Ouro do Banco de Portugal valorizou 9% em 2023

O Banco de Portugal (BdP) teve um resultado líquido nulo em 2023, após ter usado as provisões para cobrir um prejuízo operacional de 1054 milhões de euros. Em 2022 o banco central tinha registado um lucro de 297 milhões de euros. No entanto, as reservas de ouro mantiveram-se intactas e até aumentaram de valor. 

De acordo com o relatório do Conselho de Administração de 2023 divulgado esta quinta-feira, a quantidade de ouro detida pelo banco central manteve-se em 382,6 toneladas, mas valorizou-se em 9,3%, para 19 940 milhões de euros.

Na conferência de imprensa de apresentação das contas do BdP, o administrador Hélder Rosalino disse que o ouro, considerado um ativo de reserva, funciona como um buffer e que no final de abril deste ano “ainda se valorizou mais”. “O valor atual é de 26 mil milhões de euros. Portanto, temos neste momento uma valorização potencial do ouro, significa que há uma reserva de reavaliação, mas, naturalmente, o banco não tem qualquer intenção de fazer alienações de ouro”, garantiu.

Sobre a utilização de provisões para cobrir os prejuízos operacionais, o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, apontou que “as provisões que o banco tem são uma almofada muito significativa, criada ao longo do tempo, para fazer face, precisamente, a este momento, em que hoje nos encontramos”. 
Com a movimentação de 1054 milhões de euros, a Provisão para Riscos Gerais desceu, no final de 2023, para 2858 milhões de euros, onde não estão incluídas “outras reservas e capital que o banco tem, um valor próximo de dois mil milhões de euros”. Centeno defendeu que as provisões constituídas são suficientes para responder às projeções que podem ser feitas à luz da evolução das taxas de juro diretoras do Banco Central Europeu.