Opiniões "dissonantes" levam consórcio do TGV a propor duas pontes sobre o rio Douro
Pedro Correia / Global Imagens

Opiniões "dissonantes" levam consórcio do TGV a propor duas pontes sobre o rio Douro

AVAN Norte "assume integralmente os custos da construção das duas pontes no âmbito da empreitada", eliminando "o risco do prazo de construção sequencial dos dois tabuleiros".
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O consórcio AVAN Norte admite que "críticas e opiniões dissonantes" acerca da travessia rodoferroviária da linha de alta velocidade sobre o rio Douro levaram a propor duas pontes separadas com um custo semelhante, algo tornado público esta terça-feira, 21 de outubro.

"Em face do desenvolvimento dos estudos e também das variadas críticas e opiniões dissonantes por parte da opinião pública, em particular pela geometria incomum dos seus apoios principais (...), começou a equacionar-se outra possibilidade de executar o atravessamento do Douro", pode ler-se no Relatório de Conformidade Ambiental do Projeto de Execução (RECAPE) da linha de alta velocidade Porto - Oiã, em consulta pública até 11 de novembro.

No projeto inicialmente proposto para a ponte e aprovado pela Infraestruturas de Portugal (IP), estava uma travessia rodoferroviária que incluía um "tabuleiro inferior a passar entre as duas pernas das torres e o correspondente impacte paisagístico (com efeito, a muito maior largura exigida para o tabuleiro inferior que para o tabuleiro superior (23 m versus 14 m) e o afastamento altimétrico previsto para ambos os tabuleiros, não permitia a definição de geometrias mais elegantes para as referidas torres)".

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"A grande dimensão da implantação dos pilares desta solução poderia potenciar efeitos importantes de erosão na margem de Gaia, questão sensível identificada no parecer da APDL [Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo]", refere.

Em paralelo, "a condicionante de apenas ser possível iniciar a construção do tabuleiro inferior, depois de totalmente concluída a construção do tabuleiro superior, trouxe algumas reservas sobre as garantias de cumprimento dos prazos exigidos para a conclusão da empreitada", pode também ler-se no RECAPE.

De acordo com o consórcio, "os estudos desenvolvidos para a solução de duas pontes permitiram concluir que os custos associados à sua construção são muito idênticos aos avaliados para a ponte rodoferroviária", pelo que o agrupamento "assume integralmente os custos da construção das duas pontes no âmbito da empreitada", eliminando "o risco do prazo de construção sequencial dos dois tabuleiros, porque passa a ser possível a construção em paralelo dos mesmos".

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"Na solução de ponte única, são também patentes as dificuldades associadas à separação das competências e responsabilidades de exploração dos tabuleiros ferroviário e rodoviário, mas principalmente a afetação na operação ferroviária que um acidente ou reparação na ponte rodoviária poderia acarretar e vice-versa", defende ainda.

Revela ainda que esta solução "já foi submetida à apreciação das autarquias do Porto e de Vila Nova de Gaia, tendo merecido o acordo favorável, formalmente no caso da Câmara de Vila Nova de Gaia, ao seu desenvolvimento em detrimento da solução proposta no concurso".

A localização da estação de alta velocidade de Gaia em Santo Ovídio, com ligação às duas linhas de metro (Amarela e Rubi), e a solução de uma ponte rodoferroviária sobre o Douro estão previstas desde setembro de 2022, aquando da primeira apresentação do projeto da linha de alta velocidade.

A IP está a fazer uma "análise técnica e jurídica" da proposta do consórcio para a estação de Gaia de alta velocidade, confirmando ter recebido elementos fora do submetido no concurso público, incluindo o anteprojeto da estação "numa localização mais a sul do que a solução estudada pela IP em Santo Ovídio".

O Banco Europeu de Investimento (BEI) afirmou à Lusa em setembro que financiou a linha de alta velocidade, baseando-se na proposta que cumpre as especificações do concurso público, que a proposta inicialmente submetida pelo consórcio "reflete a profundidade e as especificações aprovadas durante o processo de concurso público e vertida na Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) do projeto", e que "qualquer alteração material ao projeto requereria uma revisão formal da parte dos credores e das autoridades relevantes".

O troço Porto-Oiã da linha de alta velocidade teve um financiamento do BEI de 875 milhões de euros, com o custo total do troço a ser de 1.661 milhões de euros.

Em 16 de abril, o Governo assegurou que "qualquer eventual alteração terá de ser plenamente salvaguardada do ponto de vista legal, estar em total concordância com os requisitos do caderno de encargos e assegurar o acordo dos municípios", referindo que a proposta inicial do consórcio "estava alinhada com o anteprojeto apresentado pela IP".

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