Do jogo do empurra às boas notícias

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"Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo." A frase é popular e é regularmente atribuída a Fernando Pessoa, ainda que alguns autores contestem a sua autoria. Mas vamos à mensagem: em Portugal, empreender é sempre difícil e há sempre muitos caranguejos no balde que, ao ver um dos seus pares subir, crescer e empreender, o puxam de volta para o fundo do balde. Por isso não é de admirar que a construção e a organização da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa esteja cheia de pedras no caminho. Da disputa política ao argumento financeiro, da discussão ambiental à localização, têm sido muito os calhaus no trajeto.

Até que, no final desta semana, tivemos a boa notícia de que governo e Câmara Municipal de Lisboa chegaram a acordo para fazer acontecer de 1 a 6 de agosto de 2023. Quem paga a conta não é o mais relevante, se se encarar este encontro de jovens de todo o mundo como um desígnio nacional para 2023. As contas andaram meses e meses a ser empurradas de um lado para o outro, até se fechar o bendito ou abençoado acordo. Em suma, estão já acertadas as competências e os afazeres - como as montagens de casas de banho, de torres de iluminação e de sistema de som a multimédia - entre os dois organismos públicos para a grande reunião, que deverá trazer a Portugal o Papa Francisco e largos milhares de peregrinos.

O Presidente da República visitou na quinta-feira o espaço, no Parque das Nações, em Lisboa, que irá acolher o evento internacional, evidenciando assim a importância do mesmo. Já em janeiro de 2019 assinalou com entusiasmo a notícia da vinda da Jornada para Portugal. E hoje, no contexto mundial inseguro que atravessamos e com uma recessão à porta, promover um encontro da juventude é um sinal de esperança para os povos, mas é também uma vitória com impacto positivo na marca Portugal. Destino conhecido lá fora pela paz e pela segurança que oferece (além do sol, praia e boa comida), o país vê, assim, a sua imagem reforçada e lança sementes para o terreno fértil do turismo religioso, que tem vindo a crescer sobretudo em redor de Fátima. Que nem tudo se transforme numa mera, calculista e fria folha de Excel!

Diretora do Diário de Notícias

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