Numa conferência de imprensa para apresentar as novas rotas de verão da Ryanair, o CEO do grupo, Michael O’Leary, voltou a apontar baterias ao concessionário dos aeroportos, a ANA, e ao Governo, por ter decidido avançar para a construção do novo aeroporto de Lisboa em Alcochete. A Ryanair preferia, e tem defendido essa opção, que o Estado avançasse para o reforço de capacidade em Lisboa com a construção de um terminal no Montijo.“A ANA está a dizer ao Governo ‘já não conseguimos fazer nada com a Portela’ e que Alcochete vai ser muito difícil, vai demorar mais e ‘vai ser mais caro do que pensávamos’. E por isso dizem que precisam de aumentar os preços aos nossos clientes”, contextualizou O’Leary. E disparou: “É uma fraude [scam], mas é o que se espera de uma companhia francesa que gere monopólios aeroportuários”.O CEO do grupo falava da intenção da ANA - proposta ao Governo - de aumentar as taxas cobradas às companhias a partir do próximo ano para pagar a nova estrutura em Alcochete, com data prevista de abertura para entre 2040 e 2050, segundo O’Leary.“O que nós precisamos é de mais concorrência aqui - em Lisboa, Porto, Faro, Madeira - para conseguirmos crescimento. E não conseguiremos entregar crescimento num ambiente de restrição”, salientou o responsável, reiterando que o aeroporto Humberto Delgado está a ter a sua capacidade “artificialmente restringida” pelo Estado para proteger a TAP. Motivo? A privatização.“O Governo está a restringir a capacidade da Portela [Aeroporto Humberto Delgado], sobretudo para proteger a TAP, para maquilhar a TAP e a vender aos alemães, aos franceses ou à IAG, do Reino Unido”, acusou.A companhia irlandesa, no entanto, lança um desafio. Caso a capacidade de Lisboa seja aumentada - com slots atribuídos à companhia ou abrindo o Montijo às low cost, por exemplo - a Ryanair compromete-se a fazer crescer a sua atividade em Portugal em passageiros, em emprego e em aparelhos baseados nos aeroportos nacionais.Quanto a passageiros, a Ryanair diz que consegue “duplicar o tráfego de 13 milhões para 27 milhões de passageiros por ano até 2030”. Sobre o emprego, diz que criará “500 novos empregos para pilotos portugueses, tripulação de cabine e engenheiros” até ao final da década. E sobre novas aeronaves fala em “basear 16 novos aparelhos Boeing Max-10 nos seis aeroportos” em que a Ryanair opera em Portugal.Para o verão, a Ryanair anunciou a alocação de mais dois aviões em Portugal (Faro e Madeira) e quatro novas rotas. Assim, a frota passa a 29 aparelhos a operar de, e para, Portugal e 169 rotas.