A crescente popularidade dos automóveis chineses, especialmente os elétricos e com “inteligência” a bordo, levanta novas preocupações no que diz respeito à segurança dos dados pessoais. A empresa global de cibersegurança Sophos emitiu esta quarta-feira um comunicado alertando para os perigos de sincronizar telemóveis e outros dispositivos com estes veículos, sejam eles próprios ou alugados, devido ao risco de roubo de informações sensíveis.A Sophos sublinha que um veículo moderno é, na verdade, um computador sobre rodas, equipado com múltiplos sensores, rádios e câmaras, além da capacidade de atualização via rádio (over-the-air). Estes elementos, embora convenientes, podem ser reutilizados por agentes mal-intencionados como plataformas de vigilância. Nate Drier, technical lead da Red Team da Sophos, lembra que "a tecnologia de bordo pode ser mal utilizada", permitindo que os fabricantes de automóveis, e potencialmente outros, monitorizem os movimentos dos veículos em tempo real e construam mapas detalhados do ambiente físico e eletromagnético por eles atravessado.O alerta surge num momento em que o setor automóvel chinês demonstra um crescimento significativo. Em 2024, estima-se que a China, com marcas como BYD, Xpeng, Beiking e Hongqi, tenha produzido 31,3 milhões dos 90 milhões de veículos a nível mundial, representando 34% do total – uma estimativa da Inovev, empresa especializada no setor automóvel.A grande preocupação reside na forma como a conectividade à Internet presente nestes veículos pode ser utilizada para copiar contactos e outros dados sensíveis do telemóvel do utilizador, carregando-os para a nuvem muito antes deste ter a possibilidade de os apagar (por exemplo, quando devolve um carro alugado, onde o risco é ainda maior do que na situação em que o veículo é próprio).Perante este cenário, a Sophos recomenda que os utilizadores estejam vigilantes e verifiquem quais os dados que os fabricantes estão a recolher dos seus veículos.A Sophos é uma empresa global de cibersegurança que protege mais de 600 mil organizações e 100 milhões de utilizadores contra ciberataques.