luz de esperança: o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, que se assinalou na passada segunda-feira. Aliás, ocasião ainda para recordar a icónica frase "jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Tudo o resto é publicidade". Resta saber qual a fonte exata, ou seja, se a disse George Orwell ou William Randolph Hearst, cuja vida e a obra serviram de base à rodagem da película Citizen Kane. A fonte é sempre importante, mas o sentido das palavras também. Em véspera do arranque de mais uma semana, faço votos que todas elas comecem assim: livres e verdadeiras.