Pânico varreu Wall Street que vive pior sessão em cinco anos, um dia após Trump anunciar tarifas
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Pânico varreu Wall Street que vive pior sessão em cinco anos, um dia após Trump anunciar tarifas

A desvalorização das ações na sessão desta quinta-feira está estimada em milhares de milhões de dólares.
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Wall Street fechou esta quinta-feira em acentuada baixa, no dia seguinte a Donald Trump anunciar uma forte ofensiva comercial, que faz recear pela economia dos EUA, com o S&P500 e o Nasdaq a viverem as piores baixas em cinco anos.

Os resultados de sessão indicam que o índice seletivo Dow Jones Industrial Average perdeu 3,98%, o tecnológico Nasdaq caiu 5,97%, o pior desempenho desde março de 2020 e o alargado S&P500 recuou 4,84%, a perda maior desde junho de 2020.

A desvalorização das ações na sessão de hoje está estimada em milhares de milhões de dólares. 

A praça bolsista foi abalada pelas novas taxas alfandegárias apresentadas na quarta-feira por Trump, que causaram pânico na maior parte dos mercados.

Estes agravamentos pautais são particularmente pesados para os exportadores asiáticos e da União Europeia (UE), suscitando ameaças de represália que podem levar à asfixia das economias dos países visados, mas também da dos EUA.  

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A ofensiva da Casa Branca, sem paralelo desde os anos 1930, prevê taxas alfandegárias suplementares de 10% e majorações para alguns países: 20% para a UE, 34% para a China, 24% para o Japão e 31% para a Suíça.

"As taxas alfandegárias são mais elevadas e mais graves que previsto e vai ser preciso tempo para determinar os efeitos exatos, não apenas na economia, mas também sobre os lucros das empresas", comentou Tom Cahill, analista da Ventura Wealth Management, em declarações à AFP.

"O crescimento do lucro das empresas vai ser muito mais fraco do que Wall Street tinha previsto", considerou.

Trump apresentou as novas taxas como uma receita mágica capaz de reindustrializar o país, reequilibrar a balança comercial e apagar o défice comercial, ao contrário das análises da maior parte dos economistas, que antecipam consequências nefastas para a economia norte-americana.  

"A procura vai ser menos forte do que previsto, porque numerosos consumidores vão examinar as duas disponibilidades e tomarem decisões difíceis", considerou Cahill. "Os consumidores vão começar a poupar mais, desde logo porque estão cheios de dúvidas quanto ao futuro", previu.

"A Reserva Federal vai regressar à frente do palco e, se o desemprego aumentar e o crescimento económico enfraquecer, deve fazer reduções mais importantes" da sua taxa de juro do que as duas previstas até agora, desenvolveu Angelo Kourkafas, da Edward Jones.

Nos títulos, a maior parte teve fortes desvalorizações.

Primeira capitalização mundial, a Apple teve a pior sessão em cinco anos, ao recuar 9,25%, o que significou a perda de 300 mil milhões de dólares de capitalização bolsista,

Mas a Dell recuou 19,00%, a HP 14,74%, a Broadcom 10,51% e a Nvidia 7,81%.

Na indústria têxtil, com grande parte da produção feita na China e Vietname, com agravamento pautal de 34% e 46%, que soma às taxas existentes, as perdas foram exemplificadas por Gap (-20,38%), Ralph Lauren (-16,27%), Nike (-14,47%) e Lululemon.

"Se as taxas alfandegárias persistirem durante um período prolongado, penso que o mercado bolsista pode baixar de forma substancial", previu Cahill.

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