Turistas estrangeiros põem fim à pandemia com recorde de chegadas
Portugal já conseguiu inverter os efeitos nefastos da pandemia no Setor Turístico. O número de chegadas de turistas estrangeiros cresceu 19,2% no ano passado face a 2022 e 7,7% quando comparado com o fluxo de 2019, exercício pré-covid. No total, chegaram ao país cerca de 26,5 milhões de turistas, divulgou ontem o Instituto Nacional de Estatística (INE). Nos principais mercados emissores verificaram-se crescimentos acima dos dois dígitos, com exceção da Bélgica, e aumentos exponenciais nos casos dos Estados Unidos e Itália.
Espanha manteve a liderança no ranking de países emissores, com perto de 6,7 milhões de espanhóis a optar por Portugal como destino de férias. Este volume significa um aumento de 16,7% face a 2022 e corresponde a uma quota de 25,2%. O Reino Unido regressou à segunda posição entre os principais emissores, apresentando um aumento de 14%, que se traduz num fluxo de 3,3 milhões de britânicos. A performance do Reino Unido levou à queda da França para a terceira posição, apesar de registar um incremento de 11% (3,2 milhões de turistas).
O mercado norte-americano distinguiu-se com um aumento de 34,2% (1,5 milhões de viajantes) e também Itália sobressaiu em 2023 com um crescimento de 29,2% (mais de 903 milhões). Já o brasileiro foi responsável pela emissão de 1,3 milhões de turistas, o que significa mais 25,9% do que em 2022. A categoria “Outros do Mundo” verificou uma subida de 44,8%, contabilizando 2,1 milhões de turistas (mais 44,8%). Só a Bélgica apresentou um crescimento mais modesto mas, ainda assim, de 8,4%.
Mais hotéis e proveitos
A acompanhar a procura pelo destino Portugal, o setor apostou no reforço da oferta de alojamento. Segundo o INE, estavam em operação 8015 estabelecimentos (entre hotéis, Alojamento Local com dez ou mais camas, turismo rural/habitação, campismo e colónias de férias, e Pousadas da Juventude) a 31 de julho do ano passado, o que traduz um aumento de 7,9% face a 2022 e um crescimento médio anual de 2,9% desde 2019. Face ao ano pré-pandemia, há mais 860 meios de alojamento no país.
Com o aumento do número de turistas e da oferta de hospedagem, a atividade de alojamento (hotelaria, AL e turismo rural/habitação) acabou por gerar proveitos superiores a seis mil milhões de euros em 2023, mais 20% face ao exercício anterior.
As receitas de aposento totalizaram 4,6 mil milhões, mais 21,4%. O número de hóspedes cresceu 12,5%, para 32,5 milhões, e as dormidas aumentaram 10,3%, para 85,1 milhões. O INE revela que estes dois últimos indicadores refletem crescimentos médios anuais de 2,4% e 2,3%, respetivamente, desde 2019, o que evidencia a retoma do turismo após a crise pandémica.
As dormidas de turistas estrangeiros representaram 67% do total observado em 2023, sendo que foi o ano, desde 2013, com maior dependência dos mercados internacionais, apenas superado em 2017, em que estes totalizaram 67,8%.
Todas as regiões do país registaram acréscimos no número de dormidas, com destaque para o Oeste e Vale do Tejo (mais 18,2%), o Norte (+14%) e a Grande Lisboa (+11,8%). Em comparação com 2019, só o Algarve e a Península de Setúbal ficaram ainda aquém dos níveis pré-pandemia (-1,5% e -0,9% respetivamente).
Na análise aos níveis de concentração com base nos proveitos, o instituto concluiu existir uma tendência de redução. No ano passado, o índice que avalia este parâmetro foi mais baixo no Alojamento Local, seguindo-se a hotelaria e o turismo no espaço rural e de habitação.
Outro indicador que evidencia a dinâmica do setor é a taxa de sazonalidade, que diminuiu para 36,9% e atingiu o valor mais baixo desde 2013.
Portugueses lá fora
No ano passado, as viagens turísticas dos portugueses ao exterior atingiram um máximo histórico. Foram efetuadas 3,2 milhões de deslocações, um aumento de 21,5% face a 2022 e de 4,1% quando comparado com 2019. No total, 51,7% da população em Portugal (5,3 milhões de pessoas, cerca de metade da população) realizou pelo menos uma viagem de lazer em 2023, mais 431 900 turistas que no exercício anterior, ainda assim 2,1% abaixo do total de 2019.
A despesa média em cada viagem subiu 4,3% face ao valor de 2022, fixando-se em 242,4 euros. Nas deslocações domésticas, os portugueses gastaram, em média, 164,3 euros por turista/viagem, mais 1,1 euros. Já no estrangeiro, o gasto médio decresceu 2,1%, tendo atingido 736,6 euros.