O preço do leite e dos produtos lácteos tem subido nos últimos meses, uma trajetória que pode manter-se em 2025 se o valor dos fatores de produção continuar a aumentar, apontou a Fenalac, esperando respostas da tutela.."Estas subidas têm a ver com a lei da oferta e da procura. Sazonalmente, é normal que taL aconteça, mas este ano está a haver esta correção em toda a fileira porque os fatores de produção também estão mais caros, nomeadamente os custos associados à energia, gasóleo e eletricidade", afirmou o presidente da Fenalac -- Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite, Idalino Leão, em declarações à Lusa..Para a Fenalac, o elo mais fraco da cadeia de produção é sempre o produtor, o primeiro a sentir o impacto do aumento dos fatores de produção..Assim, defende que é necessária previsibilidade e estabilidade para os três elos deste negócio -- produção, distribuição e consumidores -, tal como tem vindo a acontecer..Sem sustentabilidade económica, o abandono da atividade vai aumentar o que, consequentemente, põe em causa a soberania alimentar do país..Idalino Leão referiu ainda que este é "um momento importante para se tomarem decisões", tendo em conta que uma grande parte dos produtores está numa faixa etária elevada, sendo necessária uma renovação geracional, o que não acontece se o negócio não for rentável..Apesar de os valores que, atualmente, estão a ser pagos aos produtores estarem acima daquilo que se verificava há uns anos, existem Estados-membros e "outras geografias" que praticam valores superiores..Contudo, Idalino Leão reforçou ser importante existir um equilíbrio e unir esforços para que o setor e os seus trabalhadores tenham perspetiva de futuro.."Não gostaria que a distribuição fosse tentada a ceder a alguma oferta de leite mais barato que, neste momento, também é difícil", apontou..A Fenalac disse que os consumidores, que são decisivos nas escolhas do setor, continuam a "reagir de forma positiva" ao consumo de lácteos..Ainda assim, notou que o contexto geopolítico é complicado e que o setor leiteiro não é alheio a esta questão..Questionado sobre a possibilidade de os preços para o consumidor final voltarem a aumentar no próximo ano, Idalino Leão referiu que se os fatores de produção registarem aumentos significativos, o valor dos produtos também vai subir.."Espero e desejo que as nossas tutelas acautelem que todos os elos tenham as devidas seguranças para produzir bens seguros e saudáveis para todos, mas também que esteja assegurada a sua venda e aquisição por parte dos consumidores", acrescentou..O índice mundial de preço dos alimentos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) subiu em novembro de 2024 para o nível mais elevado desde abril de 2023, mais 0,5% do que em outubro..Segundo a agência, o índice de preços atingiu uma média de 127,5 pontos em novembro, mais 5,7% do que há um ano, mas ainda 20,4% abaixo do seu pico em março de 2022..O índice de preços dos produtos lácteos manteve uma trajetória ascendente e aumentou 0,6% em relação a outubro, uma tendência marcada pela "recuperação da procura mundial de importações de leite em pó gordo"..O aumento também se regista nos preços da manteiga, que atingiram um novo nível recorde num contexto de forte procura e de oferta escassa na Europa Ocidental, enquanto os preços do queijo aumentaram devido à disponibilidade limitada de produtos para exportação..O preço do leite comprado a produtores individuais do Continente atingiu em outubro (últimos dados) 0,458 euros por quilograma (kg), o valor mais alto desde janeiro, segundo dados do Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP)..Por sua vez, o queijo flamengo (à saída da fábrica) tocou, em novembro, o valor mais alto do ano, fixando-se em 687,18 euros por 100 quilogramas (kg)..Já o preço médio semanal da manteiga (à saída da fábrica) situou-se, em 25 de novembro, nos 711,13 euros por 100 kg, acima dos 682,15 euros contabilizados em 18 de novembro.