Portugueses estão a pôr mais carros a gasóleo à venda
Os anúncios de venda de automóveis a gasóleo aumentaram 11% no ano passado, mesmo ainda antes do aviso do ministro do Ambiente sobre a perda de valor destes veículos. A decisão de muitas cidades da Europa de proibirem a circulação de carros mais poluentes é uma das razões.
Os portugueses nem precisaram do aviso do ministro do Ambiente sobre a perda de valor de troca dos carros a gasóleo dentro de quatro anos: ainda antes, em 2018, dispararam os anúncios de venda de carros a gasóleo nas plataformas eletrónicas. A decisão de muitas das maiores cidades da Europa de proibirem a circulação dos carros a diesel mais poluentes e o anúncio de algumas das grandes marcas de que vão descontinuar a produção destes veículos poderão explicar porquê.
No Standvirtual, os anúncios de carros a gasóleo subiram 11% em 2018, em comparação com o ano anterior. Três quartos dos carros postos à venda nesta plataforma foram a gasóleo; 22% são veículos a gasolina; os restantes 3% foram automóveis híbridos, totalmente elétricos ou a GPL. Mas apesar do aumento da oferta, o preço dos carros a gasóleo ainda subiu uns modestos 1% entre 2017 e 2018, acrescenta a plataforma ao DN/Dinheiro Vivo.
Contudo, os automóveis a gasóleo estão a desvalorizar-se mais depressa do que os veículos a gasolina. "A taxa de depreciação dos automóveis a gasóleo aumentou muito mais do que nos veículos a gasolina", assinala Alexandre Ribeiro, diretor de marketing da Muuv, uma plataforma de venda de usados em que os preços são determinados por um algoritmo.
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Os números mostram isso mesmo. No caso do Opel Corsa e do Renault Clio, dois dos modelos mais vendidos em Portugal, desde 2012 que a versão a gasóleo baixa mais (entre 11% e 13%) do que a versão a gasolina (entre 4% e 7%). Com o Volkswagen Polo, o cenário tem sido o inverso, com o carro a gasolina a perder um pouco mais valor do que a mesma versão a gasóleo.
No mercado dos novos, os carros a gasóleo ainda são os mais vendidos em Portugal, mas a tendência é de descida acelerada. No ano passado foram registados 121 591 automóveis ligeiros de passageiros com este motor, menos 10,4% em relação a 2017. Isto traduziu-se numa quota de mercado de 53,25%; só em 2003 é que se tinha registado uma percentagem tão baixa. Em 2017 o gasóleo representava quase 61% do mercado.
Ainda assim, os veículos a gasóleo têm mais peso em Portugal do que noutros países da União Europeia. Os dados mais recentes da ACEA - Associação Europeia de Construtores referem que na União Europeia a 15, a quota de mercado destes veículos foi de 44,8% em 2017. E espera-se que esta percentagem seja ainda mais baixa em 2018.
O peso dos veículos alternativos, como híbridos e elétricos, ainda só corresponde a 7,45% das vendas. Mas no ano passado foram vendidos 4073 automóveis elétricos, mais do que no conjunto dos sete anos anteriores.
O futuro dos automóveis a gasóleo em Portugal entrou na agenda desde segunda-feira. João Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Transição Energética, avisou os portugueses que, daqui a quatro ou cinco anos anos, "quem comprar um carro a gasóleo muito provavelmente não vai ter grande valor na sua troca". As declarações, repetidas várias vezes, puseram Matos Fernandes em rota de colisão com as associações da indústria e do comércio automóvel.