O Dragão recebe neste sábado mais um clássico entre FC Porto e Benfica. Caso os dragões vençam, encurtam a distância para quatro pontos e relançam as contas do campeonato. Se o Benfica sair vencedor, aumenta para dez pontos a vantagem e fica com o título muito bem encaminhado. Chainho e José Carlos, ex-jogadores de FC Porto e Benfica, respetivamente, hoje comentadores da Sport TV, aceitaram o desafio do DN e puseram-se na pele dos dois treinadores..Para Chainho, os jogadores do FC Porto "têm de ter criatividade" e diz que é fundamental "arriscar nos lances de um para um e aparecer com muitos homens dentro da área". José Carlos exige "elevados níveis de concentração para que assim o erro individual não aconteça" e diz que é imperioso "os jogadores transformarem o ambiente hostil que vão sentir, numa motivação extra".."FC Porto com muita criatividade e muitos homens dentro da área".Carlos Chainho tem 45 anos, dos quais três foram passados como jogador do FC Porto. Atualmente dedica-se a analisar o jogo no papel de comentador da Sport TV e aceitou o desafio lançado pelo DN de vestir a pele de treinador dos dragões. O antigo médio explica a estratégia que adotaria para o clássico deste sábado com o Benfica, que os portistas estão obrigados a ganhar para relançarem a corrida ao título..A escolha do onze (ver quadro), admite, "não é fácil", tendo em conta as prováveis ausências de Pepe e Danilo Pereira devido a lesão, mas também por causa de encontrar a melhor forma de encaixar algumas peças no onze. "Acredito que o Jesús Corona irá jogar como ala direito, ficando Wilson Manafá como lateral, e assim tenho a dúvida entre Luis Díaz e Marega, mas poria o Marega, que pode estar muito mal mas aparece sempre nos momentos difíceis", assumiu o antigo médio..Na estratégia que Chainho adotaria para o clássico há uma palavra-chave: "Paciência." "O FC Porto tem de ser uma equipa muito paciente, com muita circulação de bola e sem abusar dos passes verticais. É fundamental que os alas - Corona e Marega - equilibrem a equipa com os seus posicionamentos, no caso do Corona, por ser o maior desequilibrador da equipa, é fundamental que consiga condicionar as subidas de Grimaldo", adiantou..Apesar dos cuidados que deve adotar durante a partida, Chainho defende que o FC Porto tem de fazer uso dos seus pontos fortes, que "tão bons resultados deram na Luz" na partida da primeira volta, que os dragões venceram por 2-0. "O poder físico é fundamental e acredito que neste jogo o FC Porto vai pressionar muito a primeira fase de criação do Benfica, a partir dos centrais, que é muito boa. Aliás, o Rúben Dias e o Ferro são muito bons nisso e quando a equipa se vira de frente para o jogo torna-se muito complicado para os adversários", argumenta, assumindo que "uma pressão forte irá bloquear esse ponto forte" dos encarnados..Chainho defende ainda a importância de os jogadores do FC Porto estarem "muito concentrados" para que possam "fazer as compensações" no meio-campo "quando Pizzi e Cervi se deslocarem para zonas interiores". Contudo, um dos maiores cuidados que é preciso ter, de acordo com o antigo médio, é com a velocidade de Rafa Silva, que "previsivelmente irá jogar na frente com o Vinícius". "É preciso condicioná-lo e mandá-lo para os corredores, onde se torna menos perigoso", defende, argumentando que a muito provável ausência de Pepe, por lesão, torna mais complicada a organização defensiva da equipa neste clássico. "O Pepe é um defesa muito rápido e inteligente, pois encurta muito o espaço para avançados como o Rafa. Não estando ele, torna-se mais complicado", justificou..Além da paciência para abordar este clássico, Carlos Chainho defende que os jogadores do FC Porto "têm de ter criatividade" e, além disso, considera fundamental "arriscar nos lances de um para um e aparecer com muitos homens dentro da área"..Chainho está consciente de que o FC Porto está obrigado a ganhar para se manter na corrida pelo título, pois "o Benfica ficará confortável no campeonato se empatar ou vencer". Nesse sentido, admite que "se a 15 ou 20 minutos do fim o FC Porto não estiver a vencer, é natural que surja alguma desconfiança nos jogadores", razão pela qual garante que nesse momento "é importante manter a paciência"..É para evitar esse tipo de sensações que Chainho defende "uma entrada com tudo no jogo para que se possa fazer um golo logo no início". Aliás, o antigo jogador está mesmo convencido de que isso irá acontecer porque "o FC Porto não é uma equipa que espere o que a partida irá ditar".."O Benfica precisa de elevados níveis de concentração para evitar o erro".José Carlos tem 53 anos e uma história de quatro épocas como defesa direito do Benfica no início da década de 1990. Atualmente é comentador da Sport TV e mostra-se identificado com aquilo que os encarnados podem fazer neste sábado no Estádio do Dragão no clássico com o FC Porto. Aceitou fazer de Bruno Lage e deixou logo uma certeza: "Fazer o onze para este jogo é muito fácil [ver quadro].".O antigo jogador apostaria em Gabriel de início, mas dada a lesão de última hora do médio, a aposta recai sobre Taarabt, que tem brilhado nos últimos jogos dos encarnados. "O Weigl e o Gabriel dariam melhor equilíbrio defensivo, posicionam-se melhor no meio-campo do Benfica. Mas dada a lesão do Gabriel, a escolha óbvia para o onze recai em Taarabt, que também já demonstrou que dá garantias defensivas." O onze que escolheu é, em sua opinião, "aquele que tem melhores características para um jogo desta exigência", pois "o FC Porto deverá jogar muito subido e com uma grande pressão e, como tal, o Benfica pode aproveitar com Rafa Silva e Carlos Vinícius na frente de ataque, e com Franco Cervi a contribuir para o equilíbrio da equipa"..A diferença de sete pontos favorável ao Benfica obriga o FC Porto a vencer para se relançar na luta pelo título, enquanto a equipa de Bruno Lage sabe que, além da vitória, o empate também lhe é favorável para manter a distância pontual. Nesse sentido, José Carlos defende que os encarnados "têm de estar muito atentos a Jesús Corona e a Marega, mas também à capacidade de finalização de Soares". Por isso, está convencido de que os dragões "vão jogar com dois avançados, num 4x4x2 mais clássico", num sistema em que "Alex Telles terá mais liberdade para subir pelo flanco esquerdo, para aproveitar a sua capacidade para criar desequilíbrios e assistir os companheiros"..O principal segredo para o sucesso do Benfica no Estádio do Dragão está, de acordo com José Carlos, bem identificado: "É preciso ter a capacidade de manter a posse bola durante o máximo de tempo possível, pois foi isso que faltou no jogo da Luz." Em termos de organização defensiva, aconselharia "jogar num bloco um pouco mais baixo para controlar as tentativas de Marega aproveitar a profundidade e também controlar os movimentos de Soares na área"..A preparação deste clássico é, para José Carlos, "mais complicada para o Benfica, porque há alguma indefinição em relação ao meio-campo que o FC Porto irá utilizar". De qualquer forma, parte do princípio que Corona jogará como defesa direito e, com Alex Telles na lateral esquerda, os encarnados "devem aproveitar o previsível balanceamento ofensivo do adversário para explorar as costas dos laterais". Na prática, o antigo jogador lembra que "a necessidade de o FC Porto atacar vai obrigar a destapar a defesa, sobretudo se for com muita sede ao pote". Há uma questão muito importante que, de acordo com José Carlos, joga a favor do Benfica, que é "o tempo". "Quem tiver mais cabeça fria durante o jogo terá vantagem... e, nesse aspeto, parece-me que o FC Porto é uma equipa de mais sangue quente, à imagem do seu treinador, pelo que com os minutos a passar sem estar em vantagem poderá causar algum descontrolo emocional nos jogadores e isso pode ser aproveitado pelo Benfica", assumiu..O principal conselho que José Carlos daria aos jogadores que vão entrar no Dragão tem que ver com a concentração. "É preciso cumprir à risca o plano e que todos mantenham o foco no jogo, com elevados níveis de concentração para que assim o erro individual não aconteça", sublinhou, alertando ainda para a necessidade de "os jogadores transformarem o ambiente hostil que vão sentir, numa motivação extra" para aquela que será "uma partida com grande impacto para o que resta do campeonato".