A maioria dos portugueses acredita que as medidas previstas no Orçamento do Estado para 2026 (OE2026) não serão suficientes para colocar o Governo no “bom caminho para o crescimento económico” e antecipam que daqui a um ano a economia nacional estará pior do que agora. Mas, ainda assim, estão confiantes de que a sua situação financeira pessoal será mais vantajosa daqui a um ano.As conclusões constam do barómetro Aximage/DN, cujo trabalho de campo se realizou entre 28 de novembro e 3 de dezembro, tendo, assim, início no dia seguinte à aprovação final global do OE2026, que incluiu 163 propostas de alteração à versão original e foi viabilizado com os votos favoráveis de PSD e CDS-PP e a abstenção do PS – os restantes partidos votaram contra. .Perante este diagnóstico, os portugueses foram desafiados a identificar qual deverá ser a prioridade do Governo para o próximo ano e, no topo, surge a redução de impostos, defendida por 31% dos inquiridos, seguida dos reforços nos apoios sociais (20%), em Defesa e Segurança (12%) e no investimento público (12%). Investimento e estímulo às empresas só recolhe preferência em 11% dos entrevistados, acima dos que acham prioritário que se continue a reduzir a dívida pública (9%) e de uma percentagem reduzida que acredita que o caminho para um bom desempenho económico passa pelo aumento de impostos (3%).A prioridade dada à redução de impostos é transversal em todas as regiões do país (embora no Norte esteja empatada – 28% – com o reforço dos apoios sociais), em todas as faixas etárias e em todos os escalões de rendimento.A redução de impostos é ainda a opção mais referida entre os inquiridos de todas as forças políticas (tendo em conta os que declararam o seu voto nas legislativas de maio de 2025), salientando-se os eleitores da Iniciativa Liberal como os que mas defendem esta medida (38%). Há apenas uma exceção à regra: quem votou na CDU prefere que se avance com o reforço dos apoios sociais. Ainda assim, como salvaguarda a Aximage, os resultados referentes a eleitores liberais e comunistas devem ser lidos a mero título indicativo dado o valor muito reduzido da base de inquiridos. Mulheres e jovens mais pessimistasO apuramento dos dados desta sondagem, cuja amostra consiste em 607 entrevistas efetivas e que tem uma margem de erro de aproximadamente 4%, aconteceu antes de a revista britânica The Economist ter apontado a economia portuguesa como a “melhor do ano” entre os 36 países mais ricos do mundo. E também antes da greve geral de 11 de dezembro, que juntou UGT e CGTP no protesto contra as alterações ao pacote laboral que o Governo de Luís Montenegro pretende implementar e que mereceu interpretações muito diferentes sobre a sua dimensão.As centrais sindicais falaram num “dia histórico”, em que “o país parou” (a CGTP estima que fizeram greve “mais de três milhões de trabalhadores”), enquanto que o Governo considerou que a adesão foi “inexpressiva”, entre os “0 a 10% nos setores privado e social” – “esta parece mais uma greve da Função Pública, parcial de alguns setores da Função Pública”, classificou o ministro da Presidência, António Leitão Amaro.Na ressaca da aprovação do OE2026, 47% dos inquiridos no barómetro responderam “Não” quando questionados se o Governo está no bom caminho para se assistir a um crescimento económico em 2026, enquanto 38% acreditam no sucesso da execução das políticas orçamentais. Entre os mais pessimistas destacam-se as mulheres (50%) e os cidadãos mais jovens, dos 18 aos 34 anos: 57% estão descrentes nas opções do Governo e apenas 31% veem traçado o já referido “bom caminho” para as contas nacionais. Sem surpresa, a maior fatia de confiança no Governo está entre os inquiridos que votaram na coligação AD nas legislativas de 2025 (68%), em contraponto com os eleitores do Bloco de Esquerda (84%). Em nenhum partido da oposição se verificam opiniões maioritariamente positivas para o Governo, sendo que, ainda assim, é entre os eleitores do Chega (segunda maior força política no Parlamento) que a percentagem de apoio é maior – 34%. Refira-se que as projeções do Governo para 2026 apontam um crescimento da economia de 2,3%, acima dos 2,2% que antecipam a Comissão Europeia, Banco de Portugal e a Organização para a OCDE – Cooperação e Desenvolvimento Económico, dos 2,1% previstos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e dos 1,8% anunciados pelo Conselho de Finanças Públicas (CFP).O país e a carteira daqui a um ano: o que esperar?Quando as perguntas do barómetro fixam um universo temporal de um ano, as opiniões dividem-se. A maioria dos inquiridos, 48%, acredita que a economia nacional estará pior (42%) ou muito pior (6%), enquanto que 45% confiam que estará melhor (42%) ou muito melhor (3%). Entre os mais otimistas, destaca-se o facto de a percentagem de eleitores do Chega (5%), do PS (3%) e da CDU (8%) que antecipam um cenário “muito melhor” é superior à dos que votaram na AD (1%) nas legislativas.Por outro lado, a maior parte dos portugueses (51%) acreditam que daqui por um ano estejam a viver uma situação financeira pessoal melhor (47%) ou muito melhor (4%) do que a atual, uma percentagem significativamente superior aos 40% que antecipam tempos de maior dificuldade nas carteiras, divididos entre um cenário pior (35%) ou muito pior (5%). É na Região Norte que a confiança é mais alta, na ordem dos 59%, uma tendência positiva que também se verifica na Área Metropolitana do Porto (50%), no Centro (52%) e no Sul e Ilhas (57%), em claro contraste com a Área Metropolitana de Lisboa onde 50% antecipam ter menos rendimento em dezembro de 2026 e somente 43% acham o contrário. Num zoom às faixas etárias, apenas um segmento (35-49 anos) tem uma perspetiva pessimista sobre as suas finanças pessoais (51%).Esta previsão a um ano surge na reta final de um 2025 em que a maioria dos inquiridos (51% contra 47%) admitiu não ter conseguido realizar algum tipo de poupança, principalmente mulheres (55%), cidadãos residentes na Zona Centro (54%) e na faixa etária dos 50-64 anos (52%). Só na Área Metropolitana do Porto é que a maioria dos inquiridos diz ter poupado (51%), assim como acontece entre os que têm rendimentos mais elevados (status C1 e A/B). Comparação negativa com os parceiros da EuropaA perceção que os portugueses têm da situação económica nacional e comparação com a de outros países europeus é muito diferente da leitura feita pela revista The Economist. São 54% os que consideram que estamos pior (42%) ou muito pior (12%) nesta fotografia dos parceiros europeus, contra apenas 18% dos que veem um melhor (15%) ou muito melhor (3%) desempenho e 27% que acham que a situação é igual. Neste campo de análise não há sequer divergências ideológicas, pois os eleitores de todas as forças políticas comparam negativamente Portugal com os outros países europeus. FICHA TÉCNICAObjetivo do Estudo: Sondagem de opinião realizada pela Aximage – Comunicação e Imagem Lda. para o DN sobre atualidade política e eleições presidenciais. Universo: Indivíduos maiores de 18 anos residentes em Portugal. Amostra: Amostragem por quotas, obtida a partir de uma matriz cruzando sexo, idade e região (NUTSII), a partir do universo conhecido, reequilibrada por género (2), grupo etário (4) e região (4). A amostra consiste em 607 entrevistas efetivas: 541 entrevistas CAWI e 66 entrevistas CATI; 292 homens e 315 mulheres; 136 entre os 18 e os 34 anos, 162 entre os 35 e os 49 anos, 158 entre os 50 e os 64 anos e 151 para os 65 e mais anos; Norte 216, Centro 132, Sul e Ilhas 85, Área Metropolitana de Lisboa 174.Técnica: Aplicação online – CAWI (Computer Assisted Web Interviewing) – de um questionário estruturado a um painel de indivíduos que preenchem as quotas pré-determinadas para os indivíduos com 18 ou mais anos; entrevistas telefónicas – metodologia CATI (Computer Assisted Telephone Interviewing) do mesmo questionário devidamente adaptado ao suporte utilizado, ao sub-universo utilizado pela AXIMAGE nos seus estudos políticos. O trabalho de campo decorreu entre 28 de novembro e 03 de dezembro de 2025. Taxa de resposta: 74,16%. Margem de erro: O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de + ou - 4,0%.Responsabilidade do estudo: Aximage – Comunicação e Imagem Lda., sob a direção técnica de Ana Carla Basílio..Barómetro DN/Aximage. Greve geral tem apoio maioritário dos portugueses. Sindicatos também com opinião favorável.Barómetro DN/Aximage. Com Gouveia e Melo em queda, é André Ventura quem lidera intenção de voto presidencial