TAP agrava perdas para 108 milhões de euros num 1.º trimestre impactado por "eventos extraordinários"
A TAP S.A. obteve um prejuízo de 108,2 milhões de euros até março, mais 18,1 milhões de euros de perdas que no período homólogo de 2024, num primeiro trimestre impactado por "eventos extraordinários", foi esta sexta-feira anunciado.
"A 'performance' [comportamento] do primeiro trimestre de 2025 foi significativamente impactada pela greve dos pilotos da PGA, que se prolongou durante 20 dias. Adicionalmente, a comparabilidade dos resultados operacionais foi ainda afetada pela deslocação da Páscoa para o segundo trimestre em 2025, ao contrário de 2024, quando ocorreu no primeiro trimestre. Estima-se que, juntos, tenham tido um impacto financeiro nos resultados operacionais entre 30 e 40 milhões" de euros, refere a TAP em comunicado divulgado esta sexta-feira.
“2025 começou com um trimestre desafiante, marcado pela greve dos pilotos da Portugália e pela deslocação da Páscoa. A par disso, o aumento da concorrência nos principais mercados e as disrupções operacionais, como eventos meteorológicos adversos, greves e constrangimentos nos aeroportos e no espaço aéreo europeu, impactaram de forma significativa a performance financeira e operacional do trimestre. Ainda assim, gostaria de destacar o desempenho positivo da TAP no mercado norte-americano", diz o CEO da TAP, Luís Rodrigues, citado no comunicado de apresentação de resultados até março.
O presidente executivo considera que a transportadora está hoje mais preparada para o futuro, garantindo que continuam focados no compromisso de transformar a companhia numa empresa "sustentadamente rentável e atrativa", apesar dos desafios.
"Embora os desafios se mantenham, nomeadamente a pressão concorrencial, as disrupções operacionais e a incerteza macroeconómica, os progressos alcançados nos últimos anos sustentam uma TAP mais resiliente e preparada para o futuro. Estamos focados na consolidação da sustentabilidade financeira e da eficiência operacional, preparando a companhia para a nova fase que se seguirá ao Plano de Reestruturação, com o compromisso de transformar a TAP numa empresa sustentadamente rentável e atrativa (...)”, diz nesse mesmo comunicado.
A companhia aérea (TAP S.A.) registou um resultado operacional (EBIT - resultado antes de juros e impostos) negativo em 131,6 milhões de euros até março, face a 74,3 milhões de euros negativos do período homólogo do ano passado.
O EBIT recorrente foi negativo em 119,2 milhões (60,3 milhões de euros negativos nos primeiros três meses de 2024).
O EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização) passou de 43 milhões de euros para 9,5 milhões de euros negativos.
Já o EBITDA recorrente foi positivo em 2,9 milhões de euros, que comparam com 57 milhões de euros no primeiro trimestre de 2024, indicam as demonstrações financeiras consolidadas ainda não auditadas.
"A TAP teve um primeiro trimestre desafiante, refletindo a sua impossibilidade de aumentar capacidade, mas mantém-se comprometida com a trajetória de recuperação, sustentabilidade financeira e transformação estrutural (...). O foco estratégico da companhia mantém-se inalterado face a um ambiente cada vez mais exigente e incerto", garante a empresa.
As receitas operacionais totalizaram 823,4 milhões de euros, menos 4,5% face ao primeiro trimestre de 2024, refletindo "os impactos dos eventos extraordinários", sobretudo a "redução das receitas do segmento de passagens, devido a uma estabilização da capacidade (-0,4%) e do aumento da concorrência nos principais mercados, pressionando a receita unitária".
As receitas de passagens aéreas diminuíram 40,6 milhões, menos 5,2% para 734,1 milhões de euros.
De acordo com a TAP, em termos de perspetivas, as reservas encontram-se, à data, em linha com o ano anterior, mostrando "uma recuperação assinalável desde o início do ano, devendo compensar a pressão sobre as receitas unitárias face ao aumento estimado da capacidade".
Já o aumento da concorrência nos principais mercados que registaram no início do ano "deverá manter-se, embora com intensidades distintas (...)".
No Brasil, acrescenta, o foco está "na otimização da qualidade das receitas, mantendo os Load Factors [taxas de ocupação dos aviões] estáveis com 'yields' de qualidade, tirando partido da rede alargada da TAP, apesar da pressão sobre receitas unitárias".
Adicionalmente, a TAP manterá a estratégia de modernização da frota, com a entrega prevista de um A320 NEO e dois A321 NEO, "reafirmando o compromisso em manter uma frota moderna e eficiente".
O foco estratégico mantém-se, assim, "em reforçar a rede e consolidar sobre a mesma uma companhia financeiramente sustentável com uma operação consistente e eficiente", referem.
Na perspetiva operacional, a partir de Lisboa foram reabertas duas rotas sazonais de Verão - Nápoles e Porto Santo - e foram encerradas duas rotas sazonais de Inverno, Banjul e Cancún.
As receitas de manutenção totalizaram 44,3 milhões, menos 400 mil euros justificados por "uma ligeira redução da atividade devido a constrangimentos na cadeia de fornecimento que afetaram os prazos de execução dos trabalhos, tendo sido compensada parcialmente por melhores condições comerciais".
As receitas de Carga e Correio aumentaram 6,0% em termos homólogos, atingindo 38,9 milhões.
Os custos operacionais ascenderam a 955 milhões de euros, mais 2%, enquanto os recorrentes totalizaram 942,6 milhões, um aumento de 2,2%, a refletir "principalmente o aumento dos custos com pessoal (+19,0 milhões de euros ou +8,9%) no seguimento de aumentos salariais e de remunerações acordadas nos acordos coletivos de trabalho, e dos custos operacionais de tráfego (8,8 milhões de euros ou +4,7%), impactados por aumentos contratuais de preço", sendo parcialmente compensados pela redução dos custos com combustível (-19,5 milhões ou -7,7%).
Há ainda um aumento na rubrica Imparidade de contas a receber, inventários e provisões no valor de 9,6 milhões de euros, "maioritariamente explicado pelo reforço de provisões para compensações a clientes decorrentes da greve dos pilotos da PGA".
A companhia aérea de bandeira transportou 3,5 milhões de passageiros, menos 0,6% que no primeiro trimestre de 2024, tendo operado cerca de 27 mil voos, menos 0,5%.
O responsável pela transportadora diz que espera contar "sempre com o apoio" de todos os parceiros, "'stackeholders'", e das pessoas da companhia, "que são essenciais para o sucesso" da transportadora.
Na quarta-feira, o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, lembrou, à margem do Portugal Railway Summit, no Entroncamento (Santarém), que a venda do capital da TAP é para retomar com o novo Governo.
Os três grandes grupos aéreos europeus - Lufthansa e Air France-KLM e IAG - manifestaram publicamente interesse no negócio.