As primeiras reações dos principais partidos da oposição à proposta de Orçamento do Estado para 2026 (OE2026) foram mais positivas por parte do secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, do que do presidente do Chega, André Ventura, mas até à votação final global, agendada para 27 de novembro, algo poderá ser feito para a previsível aprovação do documento apresentado nesta quinta-feira pelo ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento.Clara desde o início da intervenção de Miranda Sarmento ficou a mensagem de que o Governo terá "margem estreita" nas negociações com a oposição, embora os 91 deputados dos partidos da AD sejam manifestamente insuficientes para a aprovação do OE2026, o que só será possível, no mínimo, com a abstenção do Chega (60) ou do PS (58).Apesar das críticas que os deputados socialistas fizeram ao documento, cuja apresentação foi antecipada para quinta-feira, José Luís Carneiro realçou que a proposta "correspondeu às exigências colocadas pelo PS", nomeadamente no que toca à retirada de temas polémicos, que serão tratados à parte, como a reforma laboral e a política fiscal e a imigração. E o secretário-geral assegurou que cumprirá o compromisso de contribuir para a estabilidade política, viabilizando o Orçamento do Estado, com a ressalva de que terá de ouvir os órgãos partidários na próxima semana.Apesar disso, no final da tarde desta quinta-feira, numa análise ao documento, divulgada na Assembleia da República, o deputado socialista António Mendonça Mendes teceu críticas à meta de crescimento económico prevista, acusando ainda o centro-direita de desperdiçar o excedente orçamental dos executivos socialistas.Por seu lado, André Ventura previu que os portugueses "não vão sentir qualquer alívio fiscal" e pronunciou-se contra o que disse ser uma "expectativa de aumento brutal na receita do imposto sobre os combustíveis", levantando a hipótese de estar em causa "uma manobra encapotada para aumentar impostos".Ainda assim, algumas das escolhas do Governo de Luís Montenegro vão ao encontro das prioridades políticas do Chega, nomeadamente no que toca ao investimento nas forças de segurança, aumentos nas pensões e redução do total de verbas destinadas ao rendimento social de inserção.Entre os partidos que apoiam o Governo subsiste a ideia de que o mais importante será que "os partidos da oposição manifestem sentido de Estado". Embora fique claro que a necessidade de executar as verbas do Programa de Recuperação e Resiliência "reduz significativamente" a margem de negociação, que não deverá exceder em muito os 200 milhões de euros. Até porque, para o líder parlamentar centrista Paulo Núncio, existe a convicção de que qualquer partido que crie uma crise política "será fortemente penalizado".