‘RAMageddon’: o custo invisível da IA que vai encarecer a tecnologia em 2026

‘RAMageddon’: o custo invisível da IA que vai encarecer a tecnologia em 2026

A produção de memórias desviada para servidores de IA está a provocar uma subida acentuada nos preços de DRAM e NAND, ameaçando o orçamento de quem procura adquirir novos computadores e smartphones.
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Quem planeia atualizar o seu equipamento informático ou adquirir um novo telemóvel no próximo ano enfrenta um cenário complicado. O mercado tecnológico atravessa o que diversos analistas e publicações especializadas já designam como “RAMageddon”. Os preços da memória RAM (DRAM) e do armazenamento (NAND) entraram numa trajetória ascendente no final de 2025, com as previsões a apontarem para um agravamento da situação durante o primeiro semestre de 2026. A culpa é da Inteligência Artificial.

Desta vez, ao contrário do que já aconteceu, a génese desta crise não reside na escassez de matérias-primas, mas sim numa mudança estrutural na produção dos gigantes dos semicondutores, como a Samsung, a SK Hynix e a Micron. Perante a explosão da IA Generativa, a procura por memórias de alta largura de banda (HBM), destinadas a centros de dados, tornou-se a prioridade absoluta. Estes componentes para servidores de IA oferecem margens de lucro substancialmente superiores às das memórias destinadas ao mercado de consumo.

Consequentemente, linhas de produção que anteriormente fabricavam módulos para computadores pessoais foram reconvertidas para satisfazer as encomendas de empresas como a Nvidia e a Google. A Micron, por exemplo, sinalizou o seu afastamento progressivo do mercado de consumo direto para se focar no setor empresarial. Esta redução deliberada da oferta de memórias convencionais fez com que o preço de módulos DDR5 registasse aumentos significativos no último trimestre de 2025.

A consequente inflação nos componentes terá um impacto direto e inevitável no preço final dos produtos. De acordo com dados das consultoras IDC e Counterpoint Research, estima-se que os computadores pessoais e portáteis possam sofrer um agravamento de preço entre 8% e 15% em 2026. No segmento dos smartphones, a subida média prevista fixa-se nos 7%.

O impacto será particularmente visível nos dispositivos de gama média e de entrada. Para evitar preços proibitivos, prevê-se que alguns fabricantes optem por reduzir a capacidade de memória nos seus modelos base, revertendo para configurações de 8GB de RAM em equipamentos onde os 12GB ou 16GB se estavam a tornar o padrão de mercado.

Especialistas do setor indicam que uma estabilização dos preços só deverá ocorrer em meados de 2027, coincidindo com a entrada em funcionamento de novas unidades de produção de semicondutores.

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