As Entidades Públicas Empresariais (EPE) do Serviço Nacional de Saúde (SNS) "agravaram os seus desequilíbrios financeiros, tendo registado lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA), resultados operacionais e resultados líquidos negativos em 2024". "O prejuízo conjunto ascendeu a 1,7 mil milhões de euros, tendo aumentado 770 milhões de euros face a 2023", revela o Conselho das Finanças Públicas (CFP), num novo estudo publicado esta quarta-feira.Este desempenho muito negativo mais do que explica a totalidade do agravamento de prejuízos no Sector Empresarial do Estado (SEE), que aumentou mais de 70% em 2024, para 1,3 mil milhões de euros, segundo a mesma fonte."Entre as entidades com maiores prejuízos destacam-se a Unidade Local de Saúde (ULS) de São José (-150 milhões de euros), ULS de Coimbra (-134 milhões de euros), ULS de Lisboa Ocidental (-134 milhões de euros), ULS de Santa Maria (-112 milhões de euros) e ULS Gaia/Espinho (-86 milhões de euros), que somaram [prejuízos de] 615 milhões de euros (35% do total)", diz o CFP."Este desempenho reflete não só o impacto da reestruturação do SNS, mas também os encargos adicionais associados à abrangência geográfica destas unidades, que recebem pacientes de todo o país sem a devida compensação pelo modelo de financiamento atual", explica a entidade que avalia as Finanças Públicas portuguesas.Numa perspetiva mais abrangente, a de todo o Estado, o prejuízo do conjunto das empresas públicas portuguesas participadas ou totalmente detidas pelo Estado (cerca de 146 entidades) quase duplicou em termos anuais, tendo piorado de 766 milhões de euros em 2023 para os referidos 1,3 mil milhões de euros no exercício do ano passado, um agravamento superior a 70%, mostram novos dados.De acordo com a entidade presidida por Nazaré Costa Cabral, "em 2024, o SEE manteve resultados globais negativos, não obstante a melhoria dos indicadores de estrutura financeira".Segundo o mesmo trabalho, a maior fonte de stress financeiro veio das entidades do SNS, mas o sector dos transportes compensou (não totalmente, claro), com resultados positivos importantes vindos da Infraestruturas de Portugal e da TAP, refere o CFP."A situação económico-financeira das empresas públicas do sector da saúde agravou-se de forma significativa. As Entidades Públicas Empresariais (EPE) do Serviço Nacional de Saúde (SNS) apresentaram prejuízos de 1,7 mil milhões de euros, um agravamento de 769 milhões de euros face a 2023".Como referido, "esta evolução reflete sobretudo os encargos adicionais da criação de novas Unidades Locais de Saúde (ULS) e a insuficiência de financiamento. No final de 2024 apenas uma entidade apresentou resultado positivo, sendo que 30 das 42 registaram capitais próprios negativos", indica o CFP.Já o sector dos transportes e armazenagem e os restantes sectores não financeiros "evidenciaram uma melhoria dos resultados em 2024".O ramo dos transportes "apresentou um resultado líquido agregado de 205 milhões de euros em 2024 (mais 58 milhões de euros face a 2023)", beneficiando "dos contributos positivos da Infraestruturas de Portugal, que reforçou significativamente o seu resultado, e da TAP SA, que consolidou participações com a Portugália e que, apesar de um decréscimo dos seus resultados, continuou a apresentar um contributo absoluto relevante", explica o CFP."O volume de negócios agregado das empresas não financeiras do SEE totalizou 20,6 mil milhões de euros em 2024, mais 5,2 mil milhões de euros do que no ano anterior", ou seja, a faturação das empresas subiu bem, quase 34%. No entanto, os custos subiram muito mais e o resultado líquido foi negativo.A atividade consolidada deste universo de empresas públicas, que os governos costumam enaltecer por terem o "mérito" de serem geridas de acordo com as práticas do sector privado, deu um prejuízo muito elevado e em crescendo: em 2024, o resultado negativo aumentou para "1.312 milhões de euros", mais 546 milhões de euros do que em 2023.A análise do Conselho abrange as tais 146 empresas públicas estatais, mas adiciona ainda uma avaliação a 39 empresas regionais.A parte do Sector SEE diz respeito a "88 empresas e grupos de empresas não financeiras e cinco financeiras, num total de 146 entidades que constituem o sector", enquanto a análise do Sector Empresarial Regional (SER) "respeita a 39 das 40 empresas do sector (21 da Região Autónoma da Madeira e 18 da Região Autónoma dos Açores)", refere o CFP..Prejuízo global das empresas públicas portuguesas quase duplicou num ano."Pouca-vergonha". Sócrates crítica escolha de Carlos Alexandre para a Comissão de Combate à Fraude no SNS.SNS. Rutura de medicamentos nos hospitais “é grave” e já obriga a mudar tratamentos a doentes