Exclusivo "A crise da esquerda de há quatro anos trasladou-se agora para a direita espanhola"

Lucía Méndez integrou a equipa fundadora do jornal El Mundo em 1989. Professora universitária e analista política, aceitou analisar para o DN os resultados das eleições de dia 28 em Espanha.

O que é mais surpreendente no resultado das eleições de dia 28 em Espanha: a vitória do PSOE ou o descalabro do Partido Popular?
A notícia mais chamativa pela sua dimensão inesperada e totalmente dramática é a queda do PP. 66 deputados é uma hecatombe... Faltam palavras para defini-la segundo a sua dimensão. Ninguém nos seus piores pesadelos podia imaginar isto. Tradicionalmente, o PP surgia sempre muito em baixo nas sondagens e subia nas eleições mas desta vez foi ao contrário. Por isso, foi tão inesperado para todos. Algumas personalidades mais tradicionais do PP, mais institucionais, mais de Estado, estavam, sim, à espera porque consideram que a estratégia de Pablo Casado esteve errada. Nunca antes a direita esteve dividida em três partidos, nunca o PP tivera alguém a disputar os votos pelo centro e pela direita, nunca o Ciudadanos esteve tão próximo, o Vox é uma fação... A perda da moção de censura abriu um período de decadência absoluta. Primeiro a censura do Parlamento, depois do congresso do partido e depois das urnas. Teve um forte impacto na força que sempre teve o PP. Já fora chocante que o PSOE tivesse 84 deputados nas últimas eleições, mas agora o PP com 66...

Que futuro espera o PP e o seu líder?
Para já, até às eleições europeias, autárquicas e autonómicas [de 26 de maio] não deve acontecer nada. Vamos começar já outra ronda eleitoral e penso que não deve desestabilizar-se mais um partido. A direção do PP vai ter de mudar de estratégia porque o que fizeram levou-os a perder mais de três milhões de votos. Em 2015, quando Mariano Rajoy teve um mau resultado nas autárquicas, exigiram-lhe mudanças e puseram três vice-presidentes, um deles Pablo Casado. Agora vão também exigir mudanças a Casado.

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