Espólio do DN reaviva o 1.º de Dezembro
O feriado de 1 de Dezembro foi suspenso em 2012, talvez já poucos se lembrem disso, mas, na época, criou forte indignação. O objetivo da suspensão, aprovada pelo governo de Pedro Passos Coelho, era o de "acompanhar, por esta via, os esforços de Portugal e dos portugueses para superar a crise económica e financeira que o país atravessa", sendo que outros três feriados foram também cancelados - Corpo de Deus, 5 de Outubro, e 1 de Novembro. Em tempos de crise, Passos Coelho teve coragem em muitas medidas, mas neste caso não só criou tensão social desnecessária, crispando ainda mais o povo, como os resultados concretos foram poucos ou nenhuns. Em 2016 todos os feriados foram repostos.
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A contestação à decisão do primeiro-ministro, à época, tinha uma fundamentada razão de fundo: trata-se do feriado civil mais antigo, celebrado já desde os tempos da Monarquia Constitucional. O dia assinala o golpe revolucionário de 1 de Dezembro de 1640, que acabou com o domínio da Dinastia Filipina sobre Portugal, retirando o país da alçada espanhol e colocando no trono D. João IV. O golpe é designado como a Restauração da Independência.
Em 2012, o presidente da Sociedade Histórica da Independência de Portugal, José Alarcão Troni, afirmou que acabar com o 1.º de Dezembro, dia da Restauração da Independência de Portugal, era "um ato de estupidez", que revelava "falta de sentido de Estado, falta de patriotismo e falta de valores nacionais". Restabelecer estes feriados foi reafirmar a História do país, mas também a cultura e a identidade de Portugal.
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Hoje comemora-se, de novo, esta a data importante para os portugueses. O Diário de Notícias dá uma modesta, mas valiosa, contribuição para assinalar o dia ao ceder gratuitamente parte do espólio do Arquivo do jornal - que foi considerado Tesouro Nacional este ano - para ficar patente na Exposição que integra as Cerimónias Comemorativas da Restauração da Independência de Portugal.
O espólio relacionado com esta data e este feito histórico está exposto a partir das 11.00 horas de hoje no Palácio da Independência, no Largo de São Domingos, em Lisboa. O programa das celebrações - iniciativa do Município de Lisboa, da Sociedade Histórica da Independência de Portugal, do Movimento 1.º de Dezembro e da EGEAC - inclui atividades das 9.00 às 19.00 horas e é presidido por Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República.
Em ambiente de nova crise, agora por efeitos da pandemia e da guerra na Ucrânia, os portugueses voltam a encontrar forças junto dos poderes simbólicos e a História é um deles. Que não se descarte o passado e tudo o que este nos pode ensinar para nos guiar no futuro.
Diretora do Diário de Notícias