Pedidos de patentes em Portugal sobem acima da média europeia e atingem recorde
É um novo recorde para a fileira da inovação no país. As empresas e inventores portugueses apresentaram , no ano passado, um máximo histórico de 347 pedidos de patentes à Organização Europeia de Patentes (OEP), o que representa um crescimento homólogo de 4,8%. Os números, divulgados esta terça-feira, dia 25, pelo Patent Index 2024, revelam que o país cresceu acima da média europeia num ano em que os pedidos dos Estados-membros da UE-27 recuaram 0,4%.
O número de pedidos realizados por inventores portugueses tem seguido uma trajetória ascendente nos últimos cinco anos. As solicitações dispararam 38,2% desde 2020, somando, no total do período, 1432 pedidos.
“Este crescimento positivo verifica-se porque há uma maior consciencialização por parte das entidades do sistema científico e tecnológico nacional para a importância das patentes, nomeadamente no que respeita à proteção de uma nova tecnologia que posteriormente se pretende que seja comercializada. As entidades nacionais têm hoje mais conhecimento sobre este ativo importante, que deve ser rentabilizado ao máximo, garantido igualmente a exclusividade de explorar uma determinada tecnologia por um período máximo de 20 anos”, explica ao DN Telmo Vilela, conselheiro principal da OEP.
Os dados animadores para o país não ficam por aqui. O relatório, que é um raio-X do estado da inovação e dos investimentos feitos em tecnologia na Europa, detalha ainda que Portugal é o país da UE com maior percentagem de pedidos de patentes com a nomeação de, pelo menos, uma mulher inventora e o segundo quando comparado com os 39 estados-membros da OEP, sendo ultra- passado apenas pela Macedónia do Norte: 48% dos pedidos de patentes apresentados por Portugal em 2024 indicam, pelo menos, uma mulher inventora. “É um dado extremamente positivo para o nosso país”, aponta Telmo Vilela.
A organização recebeu, a nível global, 200 mil pedidos, o que se traduz numa “estagnação”. Já os pedidos efetuados pelos 39 Estados-membros da OEP cresceram 0,3%, ultrapassando os 86 mil pedidos de patentes, impulsionado pela Suíça (+3,2%) e pelo Reino Unido (+3,1%).
No ranking global Portugal ocupa a 27.ª posição com um rácio de 33 patentes por milhão de habitantes. A Suíça mantém a liderança com 1112 pedidos por milhão de habitantes. O top-3 fica completo com a Suécia e Finlândia. Os Estados Unidos continuam a ser a principal origem de pedidos de patentes fora da Europa (24%), seguindo-se a Alemanha, o Japão, a China e a Coreia do Sul.
Mudança de perfil: empresas nacionais marcam posição
Numa análise aos setores requerentes, a tecnologia informática e a tecnologia médica continuam a liderar, com as fileiras das tecnologias médicas, produtos farmacêuticos e biotecnologia a registarem o maior número de pedidos. Em terceiro lugar surge o setor dos produtos farmacêuticos.
No topo da tabela figuram a NOS Inovação, a Altice Labs e a Universidade do Porto a apresentar o maior número de patentes junto da OEP. Em comparação com o ano anterior, a NOS Inovação mantém a liderança, a Universidade do Porto desce um lugar na lista dos principais requerentes, enquanto que a Altice Labs entra diretamente para o top-3.
Metade dos dez primeiros requerentes de patentes portugueses são ainda universidades ou centros de investigação, mas as empresas estão a ganhar terreno. “Anteriormente, eram tipicamente entidades do sistema científico e tecnológico nacional, isto é, institutos de I&D. Contudo, nos últimos anos começámos a assistir ao crescimento do número de empresas nacionais. Em 2023, por exemplo, na qualidade de principal requerente de patentes europeias tivemos a Feedzai. Este ano temos a NOS e um conjunto de outras empresas, o que significa que se está a diversificar um pouco”, enquadra o conselheiro da OEP. Para Telmo Vilela é “um aspeto muito positivo” o facto de as empresas nacionais e startups estarem a assumir peso no ranking.
Já numa leitura por regiões, o Norte mantém a liderança com uma fatia de 52% dos pedidos efetuados, num total de 179, valor que se traduz num aumento de 13,3%. Segue-se o Centro com uma expressão de 24,8% e um crescimento de 17,8%, e a região de Lisboa que representou 19,9% dos pedidos de patentes efetuados, uma diminuição de 4,2% face ao Patent Index 2023.