Final da Taça de Portugal. A dobradinha dos bravos de Conceição

FC Porto abate (1-2) Benfica assustado com bis de cabeça de Mbemba em mais dois lances de fraqueza aérea de um rival sem força mental que nem um penálti tardio animou. Aí está a dobradinha à moda do "Somos Porto'
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A forma competente como o FC Porto aproveitou a incompetência do Benfica para fechar o triunfo no campeonato reabriu a cratera mental na mente da equipa da Luz. Os dragões assustam as águias, um complexo que perdurou anos e parecia estar menos exposto. Na final da Taça de Portugal, confirmou-se que Jorge Jesus, mais do que craques da bola, precisa é de craques mentais. Temerários que saibam enfrentar o maior rival sem tremer. Em Coimbra, os campeões pareciam de cabeça perdida perto do intervalo, ficaram reduzidos a dez (expulsão de Luis Díaz e também de Sérgio Conceição), reentraram e aproveitaram dois lances aéreos para matar o jogo. Bis de Mbemba.

O FC Porto foi sempre mais. Mais objetivo, mais esfomeado, mais ambicioso e mais seguro. O primeiro remate do Benfica à baliza foi aos 63", e foi mais um passe de cabeça de Vinicius a Diogo Costa. Antes, os dragões só não marcaram porque Vlachodimos foi gigante a opor-se a um remate de Corona, já dentro da área.

As investidas do FC Porto causavam sempre aflição, que melhor ou pior ia sendo resolvida. Mas parecia uma questão de tempo até o campeão chegar ao golo. Até que aos 38", Luis Díaz perdeu o controlo motor e entrou de sola sobre André Almeida. Viu o segundo amarelo e foi expulso.

De repente, os dragões pareciam de cabeça quente num jogo que estava controlado e com o adversário a tremer de dúvidas e com os fantasmas mentais. Sérgio Conceição não se conteve e em cinco minutos viu dois amarelos (37" e 43"). O intervalo foi balsâmico.

E foi retemperador para o FC Porto, não para o Benfica, que jogava com mais um e parecia com a ansiedade mais controlada. Só que era tudo falso. Bola aérea, golo de Mbemba. Dois minutos da segunda parte e Vlachodimos imitava o comportamento habitual dos companheiros de setor - falhou num lance pelo ar.

Poucos minutos depois, aos 59", Mbemba surge na cara do grego, numa subida em falso da linha defensiva do Benfica após um livre longíssimo da baliza, e cabeceia para o 0-2. E o Benfica sem ter conseguido acertar na baliza.

Conseguiu-o aos 63", mas foi um passe de cabeça de Vinicius a Diogo Costa. O FC Porto, com dois golos de avanço e menos um jogador há quase meia hora, geriu as investidas frouxas do rival.

Sérgio Conceição ainda terá temido uma espécie de "maldição" das finais quando Vinicius reduziu de penálti - falta de Diogo Leite sobre Rafa. Faltavam sete minutos, mais descontos. E o treinador do FC Porto já perdera um jogo decisivo a ganhar por dois a cinco minutos do final. A primeira das duas finais da Taça que perdeu frente ao Sporting, no caso pelo Sp. Braga. O ano passado, perdeu frente aos leões. Sempre nos penáltis. Tal como a Taça da Liga, também frente ao Sporting.

Num ano com muitas vicissitudes (covid-19, eleições em Outubro no Benfica, finanças controladas pela UEFA), Sérgio Conceição traduziu em resultados a fibra e o coração que emprega na profissão.

E continua a alimentar o mito Pinto da Costa. O mais titulado presidente do futebol mundial de sempre junta a oitava dobradinha (de um total de nove do FC Porto) a uma vasta galeria de troféus.

O Benfica termina a época em contraste com o início: arrancou como o campeão que recuperou sete pontos de atraso, a ganhar a Supertaça (5-0 ao Sporting) e a ganhar fôlego na liderança da Liga. Chegou a ter sete pontos de avanço, mas a vida é irónica: permitiu que o FC Porto virasse a mesa e lhe fizesse o que tinha sofrido há um ano.

Tudo isto a encerrar uma época que demorou quase um ano civil (4 de agosto de 2019 a 1 de agosto de 2020), devido à pandemia de covid-19, que fechou as portas aos adeptos na retoma da competição a 3 de junho. Para o ano, que é daqui a semanas, há mais.

VEJA OS GOLOS​​​
0-1: Mbemba, 47'

0-2: Mbemba, 59'

1-2: Vinicius, 83' (penálti)

FICHA DO JOGO

Final da Taça de Portugal
80.ª edição
SL Benfica 1-2 FC Porto
Estádio Cidade de Coimbra.

Árbitro: Artur Soares Dias.
Assistentes: Rui Licínio e Paulo Soares.
4.º árbitro: Manuel Mota.
VAR: Hugo Miguel.
AVAR: André Campos e João Pinheiro.

SL BENFICA: Vlachodimos; André Almeida, Ruben Dias, Jardel e Nuno Tavares; Weigl (Vinicius, 60"), Gabriel, Pizzi (Jota, 76") e Cervi; Chiquinho (Taarabt, 60") e Seferovic (Dyego, 76").
Suplentes: Svilar, Tomás Tavares, Ferro, Florentino, Taarabt, Rafa, Jota, Dyego Sousa e Vinicius.

FC PORTO: Diogo Costa; Manafá, Pepe, Mbemba e Alex Telles; Danilo e Uribe (Loum, 88"); Corona (Sérgio Oliveira, 80"), Otávio (Diogo Leite, 73") e Luis Díaz (expulso aos 38"); Marega.
Suplentes: Marchesín, Diogo Leite, Romário Baró, Aboubakar, Loum, Sérgio Oliveira, Soares, João Mário e Vítor Ferreira.

Cartões amarelos: Luis Díaz (9" e 38"), Ruben Dias (12"), Jardel (44"), Weigl (46"), Vinicius (75"), Alex Telles (90").
Cartão vermelho: Luis Díaz (38")

Golos: 0-1, Mbemba (47"); 0-2, Mbemba (59"); 1-2: Vinicius (83", penálti)

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