Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador da Vila Galé, e Jorge Rebelo de Almeida, presidente da Vila Galé
Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador da Vila Galé, e Jorge Rebelo de Almeida, presidente da Vila GaléFoto: Gerardo Santos

Vila Galé reforça investimento no Brasil. Faturação no país ultrapassará a de Portugal em dois anos

O segundo maior grupo hoteleiro português acaba de anunciar um novo hotel em Minas Gerais. Peso da operação no Brasil está a crescer e irá superar a do mercado português até 2027.
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Os planos de expansão internacional da Vila Galé continuam a ganhar músculo com a aposta no Brasil a assumir-se como prioridade. O segundo maior grupo hoteleiro português, que acabou de inaugurar a primeira unidade em Minas Gerais, tem mais um projeto fechado no estado brasileiro. O futuro hotel com 308 quartos irá nascer na cidade de Brumadinho, junto ao Instituto Inhotim, num investimento de 130 milhões de reais (cerca de 20 milhões de euros). O empreendimento, cuja abertura está calendarizada para 2027, irá criar 300 postos de trabalho na região. 

A Vila Galé está presente no Brasil há mais de duas décadas e conta, atualmente, com um portefólio de 12 unidades distribuídas por oito estados. A operação do outro lado do Atlântico - que pesa 40% nas contas do grupo e é a segunda maior depois de Portugal - continua a ganhar escala e, dentro de dois anos, a faturação no Brasil deverá ultrapassar a do mercado português.

“Continuamos a investir nos dois países, mas o investimento no Brasil visa hotéis de maior dimensão. Em Portugal temos em pipeline cinco boutique hotéis, estamos a comparar unidades de 60 quartos com hotéis de 400 ou 500 quartos no Brasil. É provável que a faturação do Brasil seja superior à de Portugal e vá valer mais nos próximos dois anos”, admitiu este sábado, 24, o administrador do grupo, Gonçalo Rebelo de Almeida, durante a conferência de imprensa que assinalou a inauguração do Vila Galé Collection Ouro Preto no distrito de Cachoeira do Campo, em Minas Gerais.

A estratégia de crescimento no país passa agora pela aposta no interior, fora das regiões de sol e praia. “Queremos levar turistas para outros territórios não conhecidos e sair dos destinos óbvios. Em Portugal fizemos isso: depois de abrirmos hotéis nas principais cidades, em Lisboa, Porto e no Algarve, fomos para o interior. No Brasil, após a primeira fase de expansão, queremos fazer o mesmo movimento”, revelou o gestor.

Olhando para o perfil dos clientes, Gonçalo Rebelo de Almeida destacou ainda o apetite crescente do mercado nacional pelo país. “Os portugueses estão outra vez a descobrir o Brasil. Estavam excessivamente concentrados a viajar no final do ano, na Páscoa e no mês de agosto. Sentimos agora que há um alargamento, e o facto de a TAP estar a abrir novos destinos tem potenciado o interesse”, explicou.  

“Fazemos também um autoelogio, porque a marca Vila Galé é muito presente no mercado português e tem muito peso. Em Portugal, 40% dos nossos clientes são portugueses. Temos uma base de dados de meio milhão de portugueses que frequentam os nossos hotéis e conseguimos fazer um trabalho de promoção do destino Brasil”, adiantou ainda.

Operação aérea é desafio

As perspetivas para o futuro da operação do grupo no Brasil desenham-se com otimismo, mas há desafios nevrálgicos no turismo do país. As ligações aéreas e os preços praticados pelas companhias assumem-se como um dos entraves para o desenvolvimento da atividade, apontou também o presidente da Vila Galé.

“O Brasil tem um potencial tremendo, mas não tem tido correspondência com número de visitantes, porque não temos apostado na captação de transporte aéreo. Precisamos de nos preocupar, embaratecer o transporte aéreo e ir buscar turistas lá fora”, vincou Jorge Rebelo de Almeida.

Para o fundador do grupo hoteleiro português, a localização geográfica do país é um dos constrangimentos em relação a Portugal. “Portugal é uma coisinha pequena, do tamanho de Santa Catarina e recebe 27 milhões de turistas por ano. O Brasil recebe 6,5 milhões de turistas. Não faz sentido, nem dá para acreditar”, desabafou. 

Primeiro hotel em Minas Gerais

A Vila Galé inaugurou este fim de semana o primeiro hotel no estado de Minas Gerais.  O Vila Galé Collection Ouro Preto abriu portas na cidade colonial na Serra do Espinhaço num investimento de 130 milhões de reais (18 milhões de euros).

O novo empreendimento situado em Cachoeira do Campo resulta da reconversão de um edifício histórico que foi a primeira sede Regimento de Cavalaria de Portugal no Brasil. A unidade dispõe de uma oferta de 311 quartos- 95 dos quais localizados no edifício restaurado, estando os restantes distribuídos em dois novos blocos O resort conta ainda com três restaurantes, dois bares, cinco piscinas aquecidas, capela, biblioteca, cinema, discoteca, clube infantil, spa e uma área de eventos com capacidade para até 900 pessoas.

Jorge Rebelo de Almeida destacou a aposta do grupo na recuperação de património histórico, estratégia que o empresário quer consolidar no Brasil, à semelhança do que já acontece em Portugal.

“Recuperamos edifícios por prazer e não por sacrifício. Uma cidade que não recupera o seu património é uma cidade sem alma”, referiu.

No que respeita aos projetos em desenvolvimento, em outubro, e a tempo de responder à procura da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), estará concluído o Vila Galé Collection Amazónia Belém. Na lista segue-se o Maranhão que irá receber dois hotéis da insígnia portuguesa, numa aposta de 105 milhões de reais (17 milhões de euros).

Além de Portugal, onde o portfólio ascende aos 34 hotéis, a Vila Galé tem ainda uma unidade em Cuba e em Espanha, totalizando perto de 10 mil quartos e 24 mil camas, empregando, no conjunto da operação, 4500 funcionários. 

Recentemente o grupo anunciou o investimento em três novos hotéis em Cuba em Havana, Varadero e Cayo Santa Maria.

*A jornalista viajou para o Brasil a convite da Vila Galé e da TAP

Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador da Vila Galé, e Jorge Rebelo de Almeida, presidente da Vila Galé
Vila Galé abre primeiro Hotel em Minas Gerais em investimento de 18 milhões de euros

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