"Conheçam a nossa Amazónia, nossas praias, nossas cidades e nosso Pantanal. O Brasil é um paraíso, mas ainda é pouco conhecido", disse, durante o seu curto discurso em Davos, no Fórum Económico Global, Jair Bolsonaro..O presidente do Brasil tem razão: o seu país impressiona, sobretudo, pelas belezas naturais. E o povo - caloroso, simpático, hospitaleiro - é o anfitrião perfeito..Há o problema da insegurança mas até nisso Bolsonaro pensou: "Vamos investir pesado na segurança para que vocês nos visitem com suas famílias, pois somos um dos primeiros países em belezas naturais, mas não estamos entre os 40 destinos turísticos mais visitados do mundo.".As associações de operadores de turismo aplaudiram. A indústria hoteleira, as linhas aéreas e o povo em geral também..Mas se Bolsonaro queria promover uma viagem ao Brasil esqueceu-se de sublinhar que o país, desde a formação do seu governo, oferece ainda uma outra experiência..A ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, pastora do culto do Evangelho Quadrangular que recusa encarar o aborto como questão de saúde pública, apesar das milhares de mortes a cada ano de mulheres pobres em operações clandestinas, acredita que "será a igreja evangélica, e não o governo, a mudar o Brasil"..Para Damares, que assessorou um deputado que quis legislar sobre a cura gay, "ninguém nasce homossexual". Ela, que assessorou também Magno Malta, o grotesco pastor íntimo de Bolsonaro, disse ainda que "a mulher nasce para ser mãe mas infelizmente tem de ir para o mercado de trabalho"..Antes, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, escrevera que o presidente dos EUA é uma espécie de salvador do mundo, alguém que "atua na recuperação do passado simbólico, da história e da cultura das nações ocidentais". "Somente um Deus [presume-se que Donald Trump] pode salvar o ocidente.".Araújo prega contra o "marxismo cultural vigente", em que se inclui a teoria do aquecimento global, mais ou menos a mesma visão de Ricardo Vélez, o novo titular da Educação para quem existe no Brasil "uma doutrinação de índole cientificista e enquistada na ideologia marxista"..Vélez, que acha que a data do golpe de 1964, que resultou numa ditadura militar, deve ser lembrado e comemorado, nos últimos dias afirmou ainda que a universidade deve estar ao alcance apenas de uma "elite intelectual"..Há ainda Ricardo Salles, o novo ministro do Meio Ambiente, que em campanha sugeria usar a bala, até porque a pólvora é um fetiche do novo regime, contra "três pragas": o javali, a esquerda em geral e o Movimento dos sem Terra, uma organização social que defende a reforma agrária..Salles, que é alvo de uma ação por improbidade administrativa por fraude ambiental, foi descrito pelo Observatório do Clima, uma organização ecologista, como "um ajudante de ordens" da ministra da Agricultura nomeada, Tereza Cristina, a deputada que lidera a chamada Bancada do Boi, grupo suprapartidário criado para defender o lóbi dos latifundiários. Ele próprio foi sugerido para o governo pelas organizações ligadas aos grandes proprietários e, por isso, os mais interessados em desmatar a Amazónia, pulmão do Brasil e do planeta Terra..A mais fantástica experiência turística de quem visita o Brasil de hoje, não mencionou Bolsonaro em Davos, é afinal a concretização da profecia de Ray Bradbury, o autor americano de ficção científica que em The Sound of Thunder [O Som do Trovão], de 1952, imaginou uma operadora turística que oferecia viagens ao passado..Visite o Brasil de Bolsonaro e, além da Amazónia, das praias, das cidades e do Pantanal, saberá como era viver na Idade Média..*Em São Paulo
"Conheçam a nossa Amazónia, nossas praias, nossas cidades e nosso Pantanal. O Brasil é um paraíso, mas ainda é pouco conhecido", disse, durante o seu curto discurso em Davos, no Fórum Económico Global, Jair Bolsonaro..O presidente do Brasil tem razão: o seu país impressiona, sobretudo, pelas belezas naturais. E o povo - caloroso, simpático, hospitaleiro - é o anfitrião perfeito..Há o problema da insegurança mas até nisso Bolsonaro pensou: "Vamos investir pesado na segurança para que vocês nos visitem com suas famílias, pois somos um dos primeiros países em belezas naturais, mas não estamos entre os 40 destinos turísticos mais visitados do mundo.".As associações de operadores de turismo aplaudiram. A indústria hoteleira, as linhas aéreas e o povo em geral também..Mas se Bolsonaro queria promover uma viagem ao Brasil esqueceu-se de sublinhar que o país, desde a formação do seu governo, oferece ainda uma outra experiência..A ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, pastora do culto do Evangelho Quadrangular que recusa encarar o aborto como questão de saúde pública, apesar das milhares de mortes a cada ano de mulheres pobres em operações clandestinas, acredita que "será a igreja evangélica, e não o governo, a mudar o Brasil"..Para Damares, que assessorou um deputado que quis legislar sobre a cura gay, "ninguém nasce homossexual". Ela, que assessorou também Magno Malta, o grotesco pastor íntimo de Bolsonaro, disse ainda que "a mulher nasce para ser mãe mas infelizmente tem de ir para o mercado de trabalho"..Antes, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, escrevera que o presidente dos EUA é uma espécie de salvador do mundo, alguém que "atua na recuperação do passado simbólico, da história e da cultura das nações ocidentais". "Somente um Deus [presume-se que Donald Trump] pode salvar o ocidente.".Araújo prega contra o "marxismo cultural vigente", em que se inclui a teoria do aquecimento global, mais ou menos a mesma visão de Ricardo Vélez, o novo titular da Educação para quem existe no Brasil "uma doutrinação de índole cientificista e enquistada na ideologia marxista"..Vélez, que acha que a data do golpe de 1964, que resultou numa ditadura militar, deve ser lembrado e comemorado, nos últimos dias afirmou ainda que a universidade deve estar ao alcance apenas de uma "elite intelectual"..Há ainda Ricardo Salles, o novo ministro do Meio Ambiente, que em campanha sugeria usar a bala, até porque a pólvora é um fetiche do novo regime, contra "três pragas": o javali, a esquerda em geral e o Movimento dos sem Terra, uma organização social que defende a reforma agrária..Salles, que é alvo de uma ação por improbidade administrativa por fraude ambiental, foi descrito pelo Observatório do Clima, uma organização ecologista, como "um ajudante de ordens" da ministra da Agricultura nomeada, Tereza Cristina, a deputada que lidera a chamada Bancada do Boi, grupo suprapartidário criado para defender o lóbi dos latifundiários. Ele próprio foi sugerido para o governo pelas organizações ligadas aos grandes proprietários e, por isso, os mais interessados em desmatar a Amazónia, pulmão do Brasil e do planeta Terra..A mais fantástica experiência turística de quem visita o Brasil de hoje, não mencionou Bolsonaro em Davos, é afinal a concretização da profecia de Ray Bradbury, o autor americano de ficção científica que em The Sound of Thunder [O Som do Trovão], de 1952, imaginou uma operadora turística que oferecia viagens ao passado..Visite o Brasil de Bolsonaro e, além da Amazónia, das praias, das cidades e do Pantanal, saberá como era viver na Idade Média..*Em São Paulo