Jesus admite voltar a Portugal... sem ser para os três grandes
Jorge Jesus revelou nesta terça-feira, à margem do Fórum Nacional de Treinadores, que teve um convite dos sauditas do Al Wehda mas que rejeitou porque aguarda por um projeto com o qual se identifique.
"Desde que saí do Al Hilal já tive um convite para treinar outra equipa da Arábia Saudita, o Al Wehda. Não quis e vou aguardar até que apareça um clube com o qual eu me identifique. Quando treinava o Benfica tive várias equipas que me convidaram e eu pensei que não ia dar um grande salto. Neste momento estou livre, por isso as minhas opções são diferentes", confessou, sem preferências quanto ao idioma do país do próximo clube em que vai trabalhar: "A língua para mim já não é problema. Estive num país árabe e entendi-os. Terá que ver com o projeto. Espero voltar a trabalhar em maio ou em junho."
O antigo treinador de Benfica e Sporting admitiu que a "componente familiar" lhe dá uma preferência por voltar a Portugal, mas que esse regresso não teria forçosamente de ser a um dos três grandes. "Admito um regresso a Portugal. Posso querer regressar a Portugal porque quero voltar ao meu país devido à componente familiar, descurando a componente económica. Por dinheiro tinha ficado na Arábia Saudita e se calhar era o treinador mais bem pago do mundo. Três grandes? A minha paixão pelo futebol é mais importante do que qualquer outra coisa", frisou, deixando elogios ao trajeto recente e às infraestruturas do Sp. Braga.
Sobre a atualidade do futebol português, Jesus acredita que o FC Porto "pode chegar" à final da Liga dos Campeões e adiantou que deverá marcar presença nesta quarta-feira em Alvalade para assistir ao Sporting-Benfica. Acerca do dérbi, considerou que João Félix é mais fácil de anular do que Bruno Fernandes. "São dois excelentes jogadores, de características e posições diferentes. O Bruno Fernandes tem sido mais importante para o Sporting, porque o Sporting não está coletivamente tão forte quanto o Benfica. O Félix tem outras características, joga mais próximo do golo e tem outras movimentações e que, na minha opinião, é mais fácil de anular. Mas o João Félix é um jovem que tem um futuro muito risonho pela frente e que vai ser um dos grandes craques do futebol português daqui a uns anos", vaticinou, em conversa com os jornalistas.
Em relação ao clima de crispação que assola o futebol português, Jesus assumiu culpas no cartório por falar em "dois jogos, um dentro e outro fora do campo", mas apelou a uma mudança de discurso guiada por treinadores e presidentes. "Todos estamos cientes de que a pressão fora do campo influencia resultados. E isso tem de acabar. E como acaba? Com transparência, com acreditar nas pessoas e tem de começar com treinadores e presidentes. Temos de mudar a linguagem no futebol em Portugal, que é uma coisa bonita e tem qualidade", rematou.
Quando Jorge Jesus saiu da Arábia Saudita, o seu Al Hilal tinha seis pontos de vantagem sobre o Al Nassr de Rui Vitória, mas hoje é a equipa do técnico ribatejano que lidera o campeonato, a cinco jornadas do fim. O amadorense assumiu que o percurso do seu sucessor do Benfica "tem sido surpreendente". "Fez uma recuperação espetacular, ganhou sete pontos", acrescentou.
"Dou 80 por cento de hipóteses em como vai ser campeão, faltam cinco jogos. Seguramente vai agarrar o ponto de vantagem, sabendo que o Al Hilal individualmente é muito melhor do que o Al Nassr. Por isso é que estava na frente. Fiz 26 jogos na Arábia Saudita: ganhei 21, empatei quatro e perdi um. Pensava que a minha equipa ia ser campeã com mais pontos de avanço, mas o Rui Vitória tem estado muito bem e está de parabéns", concluiu.