O setor das Administrações Públicas registou um défice de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, divulgou esta segunda-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).."Considerando os valores trimestrais e não o ano acabado no trimestre, o saldo das AP [Administrações Públicas] no primeiro trimestre de 2024 atingiu -118,9 milhões de euros, correspondendo a -0,2% do PIB, o que compara com 1,1% no período homólogo", de acordo com as "Contas Nacionais Trimestrais por Setor Institucional" do INE..Face ao mesmo período do ano anterior, verificou-se um aumento de 7,3% da receita e de 11,0% da despesa..Em recentes declarações aos jornalistas, o ministro das Finanças, Miranda Sarmento, referiu que a estimativa do Governo continua a ser de, este ano e no próximo, "um excedente orçamental em torno de 0,2%-0,3% do PIB [Produto Interno Bruto]", que "era o que estava previsto inicialmente no Orçamento para 2024"..Miranda Sarmento assinalou que o excedente previsto é com base nas medidas aprovadas pelo Governo, mas admitiu ser necessário avaliar "que margem existe" para acomodar outras iniciativas do parlamento..Considerando o ano terminado no primeiro trimestre de 2024, o saldo das AP diminuiu 0,3 pontos percentuais, passando de uma capacidade líquida de financiamento de 1,2% do PIB no quarto trimestre de 2023 para uma capacidade de financiamento de 0,9%, em resultado de um aumento da despesa (2,3%) superior ao aumento da receita (1,5%)..Em termos trimestrais, e por componentes de despesa, registou-se um aumento de 11,1% da despesa corrente, em resultado do aumento dos encargos com prestações sociais (11,6%), das despesas com pessoal (9,6%), dos encargos com juros (9,7%), do consumo intermédio (4,1%), dos subsídios (103,4%) e da outra despesa corrente (6,7%)..Segundo o INE, o aumento dos subsídios "resulta essencialmente da alocação adicional de verbas ao Sistema Elétrico Nacional (SEN) para redução das tarifas de eletricidade"..A despesa corrente primária, que exclui os juros pagos, aumentou 11,2%, e a despesa de capital subiu 9,8%, em resultado do crescimento de 6,4% do investimento e de 19,7% da outra despesa de capital..De acordo com o INE, o crescimento de 7,1% da receita corrente traduz aumentos em todas as suas componentes: Os impostos sobre o rendimento e património, sobre a produção e importação, as contribuições sociais, as vendas e a outra receita corrente cresceram 6,4%, 6,1%, 9,7%, 3,5% e 6,0%, respetivamente..A receita de capital registou um aumento de 30,4%, "em consequência da maior utilização de fundos da União Europeia para financiamento de despesas de capital"..Os números hoje divulgados pelo INE são em contabilidade nacional, a que releva para as instituições europeias, e diferem dos dados da execução avançados pela Direção-Geral do Orçamento (DGO) - segundo a qual o Estado registou um défice de 259 milhões de euros até ao final do primeiro trimestre deste ano, o que já não acontecia desde 2022 - pelo facto de estes últimos serem apurados na ótica da contabilidade pública..Na prática, trata-se de duas abordagens diferentes de cálculo das contas públicas: a do INE baseia-se uma lógica de compromisso de receitas e de despesas, enquanto a da DGO tem em conta as entradas e saídas de dinheiro..Portugal fechou o ano de 2023 com um excedente de 1,2%, superando as previsões oficiais..Excedente de 3,2% do PIB no 1.º trimestre.A economia portuguesa, incluindo Administrações Públicas, famílias, empresas e bancos, registou um excedente de 3,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, mais 0,5 pontos percentuais do que no trimestre anterior.."A economia portuguesa registou uma capacidade de financiamento de 3,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2024, que representa um aumento de 0,5 pontos percentuais face ao trimestre anterior", refere o INE, referindo que "a melhoria do saldo da economia refletiu o aumento do excedente das famílias, que mais do que compensou a redução do excedente das AP [Administrações Públicas] e das Sociedades Financeiras"..O PIB nominal cresceu 1,5% face ao trimestre anterior e 8,6% comparativamente com o trimestre homólogo, "refletindo sobretudo o crescimento do respetivo deflator implícito"..O Rendimento Nacional Bruto (RNB) e o Rendimento Disponível Bruto (RDB) registaram ambos um aumento de 1,6% relativamente ao trimestre anterior e de 8,2% e 8,0%, respetivamente, face ao trimestre homólogo..O INE detalha que o aumento do RDB da economia no primeiro trimestre de 2024 foi superior ao crescimento de 1,2% da despesa de consumo final (que engloba as despesas de consumo final das famílias e das AP), "o que determinou um aumento de 3,2% da poupança bruta da economia"..Assim, no primeiro trimestre deste ano, a poupança bruta representou 21,3% do PIB (mais 0,4 pontos percentuais que no trimestre anterior e mais 1,8 pontos percentuais que no trimestre homólogo)..O aumento da poupança determinou a melhoria da capacidade de financiamento da economia em 0,5 pontos percentuais, de 2,7% para 3,2% do PIB no primeiro trimestre de 2024..No primeiro trimestre, a diminuição do saldo das AP foi o resultado de um aumento da despesa (2,3%) superior ao da receita (1,5%)..A necessidade de financiamento das Sociedades não Financeiras (SNF) manteve-se em 2,2% do PIB, enquanto a capacidade de financiamento das Sociedades Financeiras diminuiu 0,2 pontos percentuais para 2,3% do PIB..Quanto à capacidade de financiamento das famílias, "cresceu progressivamente desde o segundo trimestre de 2023, situando-se em 2,2% do PIB no primeiro trimestre de 2024, refletindo o aumento da poupança das famílias"..No primeiro trimestre de 2024, a poupança das famílias cresceu 24,6%, em resultado do aumento de 2,6% do rendimento disponível, superior ao crescimento de 1,1% do consumo privado.