Falamos por exemplo dos problemas com a Hungria ou a Polónia?
Por um lado a UE é uma unidade de Estados que partilham uma série de interesses, valores e sistemas políticos. Contudo, ao mesmo tempo, dentro da UE, vamos encontrar estados que, por defenderem os seus próprios interesses económicos, não respondem necessariamente ou seguem as normas que aceitaram ou que em muitos casos acabam por não aceitar. De tal forma que tivemos o Brexit. Noutros casos, o que temos é que grandes desafios globais, como pode ser a crise climática ou o grande fluxo de migrantes ou refugiados, vão gerar novas tensões frente a diferentes respostas dos países da UE. Uma das respostas diante das crises migratórias tem sido mover a fronteira sul, ou seja, subcontratar a Turquia, a Líbia, Marrocos, Mauritânia... Estender a fronteira sul como fizeram os EUA com o México e a América Central para impedir que os migrantes cheguem. Isto vai contra os próprios princípios, os acordos e tratados e convenções assinadas pela UE, sobre o direito internacional humanitário. E não deixa de criar tensões entre os diferentes países. No caso da Hungria e Polónia é isto levado ao extremo, a um nível mais elevado. É mais cru, mais brutal, mas não deixa de ser o mesmo debate político. Simplesmente são governos mais abertamente autoritários do que França ou a Itália. Mas, em última instância, a lógica que os guia é a mesma: que as pessoas que vêm desesperadas não cheguem à UE.