Só 9% das empresas têm alto nível de sustentabilidade
Só 9% das empresas em Portugal têm um elevado cumprimento das boas-práticas de sustentabilidade ambiental, social e de governança. Em causa estão os chamados pilares ESG, do inglês environmental, social and corporate governance, criados pelo Pacto Global da Organização das Nações Unidas, em parceria com o Banco Mundial, há 20 anos, mas que, só agora, começam a entrar no léxico da maioria das empresas. Ou não tivessem elas de, a partir de 2027, começar a apresentar os seus dados de sustentabilidade nestas várias vertentes. “O desempenho não-financeiro está a ganhar peso e será cada vez mais relevante na avaliação das empresas”, alerta a diretora-geral da Informa D&B.
Teresa Cardoso de Menezes lembra que, embora a obrigatoriedade de apresentar dados sobre as práticas de sustentabilidade abranja, ainda, um número limitado de empresas, ano após ano são cada vez mais. E garante que os números provam que, não só as empresas com melhores resultados ao nível das suas práticas ambientais, sociais e de governança “têm melhor desempenho” a nível de negócio, como há uma “relação nítida” entre a dimensão das empresas e o cumprimentos das normas de sustentabilidade.
A partir da análise aos dados de 237 mil micro e pequenas e médias empresas, amostra que representa 62% do tecido empresarial nacional, a Informa D&B criou um Score ESG, uma espécie de tabela que mostra como é que cada empresa se situa relativamente às restantes.
Componente social em alta
Assim, revelam os dados da informa D&B que só 9% das empresas têm uma avaliação ESG elevada, sendo que 22% têm uma pontuação média-alta, 38% média, 21% reduzida e 10% ficam-se pelo patamar mínimo. Das três áreas analisadas, é a componente social, que analisa questões relativamente aos funcionários, mas também ao envolvimento com fornecedores e com a comunidade, a que regista maior percentagem de avaliações elevadas ou médias-altas, num total de 33%.
O setor com maior peso de elevado cumprimento de regras ESG é o dos serviços empresariais, sendo que só 4% deste setor se situa no patamar inferior, o mínimo. No extremo oposto, a agricultura e outros recursos naturais tem 16% de empresas com avaliação mínimo e apenas 5% com elevado.
Os dados mostram ainda que “existe uma relação” entre a avaliação e o desempenho. “Entre as empresas com Score ESG elevado, quase 90% tem um resultado líquido positivo, uma percentagem que vai descendo à medida que desce também o Score ESG. A mesma relação existe com o volume de negócios - quanto maior o Score ESG, maior é a percentagem com um crescimento médio do volume de negócios positivo”, refere a consultora, que analisou dados de 2019 a 2022.
As regras de reporte de informação não-financeira da União Europeia, a chamada Diretiva NFRD, estabelecem que, a partir de 2025, as cotadas e os grandes bancos e seguradoras terão de dar conhecimento ao mercado das suas informações de sustentabilidade, sendo que, em 2026, essa obrigatoriedade se estende a todas as grandes empresas.
No ano seguinte, juntam-se as pequenas e médias empresas cotadas e outras instituições de crédito e seguradoras, num total de 1500 entidades. Dois anos depois, a obrigatoriedade estende-se às subsidiárias e sucursais de empresas de países terceiros.
A questão é que tudo irá funcionar por arrasto, já que as grandes empresas são obrigadas a “responder” pelo cumprimento das boas regras por parte de toda a sua cadeia de valor, exigindo dos seus fornecedores a apresentação de dados comprovativos destas boas práticas.