Vallado investe oito milhões em vinha e enoturismo
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Vallado investe oito milhões em vinha e enoturismo

Histórica propriedade duriense é gerida pelos tetranetos da Ferreirinha e por Carlos Moreira da Silva, que em 2023 adquiriu 50% do capital. Entrada em novas regiões, como o Alentejo, está em estudo.
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A Quinta do Vallado, histórica propriedade de D. Antónia Adelaide Ferreira e atualmente gerida pelos tetranetos da ‘Ferreirinha’ e por Carlos Moreira da Silva, que em 2023 adquiriu 50% do capital da companhia através da Teak Capital, vai investir 8,1 milhões de euros nos próximos três anos. O objetivo é plantar mais vinha, além dos 110 hectares que já tem em três quintas na região, mas também expandir o enoturismo com a construção de uma nova ala e um spa no Quinta do Vallado - Douro Wine Hotel, desenhados pelo arquiteto Souto Moura, uma nova adega e um novo espaço para provas. E porque o turismo é uma área que necessita de muitas pessoas e contratar no Douro nem sempre é fácil, a empresa vai construir alojamentos para colaboradores na Quinta do Vallado e na Casa do Rio, em Vila Nova de Foz Côa.

Dos 120 trabalhadores que tem, divididos pelas várias áreas de negócio, cerca de 20% são estrangeiros, oriundos de países tão diferenciados como Argentina, Brasil, Colômbia, Cuba, Nigéria, Tailândia ou Ucrânia, entre outros. As novas infraestruturas para os empregados deverão estar prontas no próximo ano, representando um investimento de 1,4 milhões e com capacidade para receber 25 a 30 pessoas. “É muito difícil contratar no Douro e o enoturismo exige bastantes pessoas, sendo que a maior parte delas não são da região. E, portanto, é muito importante oferecer boas condições de habitação para os captar e reter. Já temos uma série de pessoas que vivem em instalações que temos, mas queremos melhorá-las e, nalguns casos, fazer novas instalações de raiz”, explica ao DN o CEO da empresa, João Álvares Ribeiro.

Os projetos, apresentados esta terça-feira em Lisboa num encontro com jornalistas, incluem, ainda em fase de análise, investimentos adicionais de 14 milhões de euros para uma eventual expansão no Douro e no Alentejo. “Não está nada decidido, mas o maior contributo, em termos de valor, se isto vier a ser feito, é um projeto no Douro para enoturismo. Seria a aquisição de uma propriedade que já tem vinha e onde iríamos desenvolver um projeto de enoturismo de raiz”, especifica.

Sobre o Alentejo, onde está em avaliação “um projeto de vinha e uma pequena infraestrutura hoteleira”, João Álvares Ribeiro fala num negócio de oportunidade, mas que faz parte de uma vontade da empresa de entrar noutras regiões vitivinícolas. “Não podemos fazer tudo ao mesmo tempo. Diria que nos próximos dois ou três anos não acontecerá nada, mas estaremos atentos a oportunidades que possam surgir”, acrescenta. E se numa primeira fase o objetivo é expandir em Portugal, depois, a 10 ou 20 anos, diz, a empresa começará a olhar para oportunidades fora do país.

Espanha parece fazer sentido e eventualmente com um projeto de Alvarinhos. “Não temos nada pensado sobre isso, mas julgo que poderia haver interesse em termos algum projeto em Espanha. É um país que tem tido um crescimento e uma valorização muito interessante da imagem dos seus vinhos... Veja-se o caso dos Alvarinhos espanhóis, que estão a crescer em todo o mundo. Achávamos que a casta era nossa, mas Espanha aproveitou melhor do que nós e esse poderia ser um bom começo [além-fronteiras]”, considera. 

Com mais de 1,5 milhões de euros de garrafas produzidas em 2023, a Quinta do Vallado exportou 30% dos seus vinhos para mercados como EUA, Macau, Brasil, Suíça e diversos países da Europa. Faturou no ano passado 12,4 milhões de euros e espera este ano chegar aos 13 milhões. 

O enoturismo vale já 25% da faturação. Além do Quinta do Vallado - Douro Wine Hotel, que tem 19 quartos e vai receber mais uma nova ala e o spa, a empresa tem ainda 10 quartos na Casa do Rio, em Foz Côa. Quando terminar a expansão prevista, ficará com uma oferta de 39 quartos. 

Para o início de 2025 está ainda prevista a abertura da Casa da Ribeira, um projeto na zona ribeirinha do Porto, onde foi alugado um prédio de quatro andares, do século XVIII, e que vai funcionar como espaço de provas de vinhos de restauração, eventos, provas e loja ao público. Neste caso, refere João Álvares Ribeiro, o investimento “não é muito elevado”, já que se trata apenas de questões de decoração e algumas infraestruturas. Quando concluídos, estes investimentos no enoturismo deverão gerar, prevê a empresa, um acréscimo de cinco milhões de euros na faturação global da Quinta do Vallado, em velocidade de cruzeiro.

João Álvares Ribeiro mostra-se confiante no futuro da empresa, apesar de reconhecer que o Douro tem “problemas estruturais muito preocupantes. É que não só 75% dos vinhos da Quinta do Vallado são vinhos tranquilos, DOC Douro, como no vinho do Porto só vende categorias especiais, os tawnies velhos, Vintage e Colheitas, produtos de grande valor acrescentado”. 

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