Foi ridicularizado quando deu a ideia de internacionalizar umas das mais apreciadas iguarias da doçaria portuguesa alegando que o país estava a falhar no capítulo das exportações de produtos nacionais. Corria o ano de 2012 e, em plena crise económica, o então ministro da Economia e do Emprego de Pedro Passos Coelho lançou o repto. “Por que não existe um franchising de pastéis de nata?”, questionou durante a abertura da Conferência DN Made In Portugal. O pedido que fez durante uma primeiras das intervenções públicas enquanto membro do Executivo de Passos também deixou marcas: "Tratem-me por Álvaro", instou o responsável. Recém-chegado do Canadá, Santos Pereira era pouco adepto dos títulos de 'doutores e engenheiros' habituais por terras lusas.Álvaro Santos Pereira assumiu um dos ministérios mais pesados do governo de coligação PSD/CDS, entre 2011 e 2013, e foi um dos principais rostos nas negociações trimestrais com a troika, numa altura em que o desemprego batia recordes e os portugueses faziam as malas para emigrar. A receita para combater a recessão económica, fincou, deveria ser sustentada por via do aumento das exportações e pela captação de investimento.Liderou uma série de reformas estruturais, como a da legislação laboral, e assinou, em sede de concertação social, um acordo com a UGT com vista à paz social num país conturbado onde se somavam protestos."Portugal implementou, nos últimos dois anos [2012/2013], o programa de reformas mais ambicioso na Europa desde a era Thatcher", afirmou. .Defensor da reindustrialização de Portugal, foi ainda responsável por deixar cair o projeto do TGV, obra que considerou ser “um erro financeiro”. Introduziu uma nova Lei da Concorrência para reforçar “o poder da Autoridade da Concorrência [AdC], dotando-a de instrumentos capazes de assegurar um combate rápido aos principais entraves ao investimento e à confiança, como sejam os cartéis ou os abusos de posição dominante", explicou. Orgulhou-se de ter “cortado nas rendas da energia e nas Parceria Público Privadas” e de ter conseguido “pela primeira vez na história da democracia, um resultado operacional positivo para as empresas de transportes”.Conduziu ainda o negócio da privatização da ANA com a Vinci, ao lado de Passos Coelho, Vítor Gaspar e Sérgio Monteiro. "É muitíssimo bom para o país e para a empresa e mostra muito claramente que é um país que tem a confiança dos investidores internacionais", sublinhou na cerimónia que assinalou o aperto de mãos entre o Governo e a francesa.Em 2013 acabou por ser deixado de fora na remodelação do governo, tendo sido substituído pelo centrista António Pires de Lima. Depois de ver as costas de Passos voltadas, escreveu o livro ‘Reformar Sem Medo Um Independente no Governo de Portugal’ para relatar, na primeira pessoa, a sua passagem pelo Executivo.Nascido em Viseu, em 1972, licenciou-se em Economia pela Universidade de Coimbra e doutorou-se em Economia pela Universidade Simon Fraser, em Vancouver, no Canadá, onde deu aulas de de Desenvolvimento Económico e Política Económica. A carreira de docente estendeu-se ainda à Universidade da Colúmbia Britânica, no mesmo país, e, mais tarde, lecionou Economia Europeia e Desenvolvimento Económico na Universidade de Iorque, no Reino Unido.Assumiu a pasta de economista-chefe da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) no início do ano passado, sendo responsável por liderar a análise económica e prestar aconselhamento político aos países membros. .Álvaro Santos Pereira é o novo governador do Banco de Portugal