O salário médio líquido mensal dos profissionais das Forças Armadas (FA) registou um aumento muito pronunciado, de 19% ou 286 euros por mês, mostram cálculos do DN a partir de dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgados na semana passada.Nas FA, chegou a 1.802 euros por mês, sendo agora o salário mais elevado das séries oficiais do INE, o segundo maior entre as profissões apuradas pelo instituto e aproxima-se do ordenado médio líquido na profissão que abrange políticos e gestores de topo (privado e público), também este em máximos históricos, de 2.060 euros.Na economia como um todo, o salário avançou 7% ou (mais 86 euros), para 1.264 euros, no último ano (até ao segundo trimestre de 2025), período que também foi marcado por várias medidas de alívio no imposto sobre os rendimentos do trabalho (IRS) tomadas pelos sucessivos governos (PS e PSD), mostram cálculos do DN a partir de dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados na semana passada.No entanto, como referido, há uma profissão que se destaca e muito nos aumentos: a das Forças Armadas.Aqui, o salário médio líquido, apurado num universo de 21,5 mil profissionais (dados do INE, segundo trimestre deste ano), disparou 19% em termos homólogos, fruto, diz a tutela, das medidas aplicadas pelo governo do PSD-CDS.Fonte oficial do Ministério da Defesa refere ao DN que “o quadro das rubricas remuneratórias aumentou muito, entre salários, suplemento da condição militar e outros suplementos”, o que ajuda a explicar boa parte do referido aumento de 19% no último ano.O outro efeito, não negligenciável, vem das medidas de redução do IRS.Antes deste governo PSD-CDS, também o executivo do PS tomou medidas para repor as condições de carreira de muitos militares.Por exemplo, o Orçamento do Estado para 2023 avançou com a “adoção de medidas que resultem na efetiva valorização das carreiras na defesa nacional”.Houve ainda um aumento para certos suplementos, como o da condição militar, que subiu de 30 para 100 euros.Segundo a mesma fonte oficial do atual governo para a Defesa, as primeiras decisões “dirigiram-se às pessoas, homens e mulheres das Forças Armadas (FA), aumentando salários e suplementos, sendo que, em alguns casos, continuarão a crescer em janeiro de 2026”.A mesma fonte releva “o aumento do Suplemento de Condição Militar começou a ser pago a partir de outubro de 2024, com retroativos a 1 de julho”. “A atualização foi faseada, de 100 para 300 euros em 2024, aumentando para 350 euros a 1 de janeiro de 2025 e para 400 euros a 1 de janeiro de 2026”. Ainda nos salários, “houve um aumento salarial dos militares na categoria de praças e dos militares nos postos de sub-sargento/furriel e de segundo sub-sargento/segundo-furriel, com a alteração da estrutura remuneratória e com o aumento dos níveis remuneratórios”, também de “forma faseada entre 1 de janeiro de 2025 e 1 de janeiro de 2026”.Fonte do ministério acrescenta que o efeitos dos aumentos nos suplementos “de residência; de embarque; de serviço aéreo; de deteção e inativação de engenhos explosivos”. E “criou-se também o primeiro mecanismo de compensação especial por invalidez, ou morte em serviço”.Fonte da área militar, explicou ao DN que, para o salto no salário médio líquido, “também será necessário contar com a nova tabela de IRS, que certamente se reflete na categoria de praças e da maioria dos sargentos”, o que faz subir o salário líquido de largos milhares de profissionais.Contando com o quadro mais favorável no IRS para todos os trabalhadores por conta de outra (onde estão os militares e também os pensionistas), na profissão militar, o referido salário aumentou uns significativos 40% nos dois anos que terminam em junho passado.Salários médios e mínimo batem recordesSegundo os dados das Estatísticas do Emprego (resultantes dos inquéritos trimestrais feitos pelo INE), os aumentos dos salários líquidos são transversais a todas as classes profissionais no período que vai do segundo trimestre de 2023 ao mesmo trimestre deste ano.Os acréscimos de rendimentos líquidos (isto é, o dinheiro que os trabalhadores levam para casa, já depois de cobrados impostos e descontos para a Segurança Social) também refletem aumentos dos salários brutos propostos pelos empregadores, as atualizações devidas em sede de contratação coletiva e as subidas do salário mínimo definidas por lei).De acordo com vários estudos, incluindo do Banco de Portugal, o aumento da Remuneração Mínima Mensal Garantida (RMMG) tem sido muito importante na elevação do salário médio praticado na economia portuguesa.Nem seria de esperar outra coisa. Primeiro, porque desde início de 2023 até agora, o salário mínimo subiu de 705 euros (valor no final de 2022) para 870 euros brutos (um aumento acumulado de 23% ou 165 euros).Depois, porque o salário mínimo abrande uma fatia bastante significativa de empregados por conta de outrem em Portugal: os últimos dados apontam para mais de 20% dos trabalhadores a ganhar o mínimo. Estaremos a falar de cerca de “um milhão de pessoas”, como já afirmou o primeiro-ministro, Luís Montenegro.Seja como for, o emprego tem batido sucessivos recordes, estando hoje em máximos de sempre, o mesmo acontecendo com o salário médio líquido apurado pelo INE.Segundo as séries obtidas pelo DN, no segundo trimestre deste ano, o ordenado em causa atingiu os 1.264 euros mensais, mais 7,3% do que em igual período do ano passado.Desde o final do programa de ajustamento da troika que as subidas deste indicador do salário líquido têm sido constantes, mas aceleraram com as medidas de alívio no IRS.No primeiro trimestre de 2024, aumentou 8%, no seguinte ganhou mais 9,5%, no terceiro trimestre do ano passado disparou mais de 10%, na reta final do ano passado mais de 12%.Emprego em máximosComo noticiou o DN esta semana que passou, o economia portuguesa criou mais de 148 mil postos de trabalho no segundo trimestre face a igual período de 2024, superando agora a marca recorde e histórica de quase 5,3 milhões de empregos, na sequência de um aumento de 2,9%, o maior desde a reta final da pandemia, quando a economia estava a recuperar da destruição dos confinamentos, mostram os dados revelados pelo INE.O impulso veio, essencialmente de duas grandes classes profissionais, sobretudo de uma que estará a ser ajudada pelo poderoso setor do turismo.Pelas contas do DN, o maior contributo procede do grupo “trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção e segurança e vendedores”, onde, diz o INE, estão “assistentes de viagem, comissários de bordo, guias turísticos, cozinheiros, empregados de mesa, empregados de bar, cabeleireiros, esteticistas, manicures”, mais vigilantes, porteiros, guardas, bombeiros, polícias e vendedores de toda a ordem. Só neste grupo, a criação de emprego chegou quase a 85 mil casos no ano que terminou em junho passado.O segundo maior impulso veio dos “especialistas das atividades intelectuais e científicas”, onde estão incluídos cientistas, engenheiros, professores, médicos, advogados, artistas (escritores, músicos, pintores) e consultores. O balanço feito pelo INE aponta para mais de 64,3 mil novos empregos, também segundo as contas do DN.Os dois somados dão mais 149 mil postos de trabalho, mais do que a criação líquida de emprego total a nível nacional.Ou seja, mais do que compensaram a destruição de empregos noutras profissões, como é o caso da perda de 17 mil postos no grupo “agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura, da pesca e da floresta”, de menos nove mil nos “representantes do poder legislativo e de órgãos executivos, dirigentes, diretores e gestores executivos” e da quebra de mais de sete mil empregos entre os operadores de máquinas e da montagem (mais ligados à construção civil e obras).