Hotéis prontos para desconfinar em junho e com selo de confiança do Turismo de Portugal

A incerteza sobre o futuro do turismo ainda é grande, mas os hotéis acreditam que o selo sanitário pode dar segurança aos clientes e ajudar a uma retoma gradual.
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No ano passado, a atividade turística pesou perto de 15% na economia nacional, com 27 milhões de hóspedes nos nossos hotéis. Hoje é um dos setores que mais sofrem os efeitos da pandemia. Com as fronteiras fechadas, os aviões em terra e os portugueses em casa, muitas unidades hoteleiras, restaurantes e empresas de eventos e animação turística tiveram de parar, pondo a maioria dos trabalhadores em lay-off. Recuperar a confiança dos clientes após a emergência sanitária é prioritário na reabertura, e é aí que entra o selo clean & safe.

Gratuita e com validade de um ano, esta distinção será dada pelo Turismo de Portugal, implicando ações de fiscalização aleatórias para assegurar o cumprimento de todas as regras sanitárias. E vai jogar a favor da credibilização dos estabelecimentos, acreditam os hoteleiros.

A retoma ainda não tem data definida, mas a Associação de Hotelaria de Portugal (AHP) admite que em meados de julho a maioria dos hotéis estará a funcionar. E os dois maiores grupos nacionais admitem ao DN/Dinheiro Vivo que tencionam abrir algumas unidades já no próximo mês.

"Tudo dependerá de como evoluam os dados da pandemia, mas o Vila Galé está já a traçar um plano de segurança e reabertura que deverá ser anunciado nas próximas semanas", indica o administrador Gonçalo Rebelo de Almeida. "A reabertura de qualquer hotel depende do volume da procura que existir. Lembre-se que os hotéis estão fechados não por obrigação, mas porque os clientes desapareceram", vinca José Theotónio, CEO do Pestana Hotel Group, antecipando "reabrir pelo menos um hotel em cada um dos principais destinos turísticos (Algarve, Madeira e Lisboa) em meados de junho".

Selo de segurança

Para garantir que os turistas regressam sem receios, o Turismo de Portugal vai dar uma garantia de que as empresas estão a implementar as recomendações da Direção-Geral da Saúde, assegurando a higienização necessária para evitar riscos de contágio e cumprir os procedimentos seguros para o funcionamento das atividades turísticas.

O CEO do grupo Pestana reconhece que é "uma boa iniciativa", na medida em que ajudará "a passar uma mensagem de confiança aos potenciais clientes e de compromisso no que respeita cuidados com segurança e higiene nos hotéis". E espera que os seus efeitos sejam ainda maiores: "Ideal seria este selo conseguir conquistar também uma credibilidade internacional; é daí que vem grande parte dos nossos clientes."

Seja como for, esta será "uma forma de Portugal se continuar a posicionar como um destino seguro e profissional", concorda Margarida Almeida, CEO Amazing Evolution (que gere vários hotéis), e lembra que a garantia do Turismo de Portugal pode ser colocada quer no espaço físico de cada estabelecimento quer na sua página online, "contribuindo para aumentar os níveis de confiança para o mercado nacional e internacional".

Com a aviação civil longe da normalidade, a atividade turística deverá ser suportada neste verão pelo mercado interno. O Vila Galé aponta que "numa primeira fase, o turismo interno poderá ser o primeiro a responder", com os hóspedes a poder optar mais "por espaços mais isolados, na natureza, com espaço para atividades ao ar livre". "Mas ainda é cedo para perceber com clareza", assume Gonçalo Rebelo de Almeida.

Visão diferente, ou menos otimista, é a de José Theotónio. "O mercado interno é demasiado limitado para viabilizar o turismo em Portugal. A sua capacidade de preencher a oferta existente não permite vislumbrar uma ocupação que possa ir muito para além de 10% a 20% se todas as unidades estiverem abertas." Por isso, admite que o grupo Pestana "não vai abrir todas as unidades - provavelmente nem metade".

Já com sinais de procura nos destinos de praia, sobretudo no Algarve e Alentejo, como adiantou nesta semana o DN/Dinheiro Vivo, Margarida Almeida acredita ser possível abrir todas as unidades, mas admite: "Ainda há muita incerteza, em relação a algumas localizações" e a que parte do negócio turístico será possível recuperar neste ano.

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